segunda-feira, abril 16, 2007

EU sou outro VOCÊ. Respect!

Imagine-se no final da década de 80, em Goa, Índia. Um extenso gramado com panos psicodélicos pendurados, enfeites, tendas e, à frente, uma cabine em formato de chapéu de bruxa. À direita, um lago iluminado com lâmpadas coloridas. Do outro lado, artesãos expõem seus trabalhos aos visitantes.

Com bastante espaço livre para dançar, as pessoas iam chegando conforme o cair da tarde, e armavam suas barracas no gramado próximo à entrada. Quem comandava a música era o Dj Swarup, e a lista de artistas que iria se apresentar já anunciava a proposta diferente que este encontro trazia.

Pois é. Neste sábado, foi possível presenciar um encontro que remeteu às antigas celebrações de música eletrônica de Goa, onde poucas pessoas se reuniam em nome da união, do respeito e da paz.

A Respect, que aconteceu em Embu-Guaçu, é o tipo de festa que não pode deixar de existir. Um encontro onde as pessoas podem acampar sem medo, com espaço o suficiente para dançar e artistas que só aparecem nos maiores festivais do mundo, mas que no Brasil são vetados por não atraírem milhares de pessoas.

Nenhum DJ considerado da veia “comercial” das festas foi incluso no line-up, dando lugar a alguns dos responsáveis pela disseminação da cultura psicodélica no Brasil, como Thomas (Daime Tribe) e Chicodélico (Flip Out). Thomas, aliás, foi quem projetou a decoração extremamente psicodélica do lugar.

O “dark”, estilo de trance mais acelerado (chega a atingir mais de 160 batidas por minuto) predominou na festa, agradando a quem realmente aprecia as origens da música eletrônica psicodélica e causando certo temor àqueles que não estão acostumados. Extremamente ruidoso, o dark originou o que hoje se chama psy trance (ou trance psicodélico), e não deve ser excluído das festas, mas sim, valorizado. As pessoas que hoje dançam ao som de músicas eletrônicas precisam saber de onde tudo isso veio!

E não foi apenas na música que a festa inovou: as intervenções artísticas nortearam todo o evento, com a participação dos grupos Lumiar, Companhia Teatral Manicômicos e Biolumini, que realizou apresentações de malabares com fogo e luz e encantou a noite.

Estes fatos fizeram da Respect uma das melhores festas em que já estive. Soma-se a isso o fato de estar ao lado de uns trinta amigos, e comemorando o aniversário da minha melhor amiga... Foi tanta felicidade que hoje dá até um vazio.

O fim de semana foi especial, encontrei pessoas queridas, matei a saudade de outras, conversei, dancei. Mas principalmente, estou feliz por descobrir que, no Brasil, existem pessoas que respeitam e valorizam a verdadeira essência das festas rave. Ainda há esperança, afinal.

Foto por P.H. Schneider

2 comentários:

  1. Anônimo3:17 PM

    Realmente, uma festa pra ficar na memória. Ainda há esperança! =D

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  2. Concordo com o anônimo !! estavai ficar na memória....a festa tinha clima de festival !!! perfeita

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