segunda-feira, maio 28, 2007

Três momentos de Yamandú

4 de março de 2004

Abertura do Festival Cultura Inglesa. Resolvi conhecer de perto o trabalho do violonista gaúcho Yamandú Costa, que já tinha visto em programas na televisão e me surpreendido com a agilidade nos dedilhados e com seu jeito rápido e até agressivo de tocar. A apresentação contou com a participação de outro violonista, o Alessandro Penezzi, que fez um duo com Yamandú em algumas músicas.
Yamandú Costa usava calças brancas de algodão, alpargatas também brancas e camisa larga. Levava um xale de pashmina colorido, que ia jogando pro lado pra não cair em cima de seu violão. “Não liguem para o meu jeito, é que me deram um Lexotan antes de entrar”. E assim começou sua apresentação.
Fiquei atordoada com tanta velocidade e mobilidade nas mãos. O músico consegue passar a impressão de que toca três instrumentos ao mesmo tempo, tamanha a rapidez com que toca suas belas canções. Fiquei chocada, no bom sentido. Me ganhou como fã na mesma hora.

17 de março de 2007
Três anos depois, fico sabendo de uma apresentação no Auditório do Ibirapuera (conhecido como Espaço Tim ou “triângulo do Niemeyer”). A dupla dessa vez seria o bandolinista Hamilton de Holanda*, que nasceu no Rio, mas mora em Brasília desde a infância, quando começou a tocar violino por falta de professores de bandolim.
A dupla tocou alguns dos sucessos de Yamandú – dentre os quais, elejo “Mariana” como a mais bonita melodia –, um pouco do trabalho belíssimo de Hamilton – posso destacar “Meiga” que me arrepiou – e também algumas releituras de canções conhecidas.
Vou pular a parte em que dois caras tiveram a capacidade de arrumar briga na platéia bem atrás de mim, porque as músicas estavam tão lindas e a harmonia entre os dois músicos era tanta, que eu consegui nem ficar brava com a situação.
“Vocês vão sair daqui cheios de notas na cabeça”, finalizou Yamandú, sem abrir mão de seu figurino habitual. Saí de lá, alguns meses se passaram, e eu continuo cheia de notas, melodias e lembranças daquela apresentação memorável. Veja por que:



“Meiga”, como não podia deixar de ser:


15 de maio de 2007
Leio no UOL que Yamandú acabara de lançar pela Biscoito Fino um CD em parceria com Dominguinhos. “Uau, essa promete”, pensei. Chequei a lista de músicas, composta por canções já conhecidas – como “Wave”, de Tom Jobim, e “João e Maria”, de Chico Buarque –, e outros sucessos.
Não deu outra, o álbum é maravilhoso.
A harmonia entre o violão de Yamandú e a sanfona de Dominguinhos, e a versatilidade de ambos os instrumentistas, permitiu uma grande flexibilidade entre os estilos, caminhando do forró à bossa nova. Pra ficar perfeito só falta uma apresentação ao vivo.

* Hamilton recebeu recentemente o prêmio Tim de Música como melhor solista instrumental.

quinta-feira, maio 17, 2007

O dia em que levei meu pai pra conhecer seus ídolos

"Hoje você conheceu um pouco mais sobre o seu pai. Foi meu dia de glória". E a filha ganhou o dia.









Chegaram à estação São Bento por volta das 12h30. Pai com o disco do Premeditando o Breque na mão, filha com o do Língua de Trapo. "Vou ver se eles assinam", ele disse. E a menina não sabia nem o que falar. Esteve no mesmo local, no dia anterior, e a experiência com o show do Teatro Mágico e milhares de pessoas se apertando fez com que ela quase tentasse impedi-lo de levar os discos. Mas havia de ser diferente, e ela prometeu a si mesma que faria o impossível para conseguir os autógrafos.

O Premê tinha entrado às 12h00, e para alegria de pai e filha o Boulevard São João não tinha um vigésimo do público do dia anterior. A voz de Wandi, já conhecida por suas diversas participações em trilhas dos programas da Tv Cultura, gritava: "Que legal!" Era Fim de semana, uma das únicas músicas que a filha conhecia do grupo. O som animado, com instrumentos de corda tocados com perfeição pelo Manga, o Claus ("esse cara sempre foi boa pinta") tocando flauta e o Marcelo, alternando teclado e cavaquinho, fizeram o público (quarentão, diga-se de passagem) vibrar.

Seguiram com seu estilo humorístico, com músicas como Jacaré também é gente - marchinha de carnaval versão reggae -, Pinga com limão e a engraçadíssima versão da música Give it away, do Red Hot Chilli Peppers ("a gente fez uma música, mas sabe como é né, passaram uns gringos aí e levaram embora).

O pai lá, levantando a capa do disco, balançando de um lado para o outro como quem diz: "olha eu aqui! Fã das antigas!". Foi quando Wandi, com seu jeito característico, anunciou: "estão vendo este disco que está na mão do nosso amigo? Nós vamos cantar uma música deste disco! Em show tem sempre aquela coisa de pedirem pra tocar um sucesso, sabe? E pra gente é fácil, a gente só tem um!"

E começaram a tocar a bela São Paulo, São Paulo, que inclusive foi eleita uma das três músicas que melhor representam a cidade. O pai ficou eufórico, eles o tinham notado! E a filha já se preparou para correr para o camarim assim que o show acabasse.

Um a um, foram descendo do palco e entrando no camarim. Pai e filha ansiosos, vinil e caneta na mão. Wandi caminha em sua direção, o pai acena. “Rapaz, mas você me aparece com esta relíquia!” Todos assinam e agradecem o apoio e a admiração do pai. A filha o abraça, sensação de missão cumprida.

Mais um show estava pra começar. Virada Cultural é assim mesmo, gente. É coisa boa atrás de coisa boa. E os dois se posicionaram em frente ao palco, pra poder ver o Língua de Trapo bem de perto.

Com um humor mais crítico, e sem alguns dos integrantes da formação original, o Língua subiu ao palco liderado por Laert. “Olha, é esse aqui”, disse o pai, mostrando a contracapa do vinil.

E o outro show surpreende da mesma forma. “Nossa pai, hoje em dia não vejo nenhuma banda que faça músicas assim, criticando a sociedade”. E o grupo não se resume a criticar, a satirizar: todos os músicos são muito bons. E eram muitos! O palco literalmente “ficou pequeno” pra banda, que, muito afinada e ensaiada, tocou os sucessos do “Disco azul” (de 1982, foto), o primeiro dos sete que lançaram em toda a carreira.

Entre uma música e outra, o pai levantava o vinil, e Laert anunciava: “essas são as músicas de nosso Disco Azul, esse aí, na mão do nosso amigo”. E a galera aplaudia. Ao final do show, mais autógrafos.

“Foi meu dia de fama e de glória”, o pai disse. E, mesmo com dor de garganta, chamou a filha pra tomar uma cerveja: “os caras merecem”.

Merecem.

segunda-feira, maio 07, 2007

eletrônico pra todos os gostos

Pista vazia, que delícia. Por P.H.

Saí do trabalho na sexta-feira crente que ia pra casa dormir. Nem na natação eu fui, pra não forçar o pescoço que sofrera uma lesão no dia anterior. No ponto de ônibus, e o celular toca:

- Amor, consegui um VIP pra você, quer ir no Skol hoje?
- Humm. Quero.

Saí de casa sem saber direito quem ia tocar, o que ia acontecer... e acabou que foi bom, viu? um megaevento muito bem organizado, com quatro pistas (ok, você tinha que andar uns 2km de uma a outra, mas tudo bem), decoração com temática oriental e muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo.

Consegui assistir inteira a apresentação do Addictive TV, que foi o melhor da noite na minha opinião. A dupla inglesa realizou a perfeita integração entre música e imagem, mesclando clipes do Queen, imagens de filmes como Kill Bill e Cidade de Deus e batidas marcantes com melodias atmosféricas.

Tive a oportunidade de conhecer também um pouco do trabalho do DJ Afrika Bambaataa, o precursor do hip-hop que tocou ao lado de dois MC's (não é o estilo de música que mais me agrada, mas valeu como experiência). E também assisti o Gui Boratto tocando guitarra, o grupo Sugardaddy com vocal, bateria e baixo ao vivo e o Nathan Fake com seu eletrônico melancólico.

Teria sido o suficiente chegar em casa às 07h30 de sábado. E não foi. Acordei às 18h00, pronta para participar dos dois dias da virada cultural. Mas isso fica pra outro post, que agora tenho mais o que fazer.

sábado, maio 05, 2007

Gui Boratto mostra trabalho conceitual com solo de guitarra

Direto do Skol Beats

Por volta das 2h30 da manhã, o Skol Live Stage recebeu as primeiras melodias da música de Gui Boratto. Com um live que mistura techno, minimal e electro, o paulistano agitou a pista principal, atraindo cada vez mais participantes para o espaço, até então relativamente vazio.

Os momentos de maior empolgação começaram quando Gui pegou a guitarra e os primeiros acordes soaram. Durante quase uma hora, o músico, compositor e produtor provou por que está sendo cada vez mais respeitado na cena eletrônica nacional.