terça-feira, dezembro 12, 2006

José Arcadio Buendía e sua trupe

Terminei essa semana de ler "Cem anos de solidão", do colombiano Gabriel García Márquez. É um clássico, e considerado por muitos entre as principais obras-primas da literatura. E, graças à minha amiga Camilinha, consegui ler.

Primeiro, o detalhe: o livro havia sido comprado em um sebo. Com as páginas amareladas, a capa e a contra-capa soltando, o livro já trazia consigo uma carga de emoção. Emoção de todas as pessoas pelas quais o livro passou, inclusive a minha amiga.

Nunca tinha lido nada do Gabo (como é chamado por seus amigos) - sei que isso pode parecer uma vergonha para uma jornalista interessada em cultura, mas é a pura verdade - e me encantei com seu modo hipnotizante de escrever.

Durante viagens e viagens de ônibus, García Márquez me acompanhou, contando a história de José Arcadio Buendía e sua família. O homem, com alguns amigos e sua esposa Úrsula, fundou o povoado de Macondo, onde as leis e regras eram sustentadas pelo caráter dos moradores.

Com uma série de filhos, netos, bisnetos e tataranetos, todos com suas particularidades e exotismos, a história da família é contada durante cem anos, de forma brilhante. O autor utiliza descrições impecáveis das personagens e do povoado, fazendo com que o leitor se aprofunde na história e queira saber cada vez mais.

É um romance cercado de desgraças, pra falar bem a verdade. Muitas mortes, guerras, traições, relacionamentos conturbados... tipo um "Almodóvar da literatura". Só que um pouco menos escrachado e mais romântico.

Mas mesmo sendo tão sensível como sou, não consegui ficar triste diante dos acontecimentos contados. Não é o tipo do livro - pelo menos no meu caso - que faz chorar. Mas sim pensar. Com pitadas de muita beleza.*

E é isso que faz de "Cem anos" um livro tão instigante. Fundamental para entendermos melhor as relações humanas e analisar profundamente certos tipos de comportamento. Sensacional para pensarmos em como as coisas pequenas fizeram aquele povoado feliz, até que a civilização estragou tudo com as grandiosidades modernas.

A leitura é deliciosa, vale a pena. Obrigada, Camilinha. Obrigada, García Márquez. E até a próxima, com certeza.

* Sempre tento fugir das metáforas gastronômicas. Mas tá difícil!

Um comentário:

  1. Anônimo2:28 PM

    Nossa...Mari...
    Tive a mesma impressão...não é um leitura que faz chorar e sim refletir...sobre as particularidades da sociedade, principalmente!!!
    Adorei a crítica!!!
    Por sinal, seu blogg tá demais...a sua cara...
    Seme sempre...
    Beijinhos
    Te adoro

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