segunda-feira, outubro 13, 2008

Fazenda São Bento, 5 de julho, 9 horas da manhã.

Acordei às 6h30 e saí de pijama mesmo pela rua da pousada, como vinha fazendo todos os dias. Quase não passa gente ali naquela hora e, se passar, ninguém vai se preocupar se você está de meias com chinelo ou descabelada. Fiquei um tempo ali, parada, sentindo os primeiros raios do sol e a brisa fresquinha da manhã.

Foi quando escutei o barulho característico dos tucanos, um “croc-croc” que jamais vou conseguir narrar por aqui. No alto de uma árvore, avistei o bico grande e amarelo de um tucano solitário. E olha que é difícil encontrar um tucano sozinho: eles geralmente andam em casais.

Aproximei-me devagarzinho até ficar bem em frente à árvore. E ele desfilou sua beleza pra mim durante alguns minutos, dos mais lindos da minha vida.

Café-da-manhã tomado, fomos ao passeio pela Fazenda São Bento, onde se encontram as cachoeiras de Almécegas I e II. Mas, antes, uma parada no ninho das araras. Será que dessa vez seria possível vê-las?

Não demorou muito para que elas notassem a nossa presença e começassem um verdadeiro show de “aeromodelismo”. Eram cinco, azuis na parte de trás e amarelas no peito, e pareciam querer esquentar suas asas ao sol enquanto se exibiam pra nós.

Voavam em duas, e sempre ficava uma tomando conta de um dos filhotes que parecia ainda não ter coragem o suficiente pra encarar o vôo. Gritavam muito, um barato! Não consegui sair de lá até que todas alçassem vôo em busca de alimento, inclusive o filhote medroso, que depois de muito custo deixou seu lugarzinho no tronco do velho buriti e rasgou o céu ao lado de seus pais.

Lindo, lindo. Emocionante, inesquecível. O sol batendo e elas voando, rodando, bem acima das nossas cabeças.

Um dia que começa assim não tem como ser ruim, né? Seguimos pela estrada até a entrada da fazenda. Atualmente, há uma tiroleza neste local, são 850m de comprimento com uma vista linda da chapada, mas preferimos ficar só (só??) nas quedas, mesmo.

Almécegas I é de longe a cachoeira mais gelada em que já estive. O sol bate ali durante poucas horas do dia, o que, juntamente com a vegetação que cresce entre as pedras, dá um ar selvagem ao local (foto à esquerda). Paulo pulou de uma altura de 12 metros, eu não tive coragem. Depois de gelar a alma, partimos para Almécegas II, uma bela queda com um poço bom de nadar.

Lá, sim, eu saltei, de mais ou menos 6 metros de altura. Que frio na barriga! Nadamos por lá bastante tempo, até resolvermos finalizar com a última parada do dia: São Bento (foto à direita), uma enorme queda que desemboca em um gigantesco poço, onde inclusive ocorrem as etapas brasileiras do mundial de pólo aquático. “É um barato, gente do mundo todo acampando aqui em volta, jogando nessa água gelada”, escutamos por lá.

Por falar em gente do mundo todo, quando entramos n’água avistamos um grupo de mais ou menos 40 indianos (não estou brincando), dentre crianças, homens e mulheres. Uma situação totalmente non-sense, todos vestidos com panos, vestidos e muitos, muitos acessórios. Anéis no pé, pulseiras, brincos... É bonito de ver o quanto são vaidosos. Os homens tiraram as camisas e entraram com as crianças na água. As esposas preferiram molhar só os pés e ficar conversando.

Saímos da água e passamos entre eles, nas pedras, sem entender uma palavra do que diziam, tampouco de onde haviam saído. Coisas que você só vai ver na Chapada dos Veadeiros.

Fotos: PH Schneider

Um comentário:

Sinta-se em casa