terça-feira, março 11, 2008

Tarsila Viajante na Pinacoteca

Tarsila do Amaral nasceu em berço de ouro. Filha de um abastado fazendeiro de café, passou metade da vida viajando por diversos lugares do Brasil e do mundo, e a outra metade retratando estas viagens em belas e coloridas telas.

Com o objetivo de mostrar a influência destas viagens em sua arte, a Pinacoteca abriga, até o dia 16 de março, a mostra "Tarsila Viajante". São 35 pinturas e mais de 100 desenhos de diversas fases de sua vida, que retratam paisagens de toda parte, sempre com os traços grossos, as cores fortes e as formas exageradas que marcam sua pintura.

Pode parecer clichê, mas fiquei emocionada de verdade ao me deparar com o "Abaporu" (em tupi-guarani, "homem que come homem"), concebido em uma fase em que Tarsila resgatou as lendas contadas nas fazendas em que passou a infância. Essa obra foi dada a Oswald de Andrade, na época seu marido, e deu início ao Manifesto Antropófago (ou seria antropofágico?), que buscou restagar o instinto e as origens da cultura brasileira, em resposta às críticas recebidas na Semana de Arte Moderna.

Foi muito interessante, também, ver o tamanho do quadro "Operários", pintado após uma viagem à Rússia - a qual só foi possível porque Tarsila vendeu alguns quadros, porque com a crise cafeeira de 29 seu pai perdeu grande parte de seus bens. Convivi boa parte da minha vida com esta obra, pois ilustrava a capa de um livro de história do colégio, e isso trouxe um resgate bacana em minha memória.

Se você ainda não foi, faça como eu: deixe para a última hora, mas não deixe de contemplar esta obra primorosa. A organização, excelente, garante a pouca espera nas filas inclusive aos sábados, quando a entrada é gratuita.

Serviço
Tarsila Viajante
Somente até 16 de março
Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, 2 – Luz
(11) 3229-9844
Terça a domingo, das 10h às 18h
_________________________
Quadro: "Religião Brasileira", de 1927. Ao desembarcar no Porto de Santos depois de uma de suas viagens à Europa, Tarsila parou para comprar doces em uma casa de pescadores. Deparou-se com um altar cheio de santos e flores, e rapidamente fez um rascunho que se tornou essa bela obra. Quem não queria ter uma dessas na sala de casa?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sinta-se em casa