quinta-feira, maio 08, 2008

Fordunço cultural

Eu era uma das espremidas aí no meio.

Eram muitos os locais em que iriam acontecer as apresentações da Virada Cultural, por isso optei pela região central, pois os principais shows seriam por lá. Vários palcos, cada um com um tema, traziam artistas de todo tipo e todo Brasil.

No primeiro horário, precisava escolher: Mariana Aydar ou Dona Inah? Confesso que a primeira faz mais o meu tipo, mas, como paramos perto do Largo de Santa Efigênia, acabei assistindo à apresentação da sambista, convidada da comunidade Samba da Vela. Como estava no início do evento, a pista ainda estava vazia, o que me permitiu sambar e cantar horrores... Adorei.

Eram mais de 19h quando deixei o Palco dos Bambas, em direção ao Pateo do Colégio. Talvez desse tempo de pegar alguma coisa do Mundo Livre S/A, não fosse a pouca noção do centro que tinha, somada à falta de orientação dos policiais que tentaram me auxiliar. Resultado: cheguei ao palco Bandas Independentes na contramão de centenas de pessoas, que deixavam o show. Mas peguei o Vanguart, grupo folk de Cuiabá, que estava animadíssimo e demonstrou muita qualidade musical.

Terminado o Vanguart, passei pela pista de reggae, onde o rastafári Sine Calmon começava sua apresentação. Centenas de regueiros se amontoavam para ver o músico, que já foi muito criticado por sua postura religiosa em relação à música. Arrumei um lugar bacana na lateral, e vi o show inteiro.

Depois disso, corri para tentar pegar alguma coisa do show da Gal, que acontecia no palco São João. Que sorte! Consegui escutar as duas últimas músicas, e senti que talvez não precisasse ter ouvido mais que isso. Foi lindo participar de um coro de milhares de pessoas cantando “Trem das Onze”, e do final emocionante com “Sampa”.

Daí, era escolher: assistir Marina De La Riva na Rio Branco, enfrentar uma fila para tentar assistir Sá, Rodrix e Guarabyra, ou ficar por lá mesmo e aguardar o Zé Ramalho. Como muitas pessoas saíam do local, preferi ficar por lá mesmo, e me posicionei perto do palco. Mal sabia eu que, em poucos minutos, o lugar se transformaria num inferno.

Se não foi o momento mais claustrofóbico da minha vida, foi um dos três mais. Faltando meia hora para o show, muitas e muitas pessoas queriam se aproximar do palco, causando um empurra-empurra que me fez sentir como uma porta giratória de banco. Está rindo? É porque você não sabe o que eu passei. De rasteirinha ainda, meu Deus! Será que eu não aprendo nunca?

Muitos pisões e empurrões depois, decidi sair dali. Caminhei muito lentamente, até que cheguei a um local em que pelo menos dava pra respirar com tranqüilidade. Ou melhor, mais ou menos, porque era próximo aos banheiros químicos e, por mais que se quisesse respirar, o odor não era dos melhores.

Enfim, assisti (ops, escutei) ao show do Zé Ramalho de lá mesmo, assustada com os moradores de rua que escalavam os banheiros químicos e quase os derrubavam. Medo, muito medo. Tanto que sequer cogitei esperar os Mutantes às 3h da matina, e fui embora assim que Zé Ramalho finalizou.

No domingão, mesmo com várias opções bacanésimas para assistir (não queria ter perdido Cachorro Grande e Arnaldo Antunes, buá), não tive ânimo pra voltar pro centro. A noite anterior fora extremamente desgastante. Preferi sentar no Bar do Peixe com as amigas e apreciar patinhas de camarão e porções de cação regadas a uma cerveja bem gelada. Juro que não me arrependi.

(Foto: Marcus Desimoni - Uol)

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