quarta-feira, agosto 15, 2007

Scorpions

Há coisas na vida que têm que acontecer, o tal do destino. Pois bem, a minha ida ao show da banda alemã Scorpions, na noite de ontem, é o que se pode chamar de acaso do destino. Porque primeiro eu ia, depois não ia mais por falta de dinheiro. Aí fiquei triste, depois me conformei. E, sem saber de tudo isso, o amigo Elcio resolveu me presentear com um ingresso.

Como fui de trem, não peguei todo o trânsito que pude acompanhar da calçada, centenas de carros que se amontoavam em meio a cambistas e flanelinhas. "Não há mais vagas no Credicard", era o que diziam, e eu só conseguia pensar no meu pai, que iria de carro.

Eram 21h30 quando liguei pra ele, com medo de encontrar do outro lado da linha uma pessoa irritada e exausta de tanto esperar. "Hoje tem que ser especial, não pode dar problema", eu pensava. E ele não conseguiu parar o carro no estacionamento, droga. Mas estava tranqüilo, pois naquele momento estacionava o carro no Multipark ao lado e chegaria em 10 minutos. Durante estes torturantes segundos, mantive-me na fila para entrada na pista, que já acumulava mais de cem pessoas. E, quando estava prestes a chegar à entrada, ele apareceu. Ah, o destino.

A pista do Credicard Hall, que comporta 7 mil pessoas, estava em sua lotação máxima, e o público era o mais variado. Tiozinhos com esposa e filhos se apertavam entre jovens cabeludos e maquiados, ao lado de mulheres com salto agulha e perfumes adocicados que renderam uma bela dor de cabeça ao Elcio.

O show atrasou mais de meia hora, tendo começado por volta das 22h10, e de cara constatei que os cinco integrantes do grupo estão em plena forma. Física também, mas, principalmente, conservam as principais características que têm rendido décadas de sucesso à banda.

Confesso que não conhecia nenhuma das músicas do último álbum, “Humanity Hour 1”. Fiz questão de conhecê-las ao vivo, porque sabia que eles iam alterná-las aos grandes sucessos, e a idéia era ver se os alemães conseguiam manter o alto nível de suas canções. Talvez tenha subestimado os veteranos.

Cada um com um papel fundamental na apresentação, os integrantes
Klaus Meine (vocal), Rudolf Schenker (guitarra), Matthias Jabs (guitarra), James Kottak (bateria) e Pawel Maciwoda (baixo) demonstraram extremo profissionalismo e muita presença de palco. A todo o momento, um dos instrumentos se destacava na música, dando espaço para a realização de solos incríveis.

Destaque para o solo de bateria que Kottak realizou durante uma pequena pausa para descanso. Brincou com a platéia, subiu na bateria, gritou, vestiu uma camiseta do Brasil e cuspiu água pra cima, performances típicas de um astro do rock.

Das canções que conhecia, “The zoo” foi a primeira a ser tocada (e não saiu da minha cabeça até agora). “Send me an Angel” foi tão linda que me fez chorar (ok, eu sei que não precisa muito pra me fazer chorar, mas que foi emocionante, foi), seguida por outros dois clássicos: em “Always somewhere”, Klaus Meine mostrou toda a sua potência vocal, da qual eu cheguei a duvidar, dias antes; com “Holiday”, relembrei um célebre momento do DVD “Acoustica”, gravado em Lisboa em 2001.

E seguiram assim, entre canções novas – como “321”, pop-rock que promete ser um grande sucesso do disco novo – e antigas, como “Blackout”, do bem sucedido disco homônimo de 1982.

Ovacionados, agradeciam muito e o tempo todo, até saírem para dar uma respirada antes do bis. E respira fundo, porque o bis vem com nada mais, nada menos do que os três maiores clássicos do grupo.

“Still loving you” foi a primeira – e essa eu assisti de mãos dadas com meu pai, porque ele gosta muito dessa música e eu, de ir a shows com ele. Na seqüência, “Wind of Change”, como não poderia deixar de ser. E o cara assobia mesmo (eu nunca consegui assobiar tão agudo)!

Nem preciso dizer que me esbaldei ao som de “Hurricane”. Senti-me na década de 80, pulando ao som de “here I am/rock you like a hurricane”!

Mais aplausos, gritos, e o grupo se despediu. Algumas pessoas já iam embora quando os integrantes se entreolharam e fizeram sinais do tipo: “Mais uma? Mais uma?” E soaram os primeiros acordes de “When the smoke is going down”.

Achei até que a gente tinha ganhado de brinde essa última música, mas não. Estava tudo programado. E eu sei porque meu pai conseguiu pegar a folhinha com o set list. Aquela, que fica no chão para os músicos não se perderem. Show com meu pai agora é assim, a gente só sai com algum souvenir.

Foto: Alexandre Schneider/UOL

4 comentários:

  1. Dor de cabeça que, infelizmente, continua. Mas que NÃO deixou o show de ontem menos fodástico haha

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  2. Anônimo10:21 AM

    Um clássico! tenho certeza que seu pai também adorou! Com suas palavras me senti na pista!

    bjos,

    PH

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  3. Anônimo11:28 PM

    Adorei, filha! Vc deixou o show melhor ainda com as suas belas palavras. Beijão, Pai.

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  4. Anônimo11:10 AM

    Gostei do texto, Mari. E o show deve mesmo ter sido demais!!!! Bjo

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