sexta-feira, maio 09, 2008

Bernardo e sua musa

Bernardo tem 19 anos. Parece menos, quando se olha pra ele. Parece mais, quando se começa a conversar. Acostumado a ajudar em casa desde pequeno, tem uma maturidade incomum aos garotos de sua idade.

É um menino romântico. Pouco se importa com as atrizes pornôs que seus colegas cismam em mostrar a ele. Porque ele quer um amor de verdade. Apesar da pouca idade, ele prefere escolher uma só menina e se dedicar a ela.

Foi assim no amor platônico que nutriu pela filha de seu chefe. Conheceram-se na internet, e mesmo sabendo do abismo que havia entre eles, e do risco de perder o emprego, ele insistiu. E ela dava bola, do tipo que sabe que é bonita. Mas eram muitas as diferenças, e a qualquer momento o chefe poderia descobrir e acabar com a vida dele. Não deu certo.

E foi na estação de metrô que ele nomeou sua nova musa. A menina aparentava ter a mesma idade dele. Linda, cabelos castanhos caídos nos ombros, olhos verdes. Cruzaram-se alguns dias, ele a caminho do curso, ela provavelmente a caminho da faculdade, porque levava sempre muitos livros, e ele tinha vontade de pedir pra ajudar a carregá-los.

Passadas duas semanas, depois de se cruzarem diversas vezes na mesma estação, Bernardo teve uma idéia: havia trocado de celular naquela semana e, na ocasião, portava o novo e o antigo. Resolveu entregar a ela o antigo, com a desculpa de que ligaria mais tarde para conversarem. Tomou coragem e foi até a garota que, sem falar nada, pegou o celular e seguiu seu caminho.

Um pouco aliviado por ter feito tudo conforme o planejado, mas ainda sem saber o que na verdade a menina tinha achado, Bernardo desceu em sua estação e foi para a fila do ônibus. Pegou o celular novo nas mãos, estudando a melhor abordagem, a hora certa de ligar... Iria propor um almoço? Um cinema? Não sabia ao certo.

Foi quando uma nuvem pairou sobre a sua cabeça. Como naqueles desenhos, em que você anda e a nuvenzinha acompanha, e todo o restante está ensolarado e só você está nublado e os pensamentos se misturam e sua visão fica embaçada...

Naquela hora ele se lembrou que NÃO HAVIA LIGADO O CELULAR!

Ou seja, se houvesse alguma possibilidade de a menina querer falar com ele, ela não conseguiria, porque o celular exigiria uma senha para ser habilitado e, obviamente, ela não sabia esta senha! E, pra completar, com o final de seu curso ele não poderia mais sair naquele horário em que se cruzavam.

Sentiu-se um completo idiota. Como poderia ter esquecido esse detalhe tão importante? Pensara em tudo, a forma de falar, a roupa que estava vestindo, a abordagem... Mas esquecera do principal.

Perdera a garota e o celular.

2 comentários:

  1. Anônimo4:48 PM

    é, um dia Bernardo acorda!!!

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  2. Anônimo9:07 PM

    Calma Bernardo.... A garota ideal vai aparecer pra vc.

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