segunda-feira, dezembro 23, 2013

#8: Assistir a um musical da Broadway (ou dois :-)

Desde que assisti "Miss Saigon" aqui em São Paulo, há alguns anos, sempre fiquei imaginando como seria assistir a um musical da Broadway NA BROADWAY. Porque é claro que as adaptações são maravilhosas e super fieis, mas os espetáculos originais deveriam ser ainda melhores. Imaginava as mega produções, as vozes impecáveis de arrepiar o corpo todo…


Quando soube que ia pra NY, a primeira coisa que fiz foi comprar ingressos com antecedência. Decidi que iria assistir a um clássico e outro de rock e, depois de pesquisar entre amigos e sites, resolvi assistir "The Phantom of the Opera", o mais antigo de todos, e "A night with Janis Joplin", que me atraiu mais do que o "Rock of Ages". Não peguei os melhores lugares, mas comprei no mezanino e paguei US$ 90 em cada.


Primeiro foi o da Janis, numa segunda-feira. O Lyceum Theatre estava relativamente cheio e o palco não parecia trazer grandes inovações tecnológicas. Sentei entre um senhor muito alinhado, de gravata borboleta, e uma senhora gordinha que logo puxou papo. Eu disse que estava amando a cidade e que o único problema era o frio: "não me dá vontade de fazer nada!" E ela então me disse aos risos que era por isso mesmo que gostava tanto do frio: "o que eu mais gosto na vida é ficar sem fazer nada, querida."


Quando o espetáculo começou, vi que não teria grandes cenários. Era um ambiente como uma sala, com móveis antigos, um palco no centro e outro no fundo, onde ficava a banda. Era relativamente pequeno e todo iluminado com abajures espalhados. Muito simples e muito bonito.


Não precisou de 5 minutos pra eu entender que o forte ali não seria mesmo o cenário. Após uma breve introdução, chamou-se ao palco Janis Joplin, que além de parecida, estava impecavelmente caracterizada como a cantora. E, quando ela começou a cantar, desabei a chorar sem o menor controle, sem pensar em absolutamente nada, apenas tocada pela música e por aquela voz tão parecida com a original.

O espetáculo inteiro é muito emocionante. Janis conta a história de sua vida e repassa todas as suas principais influências no blues. Subiram ao palco Aretha Franklin e Nina Simone, também muito bem caracterizadas e com vozes arrepiantes. E Janis tocou todos os seus principais sucessos, convidando a todos a se levantarem pra dançar. E eu viajei com ela e chorei do início ao fim, copiosamente. 

Depois de tanta emoção, imaginei que dificilmente "O Fantasma da Ópera" poderia superar o que havia passado ali. E estava certa.


Nessa segunda vez, tinha mega produção, cenário, figurinos maravilhosos. Os ambientes eram trocados rapidamente e em segundos iam de uma casa a um pântano (cujo gelo seco dava mesmo a impressão de que eles estavam navegando). Os efeitos, o elenco, tudo muito mais grandioso e performático do que o espetáculo anterior. As interpretações são perfeitas e é até difícil de acreditar que aquelas vozes sejam deles mesmo. E é uma bonita história de amor, acima de tudo.


Ambas as experiências foram lindas e muito válidas, mas percebi que não precisa de nenhum palco giratório ou lustres voadores pra gente se emocionar a noite inteira.

Tudo depende de como cada som toca você.

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