segunda-feira, novembro 22, 2010

Paul McCartney - Up and coming tour - eu fui!

Isqueiros ao alto para Let it be

Quando soube que o Paul viria fazer shows no Brasil, passei a usar a frase padrão para qualquer pessoa que perguntasse se eu iria: “nem que eu tenha que vender minhas calcinhas!” Baixarias à parte, fiz questão de acompanhar, ao lado de meu pai, as novidades sobre compra de ingressos e toda essa “burocracia protecionista” que temos por aqui. Começou a tentativa naquela madrugada em que teoricamente os ingressos começariam a ser vendidos para os reles mortais que não tinham conta no banco específico X. Meia-noite-e-um: nada feito, só a partir das 8h.

Dia seguinte, 7h da matina, voltamos pro computador em busca de um lugar ao sol naquela disputada noite no Morumbi. Nos primeiros 10 minutos, já não conseguimos comprar a arquibancada vermelha, que era a nossa primeira opção. Tentamos a azul, dessa vez com sucesso.

A partir de então, passamos a contar os dias para o tão esperado show do Paul. Já preparando as pernas para a maratona Planeta Terra no sábado + Paul no domingo; e preparando o coração para os momentos que estariam por vir.

Domingo, 21 de novembro. Pernas moídas de ficar em pé no dia anterior e corpo dolorido dos brinquedos do Playcenter, já começamos a pensar no caos que estaria na região do Morumbi. Por ir com meu pai, tinha a preocupação de que fosse um lugar confortável, que desse para ver bem o palco, mas ao mesmo tempo não me dispus a chegar com tantas horas de antecedência. Logo, já estava contando que não seria um lugar tão bom.

E não é que por fim, deu tudo certo? Meu irmão tirou da cartola um amigo que mora ao lado do Estádio – literalmente o anjo Gabriel – e paramos tranquilamente em sua casa. Pegamos fila, mas uma fila que andava sem parar, e em menos de 15 minutos já adentrávamos o palco de tantas glórias do meu tricolor, agora por outra boa causa.

De cara já comecei a perceber as vantagens de ter comprado na arquibancada: sentamos tranquilamente, com uma boa vista do palco, guardamos lugar para os amigos que chegariam em breve... Meu pai, emocionado, me olhou: “parece que agora é que está caindo a ficha!” Porque, numa boa: se para mim era uma emoção enorme só de pensar em ver o Paul ao vivo, imagina ele, que nasceu em 1960?

Marcado para as 21h30, Sir Paul deu início ao ritual às 21h35. E, a partir de então, a emoção ultrapassou qualquer limite do bom senso. Todos estavam tomados por uma só energia – era só olhar para o lado e ver os olhos cheios d´agua e as vozes embargadas cantando todas as letras – e Paul conseguiu ganhar ainda mais moral com cada um dos presentes.

A cada música cantada, a cada homenagem feita – a John, George, Linda e “a todos os namorados” – eu imaginava os momentos na vida de Paul em que aquelas letras tinham sido escritas. A cada acorde inicial, meu pai levava as mãos à cabeça, emocionado, extasiado.

Chorei feito criança em My Love, Yesterday, And I Love Her e Something. Pulei feito criança em Ob-la-di-Ob-la-da, Back In USSR e Helter Skelter. Gritei feito louca em Get Back, Day Tripper e Hey Jude (ah, como já caçoei desse coro de Na-Nana-Nanananaaa, falando que ele não se cansava nunca de fazer isso).

Fica difícil pontuar os melhores momentos de um show como este, mas, sem dúvida, dois momentos marcantes foram Live and Let Die, em que fomos surpreendidos por uma queima de fogos digna das melhores comemorações; e em Give Peace a Chance, em que foram lançados balões brancos que tomaram a pista do Morumbi, imagem inesquecível para quem via das arquibancadas, e coroada por uma lua cheia maravilhosa.

Saí de lá com a certeza de ter ido ao melhor show da minha vida. Certeza, na verdade, com a qual já havia entrado no estádio, e que só se confirmou. Resta, agora, agradecer a Sir Paul por ser esse querido, simpático, carismático, que encheu o coração de todas aquelas 64 mil pessoas durante quase três horas. Ah sim, e agradecer também ao meu pai, afinal, ele é o maior responsável pelo meu amor ao rock.

Paul se despediu com um “até logo”. Acho difícil, mas ainda assim espero. Por ele? Vale a pena.