domingo, fevereiro 16, 2014

#16: Comer um bauru em Bauru

A história do sanduíche bauru nos leva à São Paulo da década de 30. Casimiro Pinto Neto, conhecido como "Bauru" por conta de sua cidade natal, era estudante de direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Na época, ele e seus amigos costumavam frequentar o Ponto Chic do Paissandu, onde tinham bastante intimidade com os funcionários da casa.

O Ponto Chic do Paissandu, na época.
Diz-se que em uma noite, em 1934, Casimiro teve a ideia de um novo sanduíche, e passou as coordenadas para o cozinheiro do local: pão francês sem miolo, uma porção de queijo mussarela derretido em banho-maria, fatias de rosbife, rodelas de tomate e picles. Um amigo que estava com ele pediu um lanche igual para experimentar: gostou. Naquela noite, várias pessoas pediram o lanche "igual ao do Bauru", e ele continuou a ser muito requisitado até que virou item fixo no cardápio, levando o nome de seu criador (aliás, até hoje, no site do Ponto Chic, o grande atrativo é "o famoso bauru").


Na cidade de Bauru, o sanduíche não era conhecido até por volta dos anos 70, quando o seu Zé - trabalhador incansável de restaurantes e clubes da cidade - resolveu abrir seu próprio negócio e inaugurou o Skinão. Zé já tinha tido contato com Casimiro Pinto Neto, e conhecia a receita.

Esse é o seu Zé :)
Quando abriu o Skinão, que inicialmente era um bar, achou que o local tinha que ter uma marca registrada, um diferencial. Resolveu, então, resgatar a receita do bauru original, assim como tinha sido pensado por Casimiro na década de 30, e então transformou o lugar no principal ponto de venda e divulgação do sanduíche.


A partir daí, a notícia se espalhou e o bauru passou a ser divulgado não só na cidade, como no Estado de São Paulo e em todo o país. A receita sofreu adaptações e diferentes versões, e hoje em dia é mais conhecido o bauru de presunto, queijo e tomate.


Pois foi lá mesmo no Skinão que, na noite de ontem, tive o prazer de conhecer a história deste sanduíche e, é claro, experimentar o bauru original, que custa R$ 15,00. Sempre gostei bastante de bauru (a receita adaptada) e jamais imaginei que tinha tanta história por trás de um simples lanche. Posso dizer que a receita original é deliciosa, muito diferente e mais saborosa do que a popularizada por aí, e que é bacana de ver o orgulho que eles têm do lanche ter se tornado tão famoso.

Vai, gordinha =P
Nas pesquisas sobre a história e curiosidades sobre o bauru, descobri também que existe um site, em que é possível registrar diferentes receitas e receber o selo de "estabelecimento certificado" para comercializar o sanduíche mais famoso do Brasil.

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

#15: Conhecer o Templo Zu Lai

Quando comecei com essa história de viver 30 experiências antes dos 30 anos, um dos primeiros itens da lista era conhecer o Templo Zu Lai. Sempre vi fotos e ouvi falar muito bem de lá, e queria buscar um pouco de paz, pedir proteção e, principalmente, agradecer por tudo o que vem me acontecendo.

Pois bem, no último final de semana, aproveitando esse solzão que castiga mas também deixa os dias tão bonitos, finalmente fui conhecer o templo.


O lugar, considerado o maior templo budista da América do Sul, fica em Cotia, muito perto de São Paulo (era domingo cedo e chegamos em menos de meia hora), e aos finais de semana abre às 9h30 religiosamente. Conseguimos estacionar o carro sem problemas e seguimos em direção ao templo. Logo pudemos sentir o cheiro de incenso e escutar a música calminha, que aos poucos vai te colocando num clima de muita paz logo que se chega lá.


Todos os domingos, realiza-se celebrações budistas diversas, e neste último foi o dia da Cerimônia de Oferenda de Luz. São quase duas horas recitando mantras, os quais se pode ouvir em toda a extensão do lugar. Infelizmente, não consegui participar, pois mulheres não podem entrar de bermuda nem regata.

Aliás, eles são bastante rígidos com relação às regras de conduta: não pode entrar de bermuda nem regata, não pode fotografar dentro do espaço de cerimônias, não se pode comer em toda a extensão do local, nem se deitar ou sentar de forma desleixada, nem tocar nas esculturas.


No fim das contas, é importante que as regras sejam seguidas para que se mantenha o clima respeitoso e a disciplina por ali, porque se vê que muita gente visita o lugar só pra conhecer mesmo (como foi o nosso caso).

Depois de meditar um pouco ao som daqueles mantras, o incenso queimando forte, passeamos pelos jardins que cercam o templo. Logo no jardim de entrada, há os 18 Arhats, monges que, segundo o budismo, atingiram a libertação deste mundo (a mesma que buda, porém este conquistou esta libertação por conta própria, enquanto os Arhats seguiram ensinamentos para atingir este estado).


Cada um está em uma posição diferente e no site do templo é possível conhecer a história de todos eles.


Passeamos pela sala de arte budista, em que aprendemos que muitas representações de buda levavam uma suástica gravada no peito, representando a harmonia e o equilíbrio (o símbolo foi corrompido ao longo dos tempos pelo regime nazista, sendo usada no sentido oposto ao que consta nas esculturas budistas), e depois fomos à padaria comprar os famosos pães integrais que eles vendem lá.


Engraçado que todo mundo que recomenda a visita ao Templo Zu Lai diz que "é obrigatório provar os pães feitos pelos monges". "Na verdade, as receitas são todas aprovadas pelos monges, mas os pães são feitos pelos funcionários da padaria mesmo", explicou a mocinha que nos mostrou os mais diversos sabores de pães: linhaça, milho, 7 grãos e até o pão australiano que, segundo ela, "não perde nada para o pão do Outback".

Uma manhã bastante iluminada e especial.

Mais informações em www.templozulai.org.br