Tarsila do Amaral nasceu em berço de ouro. Filha de um abastado fazendeiro de café, passou metade da vida viajando por diversos lugares do Brasil e do mundo, e a outra metade retratando estas viagens em belas e coloridas telas.
Com o objetivo de mostrar a influência destas viagens em sua arte, a Pinacoteca abriga, até o dia 16 de março, a mostra "Tarsila Viajante". São 35 pinturas e mais de 100 desenhos de diversas fases de sua vida, que retratam paisagens de toda parte, sempre com os traços grossos, as cores fortes e as formas exageradas que marcam sua pintura.
Pode parecer clichê, mas fiquei emocionada de verdade ao me deparar com o "Abaporu" (em tupi-guarani, "homem que come homem"), concebido em uma fase em que Tarsila resgatou as lendas contadas nas fazendas em que passou a infância. Essa obra foi dada a Oswald de Andrade, na época seu marido, e deu início ao Manifesto Antropófago (ou seria antropofágico?), que buscou restagar o instinto e as origens da cultura brasileira, em resposta às críticas recebidas na Semana de Arte Moderna.
Foi muito interessante, também, ver o tamanho do quadro "Operários", pintado após uma viagem à Rússia - a qual só foi possível porque Tarsila vendeu alguns quadros, porque com a crise cafeeira de 29 seu pai perdeu grande parte de seus bens. Convivi boa parte da minha vida com esta obra, pois ilustrava a capa de um livro de história do colégio, e isso trouxe um resgate bacana em minha memória.
Se você ainda não foi, faça como eu: deixe para a última hora, mas não deixe de contemplar esta obra primorosa. A organização, excelente, garante a pouca espera nas filas inclusive aos sábados, quando a entrada é gratuita.
Serviço
Tarsila Viajante
Somente até 16 de março
Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, 2 – Luz
(11) 3229-9844
Terça a domingo, das 10h às 18h
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Quadro: "Religião Brasileira", de 1927. Ao desembarcar no Porto de Santos depois de uma de suas viagens à Europa, Tarsila parou para comprar doces em uma casa de pescadores. Deparou-se com um altar cheio de santos e flores, e rapidamente fez um rascunho que se tornou essa bela obra. Quem não queria ter uma dessas na sala de casa?
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