quarta-feira, outubro 31, 2007

Tiiiim Festival!

O Tim Festival, realizado no último domingo no Anhembi, começou cedo pra mim. Por volta das 16h30, horário em que abriram a entrada de imprensa, lá estávamos nós. O local recebia as primeiras pessoas que, animadas, corriam para garantir seu lugar na grade. Tsc tsc tsc. Horas mais tarde (MUITAS horas mais tarde), eu as veria vermelhas de sol, com o cansaço estampado no rosto, esmagadas contra a grade e, em alguns casos, carregadas por bombeiros até o posto médico.

O evento começou com atraso - que se prolongaria como uma bola de neve de show em show. O Spank Rock, primeiro grupo a se apresentar, mostrou batidas e vocais de hip hop, unindo-os a percussionistas. “Aquele ali é que é o Olodum?", escutei de um amigo bem-humorado. Isso representou a reação do público em geral. Não se entendia muito bem o que o Spank Rock fazia lá. Pô, vem fazer percussão no Brasil? O Otto, da área VIP, que também é percussionista, devia estar dando risada.

Em seguida, entrou o Hot Chip, do qual eu conhecia apenas o hit “Over and Over”. Confesso que me surpreendi com a apresentação, apesar da pane no sistema de som que interrompeu o show por quase meia hora. O vocalista, Alexis Taylor, é daqueles caras que você olha e não dá nada. Baixinho, de óculos, carinha de nerd, o britânico surpreende quando começa a cantar. Uma voz limpa, afinadíssima, gostosa de ouvir. Gostei.

Mas era a Björk que eu estava esperando. Com um cenário formado por bandeiras fluorescentes com motivos orientais, o show da islandesa foi produzido para se ouvir e se ver. Logo entrou uma orquestra de garotas islandesas, com instrumentos de sopro e roupas coloridas. Ouviram-se os primeiros gritos, era ela.

Trajando um vestido com as cores do arco-íris e um chapéu exótico, Björk iniciou a apresentação com “Earth Intruders”, com a qual abre também seu último CD, “Volta”. A partir de então, foi uma mistura de músicas novas e grandes sucessos, como “Hyperballad” e “Hunter”. O Anhembi veio abaixo.

Com efeitos especiais, chuva de papéis picados e o potente e agudo vocal da mulher que parece menina (está para completar 42 anos), o show foi lindo, e uniu instrumentos clássicos e as mais modernas tecnologias. Foi utilizado inclusive um áudio pad, espécie de mesa em que são coordenados efeitos musicais com o toque da mão. Björk finalizou com “Declare Independence”, e anunciou em seu inglês mais que peculiar: “I’m very happy to be in Brasil”, agradecendo com um “opigato” charmosérrimo.

Pouco depois, entrou a hollywoodiana Juliette Lewis e a banda The Licks. Já havia escutado bastante coisa dela, e estava ansiosa para vê-la ao vivo. Desde o momento em que subiu no palco, com a pena na cabeça característica, parece que baixou um santo em Juliette, sem brincadeira. A moça se jogou no chão, se enrolou com a bandeira do Brasil, se debateu e gritou a cada música. Mostrou que, para fazer sucesso, é preciso atitude, antes até de uma boa voz (que ela não tem).

Com uma apresentação totalmente clichê, porém de qualidade, Juliette and the Licks agradaram, com músicas já conhecidas como “Sticky Honey” e “You’re Speaking my Language.” Peguei uma simpatia grande pela atriz, que é muito carismática.

Juro que, cansada, após o show, cheguei a pensar: “ainda tem o Arctic Monkeys. Quero logo o the Killers!” Me arrependi de pensar assim, acho que subestimei os meninos. O Arctic Monkeys fez, sem dúvida, o melhor show do festival.

Com batidas e vocais rápidos, o grupo conseguiu demonstrar criatividade e inovação. Suas músicas têm pausas estratégicas, voltam no contra-tempo, e fogem totalmente dos padrões, mesmo utilizando os instrumentos básicos guitarra + baixo + bateria.

Com canções como “Mardy Bum”, “Do Me a Favour” e “Fake Tales of San Francisco”, o Arctic Monkeys provocou histeria nos mais de 20 mil presentes. Eu era um deles.

Completamente tocada pelo show, e muito cansada (já que terminou por volta das 3 da manhã, horário que eu achei que fosse terminar o festival), aguardei sem paciência o show do The Killers, último da noite. O cenário, totalmente elaborado, com um tecido vermelho de veludo ao fundo, onde penduraram um letreiro luminoso escrito “Sam’s Town”, tinha muitas flores espalhadas e luzes que envolviam desde o órgão de Brandon Flowers, até os sintetizadores e a bateria.

Uma hora (e muito menos paciência) depois, os integrantes do Killers entraram. Brandon, com seu habitual bigodinho, demonstrou um carisma e um controle do público incríveis, além de ter uma voz linda.

Mesmo animada, principalmente com os sucessos “Somebody Told Me”, “Smile Like You Mean It” e “Mr. Brightside” (que escutei do estacionamento, porque não tinha mais pernas), o show do Killers não surpreendeu. Eles cumpriram com seu papel, fizeram uma apresentação bacana, mas a impressão que eu tive era a de que nada poderia ter sido melhor do que o show anterior.

Saldo final: palmas para a Björk, com seu show impecável, e palmas para o Arctic Monkeys, que mostrou que músicas criativas e profissionalismo são mais importantes que se debater no palco ou armar um cenário espalhafatoso.

Foto: PH Schneider

4 comentários:

  1. Assino embaixo, linha por linha! Excelente!!! Ainda estou tentando digerir esses dois shows: da apaixonante björk e o impecável arctic monkeys.
    "Opigato!" =D

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  2. Killers fechou com "All These Things I've Done". Ou seja, tocaram suas melhores músicas.Gostei muito do show deles. Achei que tiveram uma excelente presença de palco, muito carismáticos!
    Valeu a pena ter que chegar em casa, tomar um banho e encarar um dia inteiro de muito trabalho pela frente.
    Bjos

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  3. Anônimo12:26 PM

    Mari, como sempre excelentes seus reviews. Neste eu não pude comparecer, mas provavelmente irei ao Police no RJ em Dez. Se vocês forem cobrir, dêem um toque.

    Bjão!

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  4. Anônimo12:31 PM

    Mari, esta foto é sua????
    :)

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