quinta-feira, março 26, 2015

#30: Ter um lugar pra chamar de meu.

Finalizo as 30 experiências da melhor forma possível: realizando o sonho da casa própria. Posso dizer que entrar num espaço que é seu, ainda que ele esteja no contrapiso e imundo de obra, é uma sensação de gratidão quase que inexplicável. Principalmente se pensar que foram mais de 4 anos esperando por esse momento.

Explico: comprei este apartamento na planta, naquele esquema de pagar a entrada e passar a construção pagando parcelas. Na época, trabalhava no mercado imobiliário e participei deste projeto desde o dia em que compraram o terreno. Imagine então a minha felicidade quando, depois de ver o projeto pronto (e lindo), consegui, com o apoio da família, dar a entrada para a compra de uma unidade.

Foram 3 anos de construção, entrando mensalmente no site da incorporadora para acompanhar a evolução da obra. Tudo certo e em dia para que a entrega das unidades acontecesse em setembro de 2013.

E foi aí que começaram os pesadelos. Houve uma série de problemas para emissão do Habite-se - documento da prefeitura que atesta que o empreendimento entregue está em linha com o projeto original - e, para isso, mais e mais obras rolaram. Um ano de idas e vindas com a prefeitura.

Nesse período, vivi na incerteza do que seria da minha vida dali pra frente, já que o documento poderia sair a qualquer momento. Durante este tempo, acumulei coisas compradas e ganhei presentes.

Devo confessar que, nessa época, cheguei a pegar bode do apê. Foi tanta dor de cabeça que pensei em desistir de me mudar pra lá. Finalmente, em setembro de 2014, o Habite-se foi emitido e, com isso, consegui entrar no apartamento.

No fim das contas, não tive como não me emocionar ao entrar naquele espaço pela primeira vez. Era o meu apartamento. Meu refúgio, o lugar pra onde eu poderia correr qualquer que fosse a situação. A vista, os quartos, me peguei fazendo mil planos e sonhando com tudo o que queria colocar ali.

Estes 6 meses desde que peguei as chaves têm sido de grande aprendizado. Passei a entender dos diferentes tipos de pisos, janelas, chuveiros e acabamentos, e aprendi que não se pode esperar gastar menos de 500 reais a cada comprinha na Leroy Merlin (pelo menos nesse início).

É, vai um dinheiro bom nessa história, mas cada decisão de compra ou obra, cada coisinha nova com que componho minha casa traz uma satisfação ainda maior: de estar fazendo algo por mim. É como se cada detalhe, por mais bobo que seja, fosse um carinho que dedico a mim mesma. E, a cada pequena conquista, só consigo agradecer.

Sei que as obras ainda vão levar um certo tempo até que tudo fique do jeito que eu esperava, mas não tenho pressa. Meu refúgio vai estar sempre ali. E ainda tem muita gente querida que vai passar por lá, muita história pra acontecer, muita vida boa pra gastar ali na minha casinha nova.

Bem vindos =)

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

#29: Tratamento com Roacutan

Se você por acaso acompanha este blog, pode ter pensado que desisti do meu desafio de viver 30 novidades antes de completar 30 anos. A verdade é que dois acontecimentos que vivi antes dos 30 se estenderam até agora, e preferi esperar que acabassem para falar a respeito. Por isso o atraso ;)

A primeira destas é ter feito tratamento com Isotretinoína, o Roacutan. Essa foi uma experiência um pouco difícil, mas, diria, necessária. E fica aqui o relato para tirar possíveis dúvidas de alguém que queira fazer o tratamento, mas tenha algum medo; ou, ainda, pra quem quiser saber um pouco mais dessa experiência diferente que passei.

O mistério é que nunca tinha tido grandes problemas de pele quando adolescente, e comecei a ter espinhas por volta dos 27 anos. Pode ser a chamada "espinha nervosa", decorrente do estresse. Não sei. Só sei que não queria mais passar por esse incômodo e minha dermatologista me convenceu a começar o tratamento.

Tinha muito receio de tomar o remédio por conta de tudo o que havia escutado sobre ele, mas, pelo que pesquisei, a fórmula mudou muito de uns anos pra cá e se tornou menos agressiva ao organismo.

O tempo inicial de tratamento é geralmente calculado com base no peso da pessoa. Com meus 60kg, inicialmente tomaria por 6 meses e meio a dose de 40mg (2 cápsulas) por dia. Aqui em São Paulo, foi possível retirar o remédio sem custo na Farmácia de Alto Custo, que é do Governo do Estado e fica no Glicério, mediante apresentação dos documentos necessários - o que foi uma grande mão na roda, já que a caixinha com 30 comprimidos custa cerca de R$ 200,00 e eu tomaria duas por mês.

O tratamento exige visitas mensais ao dermatologista e pede atenção redobrada com a saúde em geral. Bebida alcoólica, raramente, e você sente que não faz bem mesmo. Como o remédio é processado no fígado e é muito forte, ele já consome muito de sua capacidade. Com isso, deve-se evitar beber para não sobrecarregá-lo.

Métodos anticoncepcionais são mais do que obrigatórios para as mulheres, já que o remédio pode gerar má formação do feto e aborto. Por isso mesmo, todo mês ao pegar a receita, era preciso levar também o Beta HCG, exame de gravidez, atualizado e, é claro, negativo.

Além disso, são necessários hemogramas trimestrais para acompanhamento do organismo em geral. No meu caso, por exemplo, o remédio gerou aumento do colesterol, o que segundo minha médica é algo comum durante o tratamento.

Para retirar ou comprar o remédio, também é necessário preencher um documento assumindo que você sabe dos seus riscos. Isso porque, em pessoas com tendência, o medicamento pode causar depressão ou mesmo levar ao suicídio. É claro que os casos não são assim comuns, mas o fato é que senti um desequilíbrio emocional bem significativo durante os primeiros meses do tratamento. Era como uma TPM constante (imagina!).

No primeiro mês, minha pele colocou pra fora todas as espinhas; em seguida, descascou bastante por mais uns 2 meses, daí parou e fiquei só com o nariz, olhos e lábios ressecados. Faz parte do tratamento ter um kit com colírio lubrificante (eu usei o Fresh Tears, que foi muito bom), soro fisiológico para o nariz e um protetor labial (que, pra mim, não teve melhor que o Bepantol). Há casos em que os lábios racham feio, mas acredito que é só mantê-los hidratados que não tem erro!

Os produtos em geral, como sabonete e hidratante para o rosto, só devem ser usados mediante recomendação médica, já que a pele fica realmente muito sensível e pode ter inúmeras reações a produtos convencionais.

Depois destes primeiros meses, a pele passa a ficar bem bonita e super macia (ah, os cabelos também ;) e então os efeitos colaterais do remédio ganham menos importância. Você passa a aceitar um chopp ou tacinha de vinho e vê que, se não exagerar, não tem problema (claro que isso deve ser visto caso a caso).

Minhas espinhas nervosas foram um bocado resistentes, e continuaram aparecendo mesmo depois dos 6 meses planejados de tratamento. Por volta de 9 meses, quando começaram a de fato desaparecer de vez, minha médica iniciou um processo de "desmame", em que passei a uma cápsula por dia em vez de duas.

Um ano de tratamento depois, feliz da vida com os resultados, me vi livre do Roacutan. Voltei à vida normal e, agora, devo fazer um novo exame dentro de dois meses só pra ver se está tudo certo. Os médicos recomendam um período de 6 meses até pensar em engravidar (o que não estaria nos planos agora, de qualquer forma), já que a substância ainda fica no organismo por um tempo.

De fato não me arrependo nem um pouco de ter feito o tratamento. A única coisa da qual me arrependo é de não ter feito um "antes e depois", pra que pudesse lembrar de que valeu a pena passar por tudo isso para ter uma pele mais bonita e saudável :)