terça-feira, dezembro 23, 2008

Cego sonha?

“Quem já enxergou um dia sonha normalmente. Consegue formar imagens no sonho como quando enxergava. Mas pra mim, que nunca enxerguei, o sonho é como um programa de rádio. Minha mente trabalha com sons e sensações. Consigo sentir calor, frio, sabor, tudo durante o sonho.”

Zoom, último espetáculo do grupo de cadeirantes, deficientes auditivos e visuais da Oficina dos Menestréis. Infelizmente, a peça já saiu de cartaz, mas não deixe de acompanhar os próximos espetáculos em oficinadosmenestreis.com.br

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Chega de boas festas!


Ano passado a gente teve uma idéia: e se parássemos com essa história de todo ano desejar boas festas para os clientes e criássemos algo que lembrasse as pessoas, no final de cada ano, dos desejos que ela pretende realizar, como uma forma de pensamento positivo para o novo ano?

Dessa idéia nasceu o Natal dos Desejos Neotix, em que a gente pede que você não deseje boas festas, porque isso todo mundo faz todo ano e é um saco. Ao invés disso, faça com que seus desejos se realizem de fato. Anote-os em algum lugar visível e ande sempre com eles, saiba da prioridade que eles têm pra você e lute por eles.

Se você não quiser andar com os desejos escritos pra lá e pra cá, use a nossa árvore dos desejos. A gente lembra você todo ano até que os realize! A novidade este ano é que todos os que enviaram desejos no ano passado vão receber um e-mail perguntando se o desejo se realizou. Os realizados vão aparecer de uma forma diferente no site para todos os usuários.
Se você não usou nossa árvore o ano passado, pode enviar seu desejo agora mesmo e ser lembrado sobre os seus sonhos durante todo o ano, até que eles se realizem :)

Agora contamos com a sua ajuda esse ano para que nossa árvore EXPLODA de desejos.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

És fascinação, amor.

“Liszt”, era como ele a chamava nos primeiros anos de casamento. Uma homenagem ao pianista húngaro, já que Iracema tocava piano lindamente. Estudou o instrumento durante toda a juventude, apesar de nunca ter tido um em casa e, mesmo após o nascimento de seus três filhos, não parou de se dedicar às melodias que saíam daquelas teclas pesadas.

Com o tempo, Iracema acabou se afastando naturalmente de sua paixão. Começou a trabalhar como professora em sua cidade natal, Campinas, e não tinha mais tempo suficiente para se dedicar ao instrumento.

E aí o destino quis que sua neta herdasse o interesse pelo piano.

No final de 1995, um grande pacote colorido anunciava o sonho realizado: a menina ganhara um teclado de presente. Ainda viria a estudar apaixonadamente por seis anos, até se distanciar das teclas. Tomaram seus lugares outras teclas por aí.

Em uma manhã de domingo, tempos depois, Mariana se pegou limpando seu velho Casio, deixando-o prontinho para receber sua nova fonte de alimentação. Sentia que era o momento de retomar o costume de chegar em casa e descarregar toda a energia acumulada em belíssimas músicas.

Luz acesa, tudo funcionando como há sete anos, quando da última vez que foi ligado.
Resgatou seus antigos livros, com partituras que narravam diferentes fases de sua vida. De Carruagens de Fogo a Tempo Perdido, passando por Penny Lane, sinfonia 9 de Beethoven...

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Bom, mas o que realmente interessa nessa história toda é que, no último domingo, minha avó foi me visitar e, vendo que depois de tanto tempo o teclado estava armado, se adiantou para tocar “Fascinação”, sua maior especialidade.

E nada do que eu tocasse depois poderia ser tão bonito e emocionante.

terça-feira, novembro 25, 2008

Lágrimas no escuro

Até por volta de seus 15 anos, Adélia jamais tinha visto sua mãe chorar. Quando criança, achava que mãe não chorava mesmo, e que era algo normal. Até que, na segunda série, fez uma breve pesquisa entre seus colegas, que foram unânimes: sim, mãe chora também.

Pra falar a verdade, sua mãe sempre representou uma fortaleza inabalável. Nem a felicidade exacerbada, tampouco a tristeza, a afetavam profundamente. Era ela quem resolvia tudo, e pronto. Não podia se dar ao luxo de fraquejar.

Quando começou a entender melhor a vida, Adélia passou a encaixar os fatos. Sabia da infância difícil de sua mãe, tendo que dividir a atenção dos pais com seus 12 irmãos, começando cedo no trabalho na lavoura, e tudo o mais. Imaginou que, devido à criação, sua mãe tivesse construído um muro dentro de si, que impedia a entrada das emoções.
Já tinha ouvido falar de vários problemas resolvidos em divãs, e então resolveu propor à sua mãe uma terapia.

Meses se passaram, até que um dia, a mãe de Adélia chegou em casa com os olhos inchados, vermelhos, soluçava tal qual uma criança. Um pouco assustada, a menina correu para o quarto de seus pais para aguardá-la. Sabia que, naquela hora, a mãe iria procurar se afastar das pessoas. Não estava acostumada a se desequilibrar emocionalmente na frente de ninguém.

Mãe! O que foi? E a mãe aos prantos, sem saber o que dizer nem pra onde olhar. Se abraçaram. E o desabafo: filha, rompi uma barreira dentro de mim. Está doendo, mas me sinto mais leve!

A partir de então, a mãe de Adélia se tornou outra pessoa. Mais alegre, carinhosa, sensível. E se permitiu descobrir a dança. E a dança fez cócegas no seu coração, e ela passou a se apaixonar pela vida, a se gostar mais, a se sentir bonita de verdade.

Na volta de um grande encontro de dança no interior, chamou Adélia para contar as novidades. E ficaram horas papeando, rindo, como se tudo ao redor não tivesse a menor importância. Ao final da conversa, dentro da sua imensa humildade, a mãe agradeceu: filha, muito obrigada por me ouvir com tanto entusiasmo.

E foi a primeira vez que Adélia viu sua mãe chorar de alegria.

segunda-feira, novembro 17, 2008

O barquinho vai

Primeiro foram os apagões, que o deixavam desesperado durante tortuosos minutos até que recobrasse a visão. Aí veio o cateterismo, que resultou na cirurgia. Um sucesso, felizmente.

O clima no local já não era dos melhores - não vinha sendo, na verdade, nas últimas semanas ou até meses, quiçá anos. Os momentos bons e ruins se alternavam rapidamente, provocando uma confusão mental digna de quem adora se preocupar em excesso com as coisas.

As responsabilidades, paralelamente, aumentaram. E com elas, os problemas também. Falta de dedicação de algumas partes, dedicação exacerbada de outras... Nesse desequilíbrio, sofreram os mais sensíveis, sofrerão ainda, talvez, mas agora cientes de seu verdadeiro papel por ali. Mais maduros, a cada dia. Na marra.

Daí eu tirei férias de tudo isso e fui curtir dois dias infinitamente lindos e azuis na praia.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Neo-Neotix

A Neotix mudou MUITO nos últimos meses. O novo escritório ganhou mais mesas, mais funcionários e até uma nova - e corintianíssima - sócia. A empresa comprou um Wii, a Aninha comprou um R2D2 que projeta DVDs na parede, e isso tem gerado noites mais que divertidas ao pessoal.

Profissionalmente, a agência mudou muito também. Deixamos de ser uma "empresa que faz sites" e nos tornamos uma verdadeira agência interativa, com especialização em estratégias online, criação de campanhas, além de importantes parcerias com outras empresas.

Como a Humex, que promove formatos diferenciados de mídia (tela e chão interativos e até o divertido ad-walker), e a Real Media, com expertise em track-it - para os leigos, basicamente é inserir códigos que permitam rastrear o comportamento dos usuários na internet, verificando quais as páginas visitadas e o caminho percorrido por cada usuário depois de clicar em um banner... enfim, fornecer resultados reais das campanhas realizadas. Nas palavras de um cliente nosso, "colocar o sininho no pescoço dos bichanos".

Por essas e outras mudanças, o nosso site estava ultrapassado, recebíamos muitos contatos de pessoas interessadas nos serviços que oferecíamos lá atrás, mas que agora já não eram mais interessantes. Por isso, resolvemos substitui-lo temporariamente por um blog. Mudamos o formato, a linguagem e, principalmente, o conteúdo.

Agora todo mundo colabora, escrevemos sobre os assuntos mais recentes de tecnologia e, é claro, divulgamos tudo de mais legal que acontece por aqui. Se você se interessa por tecnologia, design ou ainda quer saber de todas as baboseiras que aprontamos, clique aqui.

domingo, outubro 26, 2008

Uma noite especial


Carlos foi meu chefe durante dois anos, quando trabalhei na Terroir. Divertido, era muito amigo das doze meninas que dividiam o escritório, o que garantia respeito mútuo.

Adriana era uma das minhas melhores amigas nesta época. Trabalhávamos juntas, nos ajudávamos nos estudos e voltávamos juntas todos os dias, de ônibus. Isso garantiu horas e horas de conversa no ponto de ônibus, bastante união e histórias hilárias pra contar.

Carlinhos e Drica fizeram parte do meu dia-a-dia em uma fase muito importante da vida: o início da vida profissional. Era só o segundo ano de faculdade, explodia a curiosidade para conhecer tudo e mais um pouco sobre a empresa, o mundo dos vinhos, a arte das vendas...

O fato é que, nesta época, fiz algumas amizades muito sinceras mas, com o passar do tempo e com a saída de muitas delas da empresa, acabamos nos afastando quase por completo. As desculpas da vida moderna: correria, trânsito... está tudo uma loucura!

Na noite do último dia 24, Drica e Carlinhos se casaram. A cerimônia foi um misto de emoções. Reencontrar as amigas que eram tão intensas durante aquele período, e sentir que, passe o tempo que for, aquela base que criamos lá atrás se mantém até hoje.

Ver os noivos, lindos, transbordando felicidade entre seus parentes e amigos. Minha amiga arrasando nos votos – de Dante Alighieri a Shakespeare em 20 segundos – e meu ex-chefe-amigo tremendo nas bases antes da entrada da sua noiva. Os filhos das minhas amigas, cada vez maiores e mais falantes... A constatação de que algumas coisas nunca mudam, mesmo.

Uma cerimônia diferente, com lambada no lugar de valsa, muita comida boa e um clima delicioso de reencontro. Ah, sim, regada a prosecco italiano.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Trancendence, 9 a 14 de julho (e o fim das férias)

Com Paulo Henrique Schneider (texto e fotos)

Após três anos de muita saudade e boas lembranças, os núcleos Solar Flares e Tranceformation se uniram para realizar a sexta edição da Trancendence, um dos principais festivais alternativos do Brasil.

Cerca de 4 mil pessoas (incluindo a produção e convidados) participaram do evento. Ônibus escolares foram utilizados para levar as pessoas do estacionamento/portaria até a entrada da festa (foto acima). O público tinha duas opções de camping: um deles ficava ao lado da pista alternativa e o outro, com maior volume de barracas, ficava próximo à Oca (chill out da festa).

Todos os campings estavam equipados com chuveiros e banheiros que contavam com equipes de limpeza 24 horas por dia. Próximo ao segundo camping, passava o belo rio Macaco (foto), que oferecia um banho refrescante e silencioso para aqueles que procuravam escapar do agito.

Um local que certamente recebeu uma atenção especial foi a Oca, uma construção circular de madeira e palha com uma abertura no centro, decorada com tecidos, painéis e uma grande borboleta mecânica que parecia ter vida própria. No centro, uma fogueira queimava durante as noites, trazendo uma atmosfera ainda mais especial.

Destaque para a tarde memorável em que tocou o trio Yagé, quando um grupo de artistas vestidas de azul realizava coreografias e convidava os participantes para a formação de uma grande roda no centro da oca (foto).

Com suas lojas coloridas, repletas de roupas e artesanato do Brasil e do mundo, a Feira Mix ficava entre a Oca e Pista Alternativa, que além da diversidade de produtos, contava com um guarda volumes eficiente, uma loja de conveniência e uma exposição em homenagem póstuma ao fotógrafo Carlos Levistrauss.

A consciência ambiental também estava presente neste “corredor artístico”. A organização disponibilizou o Espaço Fotossíntese, idealizado por um grupo de Uberlândia, em que era possível criar mandalas com sementes coloridas gratuitamente (foto à direita). Crianças e adultos se divertiram no espaço, onde também foram distribuídas sementes nativas para plantio.

Havia mais dois espaços culturais em pleno funcionamento no festival: o Espaço Hoffman de Artes Integradas, em que ocorreram diversas oficinas, e o Zen-Dô Multicultural, que durante o dia contava com atividades como pilates, meditação e palestras, e à noite oferecia mostra de filmes.

A Pista Alternativa possuía um design diferenciado, com uma grande lycra branca instalada em formato de serpente, e as inusitadas árvores prateadas (foto à esquerda), que contavam com uma decoração magnética interativa – ímãs permitiam que se mudassem alguns elementos de lugar.

O espaço foi dedicado a vertentes do house, techno e electro. Por ser uma experiência inédita em uma Trancendence, a pista não funcionou o tempo todo e em poucos momentos ficou “lotada”.

Após uma subida, avistavam-se os enormes leques feitos com bambu e estopa do Main Floor, que formavam um círculo perfeito. A arquitetura oferecia bastante sombra e espaço para dançar, além de um palco central no formato de uma estrela em que foram vistas performances artísticas incríveis, que mesclaram artes cênicas e circenses (fotos).

No local, esteve presente o bom trance psicodélico em suas mais variadas vertentes, do progressive ao dark. Foi feito um bom trabalho por parte tanto dos artistas quanto da equipe de som – foram raros os problemas técnicos – e as apresentações reuniram, sem dúvida, um dos melhores line ups do ano.

Assim como em 2005, neste ano o evento foi alvo de mais uma ação da Polícia Civil de Goiás. Surpresa para alguns, previsível para outros, o fato gerou um clima de tensão entre os participantes e houve uma série de “enquadros” nas pistas de dança e campings. Houve relatos de muitas pessoas que haviam sido indiciadas como usuários de drogas.

Mesmo com esta repressão, sem dúvida a Trancendence será lembrada como uma celebração respeitosa, bonita e integrada de forma harmônica ao cerrado. Quase não se via lixo no chão (com exceção das bitucas de cigarro) e os resíduos produzidos foram devidamente separados para reciclagem. Sem dúvida, uma experiência memorável.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Fazenda São Bento, 5 de julho, 9 horas da manhã.

Acordei às 6h30 e saí de pijama mesmo pela rua da pousada, como vinha fazendo todos os dias. Quase não passa gente ali naquela hora e, se passar, ninguém vai se preocupar se você está de meias com chinelo ou descabelada. Fiquei um tempo ali, parada, sentindo os primeiros raios do sol e a brisa fresquinha da manhã.

Foi quando escutei o barulho característico dos tucanos, um “croc-croc” que jamais vou conseguir narrar por aqui. No alto de uma árvore, avistei o bico grande e amarelo de um tucano solitário. E olha que é difícil encontrar um tucano sozinho: eles geralmente andam em casais.

Aproximei-me devagarzinho até ficar bem em frente à árvore. E ele desfilou sua beleza pra mim durante alguns minutos, dos mais lindos da minha vida.

Café-da-manhã tomado, fomos ao passeio pela Fazenda São Bento, onde se encontram as cachoeiras de Almécegas I e II. Mas, antes, uma parada no ninho das araras. Será que dessa vez seria possível vê-las?

Não demorou muito para que elas notassem a nossa presença e começassem um verdadeiro show de “aeromodelismo”. Eram cinco, azuis na parte de trás e amarelas no peito, e pareciam querer esquentar suas asas ao sol enquanto se exibiam pra nós.

Voavam em duas, e sempre ficava uma tomando conta de um dos filhotes que parecia ainda não ter coragem o suficiente pra encarar o vôo. Gritavam muito, um barato! Não consegui sair de lá até que todas alçassem vôo em busca de alimento, inclusive o filhote medroso, que depois de muito custo deixou seu lugarzinho no tronco do velho buriti e rasgou o céu ao lado de seus pais.

Lindo, lindo. Emocionante, inesquecível. O sol batendo e elas voando, rodando, bem acima das nossas cabeças.

Um dia que começa assim não tem como ser ruim, né? Seguimos pela estrada até a entrada da fazenda. Atualmente, há uma tiroleza neste local, são 850m de comprimento com uma vista linda da chapada, mas preferimos ficar só (só??) nas quedas, mesmo.

Almécegas I é de longe a cachoeira mais gelada em que já estive. O sol bate ali durante poucas horas do dia, o que, juntamente com a vegetação que cresce entre as pedras, dá um ar selvagem ao local (foto à esquerda). Paulo pulou de uma altura de 12 metros, eu não tive coragem. Depois de gelar a alma, partimos para Almécegas II, uma bela queda com um poço bom de nadar.

Lá, sim, eu saltei, de mais ou menos 6 metros de altura. Que frio na barriga! Nadamos por lá bastante tempo, até resolvermos finalizar com a última parada do dia: São Bento (foto à direita), uma enorme queda que desemboca em um gigantesco poço, onde inclusive ocorrem as etapas brasileiras do mundial de pólo aquático. “É um barato, gente do mundo todo acampando aqui em volta, jogando nessa água gelada”, escutamos por lá.

Por falar em gente do mundo todo, quando entramos n’água avistamos um grupo de mais ou menos 40 indianos (não estou brincando), dentre crianças, homens e mulheres. Uma situação totalmente non-sense, todos vestidos com panos, vestidos e muitos, muitos acessórios. Anéis no pé, pulseiras, brincos... É bonito de ver o quanto são vaidosos. Os homens tiraram as camisas e entraram com as crianças na água. As esposas preferiram molhar só os pés e ficar conversando.

Saímos da água e passamos entre eles, nas pedras, sem entender uma palavra do que diziam, tampouco de onde haviam saído. Coisas que você só vai ver na Chapada dos Veadeiros.

Fotos: PH Schneider

sexta-feira, outubro 03, 2008

Parque Nacional, 4 de julho, 8 horas da manhã.

Até por volta de 1950, a região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros era tomada por buracos feitos por garimpeiros em busca de cristais. Com a chegada de Juscelino Kubitschek ao poder, o local tornou-se parque nacional e os buracos foram desativados.

Desde então, os garimpeiros tornaram-se guias turísticos, e formaram a comunidade de São Jorge, vizinha a Alto Paraíso. Hoje, o parque serve de modelo para os outros tantos do Brasil, e estudiosos do mundo todo viajam até lá para conhecer a organização do lugar e também, é claro, para explorar as belezas naturais.

Para desbravar o parque, existem duas trilhas: Saltos e Cânions, com três quedas cada uma. Só se pode escolher uma trilha por dia, já que não se pode ficar no local depois das 17 horas. Também não é possível entrar depois do meio-dia (não dá tempo de fazer a trilha inteira).

Há um número limite de pessoas em cada trilha, e só é permitido fazer quaisquer dos passeios acompanhado por um guia credenciado. Por isso, fomos ao Centro de Atendimento ao Turismo buscar algum guia que tivesse um requisito: caber na cabine estendida do carro. A funcionária nos passou o contato de Hananda, uma menina pequena o suficiente para caber na parte de trás, e esperta o bastante para nos conduzir pela Trilha dos Cânions, a escolhida para aquele dia. Só pra variar, não havia uma nuvem no céu.

Percorremos a espetacular trilha sobre cristais de quartzo branco. Toda a extensão da trilha é forrada por cristais, lindo de se ver. Dizem até que, se olhar uma foto de satélite ali da região, aquele lugar emana uma luz branca lindíssima. Passamos por diversos buracos de garimpo desativados, e por plantas que jamais imaginei conhecer (como essa plantinha carnívora aí do lado).

“O cerrado corresponde a 33% da biodiversidade brasileira”, dizia a placa. E logo em seguida, fomos apresentados a uma espécie de árvore super interessante, da qual infelizmente não lembro o nome. Dela nasce uma frutinha saborosa, mas que se você comer demais causa dor no estômago. Mas não se preocupe: das folhas dessa mesma árvore, faz-se um chá que, curiosamente, é tiro-e-queda para dor de estômago. Pode essa natureza ser mais perfeita?

Passamos também por pedras com uns líquens coloridos: roxo, cor-de-laranja, amarelo (veja foto)... da primeira vez que eu vi, cheguei até a pensar que poderia ser algum tipo de vandalismo, porque as cores eram tão fortes que parecia tinta. Hananda explicou que esses líquens só nascem em locais em que o ar é extremamente puro. Oba, virou regra: toda vez que passava por uma pedra daquelas, respirava fundo...

A primeira queda a que se chega é a Cachoeira das Carioquinhas (foto). Diz a lenda que duas cariocas desbravavam a região quando encontraram esta belíssima queda. E assim ficou o nome. Um mergulho gelado e delicioso, alguns minutos de descanso, e seguimos o passeio até chegar ao Cânion 2.

Era uma grande piscina natural, com duas plataformas para quem se arriscasse a pular (eu pulei das duas – frio na barriga master hehe) e um corredor ladeado por paredões de água que, nessa época da seca, dá pra nadar e ver de baixo, tranquilamente. Fiquei boiando naquela água e pensando no privilégio que é poder fazer pelo menos uma viagem desta por ano.

E seguimos para a terceira e última parada: Cânion 1. Este fica fechado na época das chuvas, mas neste período dá pra sentar na parte de cima e ficar admirando os paredões. Neste último, não há jeito de mergulhar, só de contemplar (foto).

Importante lembrar que cada parada dentro do parque possui dois bombeiros, o que reforça a sensação de segurança e de organização. Ah, sim! E paga-se a simbólica taxa de R$ 3,00 para entrar, além da diária do guia, fixada em R$ 60,00.

Felizes e cansados, chegamos novamente à entrada do parque. Já na volta, conversando com Hananda, demonstramos nossa vontade de ver araras. Então, ela nos contou sobre um casal de araras que se alojou em uns troncos mortos de buriti para ter seus filhotes, e tiveram três mas, em vez de seguir caminho, elas se estabeleceram ali, e de lá não saíram. Passamos em frente, paramos o carro (era bem próximo à estrada), mas nada delas.

Não desistimos. Passaríamos em frente todos os dias, até conseguir vê-las. Mal sabíamos nós das espetaculares surpresas do dia seguinte.

Fotos: PH Schneider

quinta-feira, outubro 02, 2008

Get back to where you once belonged

Mais de um mês sem escrever por aqui. Desculpa, amigo leitor. Se é que ainda tem alguém que passe por aqui, depois de acessar tantas vezes e dar de cara com o mesmo texto. Eu mesma faço muito isso: se acesso um blog durante alguns dias, e não encontro atualização periódica, ele vai aos poucos caindo no esquecimento.



As coisas não têm sido muito fáceis, em quase todos os aspectos em que se pode ter dificuldade na vida. Mas agora (espero) tudo vai ficar menos difícil – já está um pouco, eu diria – e prometo nunca mais demorar tanto para postar. Prometo!

O cúmulo da falta de tempo é aproveitar alguns momentos e traçar, à mão, os três últimos textos sobre as férias – ah! As férias, agora tão distantes – e não conseguir sequer digitá-los, ou chegar em casa tão saturada de olhar para um computador, que aquela máquina do lado da cama causa repulsa.

Ou ainda, o cúmulo da falta de tempo é aproveitar um momento na reunião com o cliente em que ninguém está prestando atenção em você, para rabiscar um pedido público de desculpas aos seus leitores, que é o que eu faço neste exato momento.

Espero sinceramente que vocês não tenham se esquecido deste humilde blog.

domingo, agosto 24, 2008

Vale da Lua, 3 de julho, 9 horas da manhã.



Walking on the moon...

Prepare-se para conhecer um dos lugares mais lindos da sua vida.

Sempre que eu comentava sobre a viagem com alguém que já conhecesse a Chapada dos Veadeiros, a pessoa falava: “não deixe de conhecer o Vale da Lua, é um lugar único”. Por isso, não quis perder a oportunidade e, logo no segundo dia de passeio, resolvemos ir pra lá.

Fica a poucos quilômetros do centro de Alto Paraíso, você pega a estrada e logo vê a placa: Vale da Lua – 4 km. Uma estradinha de terra adentrando o cerrado, e estacionamos ao lado da casa de Paulo Roberto, o simpático dono da propriedade. Ele contou que o Vale da Lua era de seu pai, falecido recentemente, e agora era ele quem cuidava de tudo por lá.

Cobrou a simbólica taxa de R$ 5,00 por pessoa, e indicou: “caso queiram ficar mais à vontade, sigam pela esquerda depois da bifurcação. As pessoas costumam ir à direita e já chegam direto no último poço, mas se vocês forem à esquerda conhecerão os outros dois poços”.

E foi o que fizemos. Seguimos por uma breve trilha até avistarmos o início de uma formação rochosa simplesmente espetacular. Dizem que, há bilhões e bilhões de anos, por ali havia um vulcão, e o magma endurecido resultou naquele tipo de rocha. Com o passar dos anos, as águas que começaram a correr por ali moldaram a rocha, e o resultado vocês podem ver nas belas fotos tiradas pelo PH! :)

Eram três poços – para variar, geladíssimos. Você andava pelas pedras (vez ou outra encontrava pedaços de cristais incrustados, como na foto ao lado), e aos poucos ouvia o barulho da água que passava lá em baixo. Chegamos ao primeiro poço e arriscamos um breve mergulho (até porque, estávamos a sós por lá, e poderíamos gritar à vontade caso a água gelasse a alma, como de costume).

Mais uma breve caminhada pelas rochas exóticas, e outro poço de água verdinha e transparente. Este, com uma particularidade: havia uma passagem que levava a uma queda pequena, mas maravilhosa. Fomos até lá, e, desbravando tudo, descobrimos uma galeria silenciosa através de um buraco na rocha. Não tivemos coragem de entrar, porque cada piscina natural que encontrávamos possuía uma aranha como zeladora, e o tamanho da piscina era proporcional ao de sua guardiã! Já pensou?

Extasiados, chegamos ao último poço, este sim, com algumas pessoas se banhando. Saltamos de um ponto não muito alto (cerca de 4 metros), e pudemos aproveitar muito as belezas daquele lugar.

Como o passeio não tomou o dia todo, ainda conseguimos finalizar a tarde na cachoeira Morada do Sol, que inclui o passeio para o Vale das Andorinhas – um cânion lindíssimo – de onde vimos o sol se pôr na Chapada.

domingo, agosto 03, 2008

Alto Paraíso de Goiás, 2 de julho, meio-dia.

Após duas horas e meia adentrando o cerrado brasileiro pela GO-118, avistamos os portais de pedra mineira que anunciavam a chegada à pequena e charmosa cidade de Alto Paraíso de Goiás. Alto, para os íntimos.

A avenida principal concentra grande parte dos serviços do local: o eficiente CAT (Centro de Atendimento ao Turismo), diversos restaurantes, bares e lojas de artesanato e cristais nativos com artigos de se apaixonar.

Estacionamos o carro em frente à Pousada Alfa & Ômega por volta do meio-dia, e fomos recepcionados por Luís Paulo, o dono de lá, e por seu cachorro, da raça American Indian (parece um lobo, porém muito dócil).

Luís chamou Melissa, que nos levou ao quarto Rubi. Assim como todos os outros, ficava em bangalôs com cristais na ponta, entre as árvores. Com o objetivo de aproveitar a tarde para fazer algum passeio, corremos para retirar os muitos quilos de bagagem que nos acompanhavam e partimos para tomar um lanche.

Mel nos indicou o Barracão 3, lanchonete que fica em frente à Rodoviária. Ficamos assustados com o tamanho do sanduíche, e principalmente com seu sabor. Peito de peru com mussarela derretida, pasta de azeitona e alface na ciabatta. Perfeito.

Ainda dava tempo de visitar o ponto mais próximo da cidade, a Cachoeira das Loquinhas. “Vão tomar banho de esmeralda”, é como dizem por lá. E pude ver que era verdade assim que chegamos ao Poço do Curumim, primeiro dos sete de água cristalina e muito gelada que viriam pela frente.

A trilha das Loquinhas é apropriada para crianças e pessoas de idade: toda de madeira, com escadas e plaquinhas indicativas que levam às quedas. Um verdadeiro “resort adventure”.

O momento mágico da tarde ficou por conta do poço da Xamã (foto) que, devido ao sol fortíssimo, tinha água morna na superfície. Ah sim, e o principal: em todos os poços, não havia mais ninguém. Sabe o que é conseguir ficar em absoluto silêncio e escutar só os barulhos da natureza? Mais sossego impossível.

Com a sensação de energia renovada que só a água corrente traz, finalizamos o dia no tradicional restaurante Massas da Mamma. É pedir pra cair na cama e desmaiar!

sábado, agosto 02, 2008

Brasília, 1 de julho, nove horas da noite.

Era apenas o primeiro dia das férias, e eu já havia passado por várias cidades até parar na capital do país. À noite, fomos visitar Pedro, um médico recém-formado que, assim como todos os colegas de sua classe, foi chamado para trabalhar no exército. "Eles estavam precisando de gente lá. O trabalho é cansativo, mas eu não acho ruim porque paga-se bem."

Por sinal, a impressão que se tem é que - com algumas exceções - ganha-se muito bem em Brasília. Os apartamentos (como a Joyce citou em comentário no post anterior) são caros, mas ao mesmo tempo amplos, e é fundamental ter carro para se locomover pela cidade. O transporte público é fraco.

O restaurante japonês foi a feliz escolha para matar a fome. Chamava-se Nipon e oferecia um farto rodízio com direito a camarões grelhados e todo tipo de peixe. O suficiente para que o cansaço do dia caísse de vez sobre nossas costas. Fica na SCLS 403, bloco A, loja 28. Não me peça pra explicar o caminho. Tel: (61) 3224-0430.

Pedro foi muito gente boa e ainda nos levou para dar uma volta pela cidade. Foi muito interessante ter finalmente um contato visual com aqueles famosos monumentos, passar pelos ministérios, o Itamaraty, a lindíssima Catedral de Brasília e até a ponte Juscelino Kubitchek, que você vê na bela foto acima de Juca Filho.

De um modo geral, achei as pessoas inteligentes e politizadas, a cidade organizada e limpa. Fui dormir pensando que Brasília é uma enorme exposição a céu aberto. E era apenas o primeiro dia das férias.

segunda-feira, julho 28, 2008

São Paulo, 1 de julho, 4 horas da manhã.

Caçamba cheia, estrada vazia. Plena terça-feira, início de férias, vontade de respirar novos ares, de simplesmente parar para respirar sem pensar em nada.

A Anhanguera é uma reta só, do início ao fim. Estrada gostosa de dirigir, você anda, anda, e não vê o fim, só o horizonte largo. Às vezes é assim mesmo: a gente anda e não consegue nem quer ver aonde vai parar. E as horas passam, e as paisagens passam.

E o sol nasceu lá pros lados do interior, e eu lembrei da menina dos textos bonitos que disse uma vez que os primeiros raios de sol escapando pelas nuvens eram parte de Deus, e senti Deus se manifestando por entre as montanhas.

De reta em reta, cruzamos o Estado e, com o fim de São Paulo, terminaram também os resquícios de cinza e os pedágios. Minas passou rápido: percorremos o triângulo mineiro em poucas horas, quando atingimos a divisa com Goiás.

Doze horas de viagem, avistei a capital do país. Muito prazer, senhor céu azul. Meu nome é Mariana e estou feliz em estar aqui. Logo ao entrar na cidade, duas placas me chamaram a atenção:

“Senhores visitantes: em Brasília, os pedestres são respeitados.”

“Senhores visitantes: procurem não buzinar.”

Pouco depois, o carro na minha frente para: uma garota estava passando. Não havia farol nem nada além da educação do rapaz. Fiquei pasma, era verdade. Os pedestres são respeitados.

Confesso que achei que a cidade fosse mais bonita. Não estou falando dos monumentos e cenários de Niemeyer que só tinha visto no Jornal Nacional até então, mas da vista da cidade como um todo. Não sei explicar.

É fato que é organizada, chega-se a qualquer lugar pegando o “eixão” ou o “eixinho” – fazendo a tal da tesoura –, e qualquer um que esteja familiarizado com a disposição das ruas encontra facilmente um endereço sem nenhuma indicação.

No Plano Piloto os prédios não têm mais de 6 andares, todos com o mesmo estilo arquitetônico. Eles têm cara de prédio antigo, todos. Taí uma característica de São Paulo à qual me acostumei. No alto de seus 454 anos, os prédios são modernos, espelhados, enquanto que desde a década de 50, quando da fundação de Brasília, parece que a paisagem da cidade não mudou muito.

Mas não se pode negar o conforto das avenidas largas e do trânsito organizado mesmo com grande volume de carros.

Instalados, resolvemos descansar. À noite, um passeio pelos principais pontos turísticos revelaria mais belezas e novas experiências.

segunda-feira, junho 30, 2008

Au revoir

Este blog estará em recesso até o dia 15 de julho. Fiquem tranqüilos, eu não estou indo para uma clínica de tratamento para depressivos hehe... Apesar dos posts, meus últimos dias não têm sido assim tão ruins, veja só:

Fui assistir Miss Saigon! Os atores cantam, dançam e interpretam maravilhosamente bem, o cenário é lindo, cheio de luzes e efeitos visuais (com direito a fogos de artifício dentro do teatro e projeção perfeita de um helicóptero)... no começo, pra quem não está acostumado a musicais, é um pouco estranho ouvir os atores dando “bom dia” de forma cantada. É até engraçado. Mas você acaba se envolvendo de tal forma com a história dos personagens, que no fim a emoção rola solta de verdade.

Ajudei a idealizar a festa junina mais engraçada em que já estive. Com direito a mesa de guloseimas, fogueira, quadrilha, bandeirinhas (muitas bandeirinhas!) e tudo o mais, só que totalmente exclusiva, entre amigos. Diversão do início ao fim, com o túnel que terminava no fogo, a dança do quadrado coletiva e a despedida do querido Matheuzinho.

Estive também em Jaú, paraíso dos calçados. A viagem é cansativa, são quase 400 km de São Paulo, mas pra quem estava quase zerada de sapatos (meu caso), é uma oportunidade e tanto. São três principais shoppings só de calçados, e batendo muita perna é possível encontrar preços excelentes. Bota de couro cano alto a R$ 95,00 e sapato de salto em couro por R$ 30,00 foram as melhores aquisições.

A partir de amanhã, me encontre em alguma das muitas cachoeiras do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Tipo essa aí da foto. Fui!

sexta-feira, junho 20, 2008

É cada uma...

A Neotix informa que não teve interesse neste serviço, mas, caso a sua empresa tenha, não hesite em entrar em contato com este rapaz.

De: Website - Neotix [mailto:samuelelias01@yahoo.com.br]
Enviada em: quinta-feira, 19 de junho de 2008 15:01
Para: Contato
Assunto: Contato

Nome: Samuel Elias

Telefone: 31 88910352
Área: Outros
E-mail: samuelelias01@yahoo.com.br
Mensagem: Me chamo samuel, solteiro, 28 anos, com perfeita saude física e mental, NÃO TENHO NENHUMA TATUAGEM, e me proponho a fazer uma tatuagem com a logomarca de sua empresa e permitir o uso da minha imagem, por periodo e valor a combinar contratualmente. Aguardo resposta, uma vez que, não havendo interesse por parte dessa empresa, pretendo fazer proposta identica a outras empresas. Grato Samuel 8891-0352

Perfeita saúde física e mental? Ah, tá.

quinta-feira, junho 19, 2008

Guarde esta fachada para nunca entrar neste local

Sendo este um espaço democrático, e tendo eu indicado o estabelecimento há poucos dias (mais precisamente, há três posts), sinto-me na obrigação de alertar os meus leitores sobre o mau atendimento do Tortula, padaria-mercadinho-pizzaria-cervejaria no Brooklin.

Estive lá na noite passada, para comemoração do aniversário de um amigo e, por não ter jantado, pedi um sanduíche (já citado) de salmão, chamado Oslo. Depois de quase meia hora, solicitei ao garçom que verificasse se o sanduíche já estava vindo, visto que não era possível demorar tanto pra montar umas fatias de salmão numa ciabatta com cream chease e alface roxa.

Depois de consultar a cozinha, o garçom (de nome Michel – guarde este nome, foi o pior garçom que já me atendeu na vida) retornou, com a cara mais lavada desse mundo, dizendo que não tinha salmão.

Indignada, perguntei se ele tinha esquecido de anotar o pedido, pois só depois de ter cobrado o sanduíche, ele me avisara disso. Ironicamente, ele respondeu: “eles estavam procurando lá dentro”. Como se demorasse meia hora para alguém descobrir se tem salmão ou não! Achei aquilo um desrespeito enorme, mas, com muita fome, preferi pedir que ele trouxesse então o cardápio, para que eu pudesse fazer outro pedido.

E ele voltou, com o cardápio DE CERVEJAS. Porque lá são duas opções de cardápio: de cervejas e de comida. E o idiota, além de não ter anotado o meu pedido, não teve sequer o cuidado de prestar atenção ao cardápio que ia me levar. Fui até ele, mas como não sou de barraco, só falei um tom mais alto: “VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA COMIGO, NÉ??”

Depois de muito desgaste, pedi um hambúrguer com catupiry. Depois de um tempo, chega o sanduíche, GELADO, hambúrguer CRU. De tanta fome, preferi comer mesmo assim. E ainda me fez mal.

Me senti absurdamente desrespeitada neste estabelecimento. Não foi a primeira vez que fui lá, mas com toda certeza foi a última.

terça-feira, junho 17, 2008

Sobre como minha segunda-feira se tornou um dia difícil

Segunda-feira já é um dia estranho... na maioria das vezes, você não descansou o suficiente no final de semana, pelo contrário! Você aproveita os momentos de folga pra encontrar os amigos, tomar umas cervejas, e acaba ficando mais cansado ainda pra começar a semana.

Aí você acorda com o despertador tocando às 06h30, e se lembra que era pra ter ajustado pras 06h10, pra dar tempo de fazer as coisas com calma. Mesmo assim, resolve adiar o martírio por mais 5 minutos.

Antes dos 2 minutos de sono extra, você se lembra que tinha retorno no ortopedista. Como foi esquecer? Bom, então você dá um pulo da cama e corre pra se arrumar... tem que ser alguma roupa confortável, afinal, você tem uma maratona pela frente, porém tem que estar arrumada, pois tem reunião no cliente de tarde.

Você chega no hospital e pega o resultado da ressonância que fez. Diagnóstico: condromalácia patelar nível IV, nos DOIS JOELHOS. Legal, porque agora que você está pegando o ritmo na academia, começando a ver os resultados, você vai ter que parar por causa desses benditos desgastes na cartilagem. Murphy entrando em ação.

O médico recomenda: pare de malhar por dois meses pelo menos. Faça fisioterapia. Bolsa de gelo durante 20 minutos, 3 vezes ao dia. Ah tá, ninguém trabalha, não é mesmo? Aí você fica bem chateada com isso, e vai embora com algumas receitas na mão. Não sabe se para de malhar, se adapta o treino para tratar o joelho, se casa ou compra uma bicicleta. Espera o ônibus a caminho do trabalho passando o maior frio da sua vida, já que - pra variar - você errou na roupa. Ela era confortável, era um mínimo elegante para encontrar o cliente... mas não aquecia, que ótimo!

Chega ao escritório por volta das 09h00 e, ao ir ao banheiro, nota um fio de cabelo branco. Não pode ser! Eu tenho só 23 anos! Bem que meus pais sempre falam: "você é preocupada demais, filha." Aí você resolve achar que não é um fio de cabelo branco, mas sim é um fio que tomou sol e ficou clarinho. E ai de quem discordar!

Já meio arrasada com a condromalácia e com o fio de cabelo, você liga seu computador e nota que há MUITO a fazer. Você tenta loucamente resolver todas as questões pendentes e almoça correndo às 13h30, pois a reunião terá início às 14h00. Aí você sai, e o projeto mais importante da sua vida simplesmente não impressiona.

Tudo bem, ninguém olhou a fundo pra identificar todos os textos que você escreveu sobre os 40 produtos da empresa, e só o que comentam é que uma determinada frase está "tosca" e precisa ser substituída. Você engole seco, e só pensa que seu esforço vai ser recompensado quando o projeto estiver dando resultados fantásticos pra empresa. Deixe estar.

Depois de 4 horas de reunião, você retorna e vê que ainda há muito o que fazer. É uma questão de comprometimento, e, depois de ouvir elogios emocionados do seu chefe, você acaba ficando no trabalho até às 21h30, quando seu santo namorado se oferece para ir te buscar. Nunca uma mexerica e meia hora de papo pareceram tão gratificantes. Parece que as coisas vão melhorar, enfim.

Você chega em casa, arranca a roupa do dia todo e só pensa no seu banho quente. Já está ligando o chuveiro no melhor estilo "hoje eu só quero que o dia termine bem", mas é claro, Murphy surge como uma nuvenzinha acima da sua cabeça, e a água não esquenta. Ótimo!

De toalha, você atravessa a casa, sob um frio de 9 graus (ok, dentro de casa devia estar uns... 10 graus), e finalmente consegue tomar um banho quente e demorado. Não muito, porque a conta de água tem vindo catastrófica, e a de luz também. Só o que importa é que o dia estava chegando ao fim.

Já de pijamas, você janta um macarrão maravilhoso que a sua mãe fez, e pensa que, dentro de poucos minutos, você vai deitar na sua cama, com o seu travesseiro. Tsc tsc tsc. Ledo engano. Você chega no quarto e a sua irmã, como um anjo, dorme na sua cama, porque a dela está bagunçada demais pra servir de cama pra alguém. Você até tenta chamar, mas acaba ficando com dó de tirá-la de baixo das cobertas.

Então, você vai dormir na cama do seu irmão, mais dura que a sua, e num quarto mais frio que o seu. Só que você não consegue desligar a cabeça e fica pensando em tudo o que aconteceu no dia. Então, resolve ligar o rádio bem baixinho, até pegar no sono.

sexta-feira, junho 06, 2008

Trocadilho infame do meu pai na noite de ontem

Oi, George! O Ringo Starr?
Não, ele foi Paul McCartney no correio.
Pra quem?
Pro John!
Mas o John não sabe Lennon!

Digna de Túlio essa, hein? Tsc, tsc, tsc.

terça-feira, maio 27, 2008

Overdose gastronômica

Menu do feriado (aconselho não ler se estiver com fome):
Quarta-feira
Paprika de filet para comemorar o aniversário da mamis. Filet mignon grelhado com molho paprika e knödel. No Jucalemão: Rua Nhu-Guaçú, 303 - Aeroporto - Tel: 5531-4747

Quinta-feira
Sobremesa com dois maravilhosos doces (trufa E mousse, sim, acreditem!) na Bella Paulista. É bem difícil que alguém não conheça. Rua Haddock Lobo, 354 - Centro - Tel: 3214-3347

Sexta-feira
A boa e velha pizza, prato comum às sextas-feiras, com borda recheada de catupiry. Com direito a brigadeiro autoral de sobremesa. Na pizzaria mais próxima da sua casa :)

Sábado
No almoço, camarão ao catupiry na moranga (esse é da mamis, qualquer hora passo a receita). No jantar, uma visita ao Tortula para comemorar o aniversário do PH apreciando porções de bolinho de mandioca, o d-e-l-i-c-i-o-s-o sanduíche Oslo (salmão defumado, cream cheese, alface roxa, limão e pimenta do reino na ciabatta) e, como não poderia deixar de ser, o melhor mousse de chocolate da cidade. Av. Santo Amaro, 4371, esquina com R. Bernardino de Campos - Brooklin. Tel: 5041-6680

Domingo
Pernil de carneiro com batatas e brócolis na Cantina Montecchiaro. Dá pra cortar a carne com colher, de tão macia, e serve 3 pessoas com muita fome. Rua Santo Antônio, 844 - Bexiga - ao lado da 13 de maio. Tel.: (11) 3257-4032

Peço desculpas públicas ao meu aparelho digestivo por tamanha gula :P

sexta-feira, maio 23, 2008

Teatro

Para assistir durante a semana...

Todas as quintas-feiras, no teatro Bibi Ferreira, está em cartaz a peça "Intimidades.com", monólogo humorístico com o ator baiano Renato Piaba. Piaba fez uma pesquisa na internet com homens e mulheres, buscando informações sobre as intimidades de cada um, e descobriu coisas interessantes, como os tipos de beijo que os homens gostam, ou a forma com que as mulheres se comunicam secretamente com os olhares....

Tudo isso é mostrado na peça de uma forma engraçadíssima, com o ator interagindo com o público (tirando onda com absolutamente todas as pessoas) e com uma tela de plasma, em que dois repórteres se alternam fazendo perguntas. Pra dar muita risada com coisas bobas, é uma boa pedida.

Intimidades.com
Teatro Bibi Ferreira
Todas as quintas às 21h - até 31 de julho
Av. Brigadeiro Luis Antônio, 931 - Bela Vista
Tel: (11) 3105-3129

§§

Para assistir aos finais de semana...

Quem gosta de teatro já ouviu falar na Oficina dos Menestréis. Mesmo que não tenha assistido nada, já leu por aí a respeito dos musicais que eles promovem. A Oficina é, na verdade, um curso de teatro, dividido em grupos (há cursos para cadeirantes, pessoas da terceira idade, jovens, etc). Ao final do curso, os alunos apresentam um dos musicais do grupo (conheça os musicais aqui).

Até o dia 1º de junho, está em cartaz o musical "Friks". Com um elenco numeroso (e muito entrosado, diga-se de passagem), a peça fala de emoções humanas. Seja o dia-a-dia estressante no trabalho, um momento de depressão, ou a emoção de uma partida do seu time. Com uma talentosa banda ao vivo, o espetáculo realmente mexe com os sentimentos. Ah sim, e o caipirinha apaixonado é meu amigo Fabrício Teixeira, que estréia como ator em grande estilo. :)

Friks
Teatro Dias Gomes
Rua: Domingos de Moraes, 348
Sábados, às 21h; domingos, às 20h
Tel: (11) 5575-7472

terça-feira, maio 20, 2008

Mês do jumento

Porque tem épocas em que a gente se sente feito o jumento dos Saltimbancos.

O pão, a farinha, feijão, carne seca
Quem é que carrega?
Hi-ho

O pão, a farinha, o feijão, carne seca
Limão, mexerica, mamão, melancia
Quem é que carrega?
Hi-ho

O pão, a farinha, feijão, carne seca
Limão, mexerica, mamão, melancia
A areia, o cimento, o tijolo, a pedreira
Quem é que carrega?
Hi-ho

A jumenta está carregando os pães, limões e areias de muita gente.

Mas quando a carcaça ameaça rachar
Que coices
Que coices
Que coices que dá.

Antes de sair dando coice, tente acreditar: TODO ESFORÇO SERÁ RECOMPENSADO.

Não estou pregando nada, gente, não é auto-ajuda. É pra mim mesma isso.

quinta-feira, maio 15, 2008

Dica

Mesmo nestes dias de friozinho gostoso, quando você reluta pra sair da cama e pega a primeira blusinha-velha-quente-de-manga-comprida pra colocar por baixo das trocentas blusas de lã e jaquetas que você vai vestir, pense bem.

O tempo pode virar totalmente e você vai passar o dia suando feito uma porca. Ou, se conforto for uma prioridade na sua vida, você vai passar o dia desfilando por aí com uma blusa horrenda, talvez manchada, quem sabe até furada, veja só!

A situação pode se complicar ainda mais se o seu chefe te chamar para uma reunião de última hora. Neste caso, o conforto vai ser deixado de lado, você vai colocar a blusa de lã por cima e torcer para o seu novo cliente ter uma sala de reunião com ar-condicionado, e ainda: torcer para que o ar esteja ligado em temperatura glacial.

Um dia eu aprendo.

segunda-feira, maio 12, 2008

Pari(mos) um novo filho

Revista Company 25 anos no formato NeoReader

Se você já precisou fazer um trabalho acadêmico, provavelmente passou pela situação de encontrar várias publicações na internet, mas não saber ao certo qual a sua procedência. Dá um medinho de fazer citações a autores-fantasma, ou de ler uma grande bobagem bem escrita que engana qualquer um, menos o professor que vai avaliar o seu trabalho.

Se você já precisou apresentar algum texto ou portfólio a alguém, pode ser que tenha encontrado dificuldades em enviar arquivos muito pesados por email. Ah! Pode ser também que você tenha escrito um livro, um conto, poemas ou até um gibi, mas nunca tenha tido um espaço para mostrar este material para as pessoas.

Foi pensando nisso que a Neotix criou o NeoReader, um portal para publicação e compartilhamento de arquivos. Para se cadastrar é muito simples: basta inserir seu nome e e-mail, e começar a publicar. As pessoas cadastradas podem personalizar a página inicial, nomeando as caixinhas conforme os assuntos de seu interesse. Assim, ela é avisada sobre novas publicações com o assunto desejado.

A versão beta do portal entrou no ar na semana passada, e já conta com centenas de publicações. Esta blogueira que vos fala foi a responsável por todos os textos do site, e aproveitou para criar também um novo blog. Lá, eu falo sobre dicas de uso e conto todas as novidades sobre o projeto!

sexta-feira, maio 09, 2008

Bernardo e sua musa

Bernardo tem 19 anos. Parece menos, quando se olha pra ele. Parece mais, quando se começa a conversar. Acostumado a ajudar em casa desde pequeno, tem uma maturidade incomum aos garotos de sua idade.

É um menino romântico. Pouco se importa com as atrizes pornôs que seus colegas cismam em mostrar a ele. Porque ele quer um amor de verdade. Apesar da pouca idade, ele prefere escolher uma só menina e se dedicar a ela.

Foi assim no amor platônico que nutriu pela filha de seu chefe. Conheceram-se na internet, e mesmo sabendo do abismo que havia entre eles, e do risco de perder o emprego, ele insistiu. E ela dava bola, do tipo que sabe que é bonita. Mas eram muitas as diferenças, e a qualquer momento o chefe poderia descobrir e acabar com a vida dele. Não deu certo.

E foi na estação de metrô que ele nomeou sua nova musa. A menina aparentava ter a mesma idade dele. Linda, cabelos castanhos caídos nos ombros, olhos verdes. Cruzaram-se alguns dias, ele a caminho do curso, ela provavelmente a caminho da faculdade, porque levava sempre muitos livros, e ele tinha vontade de pedir pra ajudar a carregá-los.

Passadas duas semanas, depois de se cruzarem diversas vezes na mesma estação, Bernardo teve uma idéia: havia trocado de celular naquela semana e, na ocasião, portava o novo e o antigo. Resolveu entregar a ela o antigo, com a desculpa de que ligaria mais tarde para conversarem. Tomou coragem e foi até a garota que, sem falar nada, pegou o celular e seguiu seu caminho.

Um pouco aliviado por ter feito tudo conforme o planejado, mas ainda sem saber o que na verdade a menina tinha achado, Bernardo desceu em sua estação e foi para a fila do ônibus. Pegou o celular novo nas mãos, estudando a melhor abordagem, a hora certa de ligar... Iria propor um almoço? Um cinema? Não sabia ao certo.

Foi quando uma nuvem pairou sobre a sua cabeça. Como naqueles desenhos, em que você anda e a nuvenzinha acompanha, e todo o restante está ensolarado e só você está nublado e os pensamentos se misturam e sua visão fica embaçada...

Naquela hora ele se lembrou que NÃO HAVIA LIGADO O CELULAR!

Ou seja, se houvesse alguma possibilidade de a menina querer falar com ele, ela não conseguiria, porque o celular exigiria uma senha para ser habilitado e, obviamente, ela não sabia esta senha! E, pra completar, com o final de seu curso ele não poderia mais sair naquele horário em que se cruzavam.

Sentiu-se um completo idiota. Como poderia ter esquecido esse detalhe tão importante? Pensara em tudo, a forma de falar, a roupa que estava vestindo, a abordagem... Mas esquecera do principal.

Perdera a garota e o celular.

quinta-feira, maio 08, 2008

Fordunço cultural

Eu era uma das espremidas aí no meio.

Eram muitos os locais em que iriam acontecer as apresentações da Virada Cultural, por isso optei pela região central, pois os principais shows seriam por lá. Vários palcos, cada um com um tema, traziam artistas de todo tipo e todo Brasil.

No primeiro horário, precisava escolher: Mariana Aydar ou Dona Inah? Confesso que a primeira faz mais o meu tipo, mas, como paramos perto do Largo de Santa Efigênia, acabei assistindo à apresentação da sambista, convidada da comunidade Samba da Vela. Como estava no início do evento, a pista ainda estava vazia, o que me permitiu sambar e cantar horrores... Adorei.

Eram mais de 19h quando deixei o Palco dos Bambas, em direção ao Pateo do Colégio. Talvez desse tempo de pegar alguma coisa do Mundo Livre S/A, não fosse a pouca noção do centro que tinha, somada à falta de orientação dos policiais que tentaram me auxiliar. Resultado: cheguei ao palco Bandas Independentes na contramão de centenas de pessoas, que deixavam o show. Mas peguei o Vanguart, grupo folk de Cuiabá, que estava animadíssimo e demonstrou muita qualidade musical.

Terminado o Vanguart, passei pela pista de reggae, onde o rastafári Sine Calmon começava sua apresentação. Centenas de regueiros se amontoavam para ver o músico, que já foi muito criticado por sua postura religiosa em relação à música. Arrumei um lugar bacana na lateral, e vi o show inteiro.

Depois disso, corri para tentar pegar alguma coisa do show da Gal, que acontecia no palco São João. Que sorte! Consegui escutar as duas últimas músicas, e senti que talvez não precisasse ter ouvido mais que isso. Foi lindo participar de um coro de milhares de pessoas cantando “Trem das Onze”, e do final emocionante com “Sampa”.

Daí, era escolher: assistir Marina De La Riva na Rio Branco, enfrentar uma fila para tentar assistir Sá, Rodrix e Guarabyra, ou ficar por lá mesmo e aguardar o Zé Ramalho. Como muitas pessoas saíam do local, preferi ficar por lá mesmo, e me posicionei perto do palco. Mal sabia eu que, em poucos minutos, o lugar se transformaria num inferno.

Se não foi o momento mais claustrofóbico da minha vida, foi um dos três mais. Faltando meia hora para o show, muitas e muitas pessoas queriam se aproximar do palco, causando um empurra-empurra que me fez sentir como uma porta giratória de banco. Está rindo? É porque você não sabe o que eu passei. De rasteirinha ainda, meu Deus! Será que eu não aprendo nunca?

Muitos pisões e empurrões depois, decidi sair dali. Caminhei muito lentamente, até que cheguei a um local em que pelo menos dava pra respirar com tranqüilidade. Ou melhor, mais ou menos, porque era próximo aos banheiros químicos e, por mais que se quisesse respirar, o odor não era dos melhores.

Enfim, assisti (ops, escutei) ao show do Zé Ramalho de lá mesmo, assustada com os moradores de rua que escalavam os banheiros químicos e quase os derrubavam. Medo, muito medo. Tanto que sequer cogitei esperar os Mutantes às 3h da matina, e fui embora assim que Zé Ramalho finalizou.

No domingão, mesmo com várias opções bacanésimas para assistir (não queria ter perdido Cachorro Grande e Arnaldo Antunes, buá), não tive ânimo pra voltar pro centro. A noite anterior fora extremamente desgastante. Preferi sentar no Bar do Peixe com as amigas e apreciar patinhas de camarão e porções de cação regadas a uma cerveja bem gelada. Juro que não me arrependi.

(Foto: Marcus Desimoni - Uol)

terça-feira, maio 06, 2008

Quase duas semanas depois...

Os leitores mais assíduos devem estar se perguntando: mas que diabos aconteceu com essa menina? É, eu realmente fiquei um bom tempo sem postar, mas espero que vocês não tenham desistido de mim hehe.

Fiquei devendo um retorno sobre o final de semana mais cultural de todos os tempos, certo? Pois, de início, saibam que eu não consegui fazer tudo o que queria. Acabou não sendo o final de semana mais cultural de todos os tempos. Hunf.

Bom, comecemos pela sexta-feira:

Estivemos no Sky Live Multimídia, um evento patrocinado pela TV por assinatura Sky que tinha como objetivo mostrar diversas formas de interação entre música e imagem. Por isso, o Espaço das Américas foi equipado com diversas instalações, como um totem que mesclava imagens de celebridades e partes do corpo de pessoas que se deixavam filmar; um lounge (foto), em que se podia interagir com as projeções que desciam nos tecidos; e a oficina de VJ, onde pessoas aprendiam os princípios de um software de mixagem de imagens.

As atrações musicais foram o coletivo Embolex, formado por 5 integrantes (entre produtores musicais e VJs) e que contou com a participação do MC Gaspar. Não se pode negar a qualidade musical do grupo, mas confesso que não me surpreendeu. Eu sabia que o melhor ainda estava por vir.

Em seguida, tocou durante apenas meia hora o brasileiro Nepz, que despertou diferentes sensações ao mixar batidas do hip hop e elementos do jazz, além, é claro, da fusão entre imagem e som.

Pontualmente às 23h30, conforme o line-up, os britânicos do Addictive TV (que eu já tinha visto no Skol Beats do ano passado e foi fantástico) subiram ao palco. Macaquinhos levantavam placas no telão, dizendo: "Olá, São Paulo! Somos o Addictive TV", e os poucos presentes se animaram ainda mais. Poucos mesmo.

Apesar de o som ter falhado algumas vezes (para indignação de Graham Daniels e Nick Clark), a apresentação fez bastante sucesso entre os presentes, com mixagens de filmes como "O Gordo e o Magro" e "Cães de Aluguel", além de clipes do Queen e imagens de Vinícius de Moraes. Tudo isso regado a muita batida eletrônica. Não é à toa que são considerados os mestres na modalidade DVJ (disco and video jockey).

(Foto: Paulo Henrique Schneider. Mais aqui)

quinta-feira, abril 24, 2008

Música até dizer chega (dicas para o final de semana cultural na metrópole)

Será que eu aguento? Um clone, por favor, que não quero perder nada.

SEXTA-FEIRA
Sky Live Multimídia
Com Embolex Live (X), Dj Nepz (Y) e ADDICTIVE TV (EXCELENTE!)

SÁBADO
Virada Cultural com:
Mariana Aydar
Dona Inah
Mundo Livre S/A (PE)
Vanguart (MT)
Gal Costa
Sine Calmon e Morrão Fumegante
Marina De La Riva
Zé Ramalho
Sá, Rodrix e Guarabyra – Passado, Presente, Futuro (1972)

DOMINGO
Virada Cultural com:
Hamilton de Holanda e Danilo Brito - Vibrações de Jacob do Bandolim (1967)
Jair Rodrigues, Fabiana Cozza & Zimbo Trio - O Fino da Bossa (1964)
Mutantes
Osvaldinho da Cuica e Sílvio Modesto
O Teatro Mágico
Overcoming trio: Mallu Magalhães, Helio Flanders e Zé Mazzei
Cachorro Grande
Bruna Caram
Arnaldo Antunes
Orquestra Imperial
Dona Ivone Lara e Nelson Sargento
Lobão
Inezita Barroso - Vamos Falar de Brasil (1958)
Jorge Ben Jor
Ultraje a Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia (1981)

Mais informações em: http://viradacultural.org/

(Quadro: Music Life, de Gockel)

quarta-feira, abril 16, 2008

Onde eles trabalham e se divertem

Logo na recepção, os tapetes de bolinhas vermelhas, amarelas, verdes e azuis faziam lembrar uma loja de brinquedos.


Fomos recebidos por uma tela LCD, que anunciava: "bem-vindo! Digite seu nome e assine ao lado." Havia uma tablet, em que colocamos nossas assinaturas e, automaticamente, foi impresso um adesivo com nossos nomes. "Colem em algum lugar visível", anunciou a recepcionista.

Sentamos para aguardar o representante comercial da empresa, em confortáveis sofás coloridos. Tudo em vermelho, amarelo, verde e azul. Uma caixinha de madeira, no formato dos chiclet´s, continha muitos deles dentro. À vontade, só pegar.

Alexandre nos recebeu com um belo sorriso no rosto. Possuía uma simpatia natural, não parecia que ele estava forçando, apenas para nos conquistar como clientes. Vai saber, o povo da área comercial é sempre meio suspeito. "Querem um café, um chocolate quente?"

Então, nos levou ao refeitório da empresa, no quinto andar. Além de um buffet farto, mesas brancas contrastavam com as cadeiras coloridas - vermelhas, amarelas e azuis. No canto esquerdo, ao lado das grandes janelas de vidro, toda sorte de jogos: pingue-pongue, pinball, pebolim... Imagina só, acabar de almoçar e disputar um mini-campeonato de pebolim? Sempre fui boa nisso, ser canhota me ajudava a defender os chutes...

"Café, chá, cappuccino?" Aceitamos um café, é claro, porque uma reunião às 13h30 logo após o almoço pedia algo forte para acordar. E descemos para o sexto andar, onde ficavam as salas de reunião.

O saguão do andar de baixo era semelhante ao anterior: potes com balas diversas, sofás e cadeiras coloridos e funcionários sorrindo o tempo todo. "Que vida boa eles devem ter por aqui", supus, e confirmaria mais tarde.

Passamos pelas salas Pense bem, Pogobol e Peteca. "Nossa reunião é na sala Playmobil", disse Alexandre, e despertou boas risadas. "Aqui, cada sala tem um nome de brinquedo. E o mais legal é que, dentro das salas, há o brinquedo que as nomeiam." Fez questão de nos mostrar o Pogobol da sala ao lado, e o pião da sala que ficava no fim do corredor.

Na sala Playmobil, uma mesinha lateral continha copos d´água e uma série de bonequinhos. Divertidíssimo. Durante mais de duas horas, Alexandre nos mostrou as novas ferramentas disponibilizadas pela empresa, sempre muito didático. Contou-nos que chegara do México naquela manhã, pois estava em um congresso, e que estava um pouco gripado. Mas que tudo bem, porque em breve ele iria pra casa.

A reunião terminou por volta das 16h30, e Alexandre nos levou para conhecer o local de trabalho das pessoas de lá. Bom, eu não sei em que horário eles trabalham, mas quando passamos por lá não havia quase ninguém. Somente duas meninas, que baixavam as fotos da viagem para o México pra colocar no Orkut.

Chamou a atenção a quantidade de bonequinhos nas mesas das pessoas, um mais interativo e moderno que o outro. "Nós temos uma verba destinada a comprar miniaturas para as mesas", disse, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. Em que outra empresa isso acontece?, fiquei me perguntando.

E foi então que ele nos levou para conhecer a "sala de descompressão". Eu devo ser meio caipira, porque fiquei completamente deslumbrada com a gigantesca mesa de sinuca com o logo da empresa, e com o sofá de almofadas coloridas, e com a tela de 42 polegadas, e com as guitarras e o controle do wii...

Em um dos cantos da sala, um frigobar cheio de Red Bull. Ao lado dele, uma geladeira com refrigerantes, água, chás gelados de todo tipo. Uma parede forrada de salgadinhos e chocolates, que sonho. "É aqui que fazemos happy hours", Alexandre explicou.

Abobada, fui embora. E assim foi minha tarde no Google Brasil.

domingo, abril 13, 2008

Um dia desses, num desses encontros casuais

- Moça! Moça! Bom dia!
- Bom dia.
- Posso falar com a senhora um minuto?
- Eu não posso perder o ônibus, se você quiser me acompanhar até o ponto pode vir.
- Já que a senhora está falando, então eu vou.
- Não me chama de senhora.
- Tudo bem. É o seguinte, meu nome é Márcio e eu tenho 27 anos. Você mora por aqui?
- Moro.
- Então, eu moro embaixo daquele viaduto. Eu, minha esposa e minha filha Beatriz, de dois anos. Ela é a coisa mais linda do mundo, moça.
- Sei.
- Então, eu já fui até analista na Embraer, mas acabei caindo nas drogas e fui preso.
- Preso por que?
- Assalto à mão armada.
- Hmm.
- Mas agora eu estou solto, e preciso dar de comer pra minha filha.
- É, eu já fui assaltada. Complicado... essas coisas podem traumatizar uma pessoa. Será que você se arrependeu do que fez?
- Muito, moça.
- Então menos mal, pelo menos pagou pelas coisas que fez. Toma - entregando uma nota de R$1.
- Obrigado. Mas, infelizmente, a minha sentença já foi dada - finalizou, triste, mostrando as feridas que se espalhavam pelos braços e pernas, decorrentes do HIV. E saiu.

Chorando, a moça seguiu seu caminho, sem saber a quem culpar.

quinta-feira, março 27, 2008

Minha semana e a nova campanha da Seda

24/03 - Mariana caminha pela Berrini e vê vários relógios de rua cor-de-rosa, com uma exclamação ondulada e um 0800 embaixo. Pensa: que ação mais antiquada! Colocar 0800 em vez de um site? Fica espantada e não liga para o 0800.

25/03 - Mariana folheia a Revista Caras enquanto aguarda para fazer as unhas. Lê uma notícia a respeito da apresentação do Cirque de Soleil "só para celebridades", em que Taís Araújo e Adriane Galisteu apareceram com o mesmo vestido. Perguntava-se: coincidência? Olhando bem, reparei que não. Os dois vestidos eram cor-de-rosa, com pequenas exclamações onduladas. A-há!

26/03 - Mariana vai à farmácia comprar shampoo. Bate o olho em um shampoo Seda com um símbolo que lhe parece familiar: uma exclamação ondulada. Resolve ligar para o 0800 e saber do que se trata. Taís Araújo atende o telefone, explicando que em breve surgirá uma novidade, não se sabe sobre o que. Só fala sobre a relação das mulheres com seus cabelos e diz que, ao final da gravação, poderia ser gravado um depoimento, com o tema: A vida não pode esperar, e que as gravações seriam exibidas no site de mesmo nome.

27/03 - Mariana acessa o site http://www.avidanaopodeesperar.com.br/. Lá, podem-se ouvir as gravações feitas por mulheres de todo o Brasil, falando sobre momentos em que a vida não pode esperar. Não fala nada a respeito do produto que será divulgado, somente abre espaço para cadastro de e-mail e telefone e anuncia mais uma vez a "breve novidade".

No início, eu me perguntava: mas por quê diabos eles não colocaram um site? Em nenhum lugar (nem no MSN Messenger, que reparei depois que continha uma janela com aquela bendita exclamação no fundo cor-de-rosa) eles colocaram o site. Somente o 0800.

Só depois eu fui lembrar que as ações de mobile estão começando a entrar no Brasil, e provavelmente a Seda é uma das primeiras grandes empresas a investir neste tipo de publicidade. Ao entrar no site A vida não pode esperar, há a opção de se cadastrar para receber mais novidades, em que são obrigatórios nome e e-mail, e também há a opção de inserir o celular e assinalar: "quero receber mais informações em meu celular". Espertinhos... eu me cadastrei! Mas não coloquei o celular.

quinta-feira, março 20, 2008

Quem saberá a cura se não eu

Tudo começou no dia 15 de novembro do ano passado. Estávamos no Ipiranga, sentindo aquele cheiro gostoso de carro novo e tendo a difícil função de escolher um modelo confortável, minimamente equipado, bonito e dentro das possibilidades financeiras.

Por fim escolhemos, mas eu sabia que não seria o suficiente para quebrar aquela muralha dentro de mim. Sempre tive muito medo de dirigir, ou pelo menos achava que tinha. A simples possibilidade de pilotar um carro já me causava os sintomas básicos do pânico: pernas tremendo, mãos suando, coração acelerado...

Como pessoa aficionada por listas, fiz a minha relação de objetivos para 2008, que incluía desde coisas materiais até metas de comportamento e postura em relação à vida. O primeiro item da lista era: "perder o medo de dirigir". Já estava insustentável ter que depender de outras pessoas para fazer o que quisesse. Um evento no Sesc Pompéia, por exemplo, esquece! Visitar as amigas em um sábado à tarde, só de metrô ou ônibus!

Eu nunca tinha tido coragem de sair sozinha - e veja bem, isso depois de 5 anos de carta - e já estava acostumada com a insegurança minha e dos meus pais. "Fechou, filha, fechou!", diziam eles sobre o farol, que se tornava amarelo dali a 100 metros. "Breca, breca!", muitos e muitos metros antes do carro da frente.

Até que eles viajaram, e o meu carrinho ficou lá, lindo, cheirando a novo, pedindo que eu saísse nele. "Vamos lá, mulher! Uma pessoa que pega a BR-101 e ultrapassa caminhões com AQUELES buracos, AQUELA chuva..."

Foi então que resolvi pegar o carro sozinha pela primeira vez. Nunca vou esquecer: foi no dia 8 de fevereiro. Confesso que não dormi muito bem na noite anterior, pensando no que me aguardava, refazendo o trajeto na cabeça... sim, porque além do medo de dirigir, tinha (e tenho) o agravante de não ter NENHUM senso de direção!

Antes de sair, separei o primeiro cd do Otto: "é você quem vai me acompanhar nessa, meu querido". Respirei fundo, ajeitei os espelhos, liguei o som baixinho pra não me atrapalhar e liguei o carro.

Só sei que as minhas pernas não tremeram naquele dia. Nem o coração ficou acelerado, nem as mãos suaram. Tranquilamente, percorri os quilômetros que separam minha casa do escritório, enfrentando toda sorte de problemas: inconseqüente na contra-mão, ambulância, trânsito paradíssimo... entrei no prédio como se subisse num pódio: "é a primeira etapa, e eu venci".

A partir daquele dia, percebi que não tinha mais medo. Vi que toda aquela insegurança e aquele medo eram fantasmas, que eu exorcizava ao som de "o celular de Naná é a lua/a lua é o celular de Naná"...

Agora eu venho de carro todos os dias, e já consigo trocar de CD e passar batom enquanto dirijo (periiiigo...). É, ainda faço umas barbeiragens - lógico - mas também, não tinha especificado nada disso no desejo de ano novo!

sexta-feira, março 14, 2008

É de noite, é de dia

O pedreiro faltou.
A faxineira também.
O pedreiro não calculou a quantidade certa de azulejos.
Aliás, errou feio.
E ainda cortou o dedo com a serra elétrica.
A obra não sai como desejado.
A faxineira não faz metade do que lhe é solicitado.
A conta de água subiu de R$ 25 para R$ 670.
A tv a cabo cobra serviços a mais.
A chefe a assedia moralmente todo dia.
Ela bateu o carro.
Ele também.
Transferiram-no pra onde não queria.
Querem roubar seu melhor cliente.
E isso lhe faz sentir-se no direito de não dizer "bom dia".
Eles reclamam.
E com motivo.
Mas que eu não aguento mais, eu não aguento.

terça-feira, março 11, 2008

Tarsila Viajante na Pinacoteca

Tarsila do Amaral nasceu em berço de ouro. Filha de um abastado fazendeiro de café, passou metade da vida viajando por diversos lugares do Brasil e do mundo, e a outra metade retratando estas viagens em belas e coloridas telas.

Com o objetivo de mostrar a influência destas viagens em sua arte, a Pinacoteca abriga, até o dia 16 de março, a mostra "Tarsila Viajante". São 35 pinturas e mais de 100 desenhos de diversas fases de sua vida, que retratam paisagens de toda parte, sempre com os traços grossos, as cores fortes e as formas exageradas que marcam sua pintura.

Pode parecer clichê, mas fiquei emocionada de verdade ao me deparar com o "Abaporu" (em tupi-guarani, "homem que come homem"), concebido em uma fase em que Tarsila resgatou as lendas contadas nas fazendas em que passou a infância. Essa obra foi dada a Oswald de Andrade, na época seu marido, e deu início ao Manifesto Antropófago (ou seria antropofágico?), que buscou restagar o instinto e as origens da cultura brasileira, em resposta às críticas recebidas na Semana de Arte Moderna.

Foi muito interessante, também, ver o tamanho do quadro "Operários", pintado após uma viagem à Rússia - a qual só foi possível porque Tarsila vendeu alguns quadros, porque com a crise cafeeira de 29 seu pai perdeu grande parte de seus bens. Convivi boa parte da minha vida com esta obra, pois ilustrava a capa de um livro de história do colégio, e isso trouxe um resgate bacana em minha memória.

Se você ainda não foi, faça como eu: deixe para a última hora, mas não deixe de contemplar esta obra primorosa. A organização, excelente, garante a pouca espera nas filas inclusive aos sábados, quando a entrada é gratuita.

Serviço
Tarsila Viajante
Somente até 16 de março
Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, 2 – Luz
(11) 3229-9844
Terça a domingo, das 10h às 18h
_________________________
Quadro: "Religião Brasileira", de 1927. Ao desembarcar no Porto de Santos depois de uma de suas viagens à Europa, Tarsila parou para comprar doces em uma casa de pescadores. Deparou-se com um altar cheio de santos e flores, e rapidamente fez um rascunho que se tornou essa bela obra. Quem não queria ter uma dessas na sala de casa?

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Como me fudi no show dos Los Hermanos (sic)

Não costumo postar textos de outras pessoas, mas este achei hilário!

Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato umas garotas legais, né? Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um. Na verdade, era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. Que bacana! Que politizada ela era! E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava um beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez… Aí, acho que ela me deu um certo mole… Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o meu cu para não cagar ali mesmo na frente dela. Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish. Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito “vibrão” de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil! Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil “Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha”, finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola! Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, “do bem” como eles mesmo falam… Mas que não me deram muita conversa. “Do bem”, isso mesmo! Gíria nova… Todos aqui são “do bem”. E que nomes tão simples e idílicos! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington… Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira! Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí… acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música: “De quem você é fã?”, perguntou. Pô, eu me amarro no George…” Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: “Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!” Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de “Seu”! Seu George! Isso é que é fã! “Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!” , ela emendou. Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi… Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava. “Eu curtia aquela banda da Bahia…”. “Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!” “Não, Camisa de Vênus! “Silvia! Piranha!” cantei, rindo. A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: “Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?” Óbvio que não funcionou… Aí, acho que dei um fora… Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles “promovem um resgate da boa música brasileira”. “Tipo os Raimundos com o forró?”, perguntei. “Claro que não!”, disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque “eles são únicos”, apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também “Marginalia” ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles… Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit “Mintchura”. Ainda bem que tudo mudou, né? Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam “Os Irmãos”? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil! Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos “Hermanos”, ela usou a expressão “do bem” umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá… Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda… Cacete…! O que era mesmo? De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela: “Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?” Ela disse um “não” esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam “Los Hermanos”! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento “Dark”, como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista “Dark” brasileiro… Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: “Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego” ou “O tempo passou na janela é só Carolina não viu”. “Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue” ou “Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni”. Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother! Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada: “Mas ele não é da banda!” Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada… Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: “Os Irmãos”! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento… Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos: “Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!” Ouvi a seguinte resposta: “Coca-Cola? Isso é muito imperialista… Guaraná é que é brasileiro!” Puxa, que pessoal politizado… Isso mesmo, viva o Brasil! “Yankees, go home”, rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o “Janelas”? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles… fazer o quê? Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá: “Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!” Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse: “Que Weezer o quê? O nome dessa música é “Cara Estranho”. Já vi que não gostou de novo… Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles… Só não consigo dizer qual… Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: “Filha da putaaaaaaaaaa!” Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos! Pô, todo show alguém grita isso! É quase uma tradição até! Eu me amarro no cara! E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho… Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo: “Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!”, mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera… O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Janaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi: “Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência…” Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É “do bem”. É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda… Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo: “…e esse mala aí sem camisa…” Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho… E, afinal, o que significa “mala”? Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também… Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta! “Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?” “Que sinal?? Que sinal??”, respondi, assustado! “De buceta, palhaço!”, apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado. “Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?”, gritou o tal hipponga na minha cara. Que viado, eu não tava fazendo nada! Parecia uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse cara tirou isso? As meninas… (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! “Bento”, que nome mais ridículo… Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra? Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase: “Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?” Aí foi demais! Eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera “do bem” que está aqui!” Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. “Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!”? “Estamos realmente resgatando a nossa cultura!” ? Que exagero… Ei, é só música pop! MÚSICA POP! Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em Londres!Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto: “TOCA ANA JULIA!” Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o “Seu Jorge” Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete… Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus…
Adolar Gangorra tem 65 anos e é editor do periódico humorístico Os Reis da Gambiarra. A foto, não achei o crédito.