terça-feira, fevereiro 27, 2007

Wa Wa Wee Wa

Rir faz bem. Por isso, valeu a pena assistir ao engraçadíssimo "Borat - o Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América" (Larry Charles).

Nele, o repórter Borat, interpretado pelo caricato Sacha Baron Cohen, vai aos Estados Unidos fazer uma reportagem sobre os costumes do país, para levar ao Cazaquistão lições de vida e novas experiências.

A graça começa com a personagem principal. O britânico Sacha, que também é produtor e roteirista do filme, é daqueles tipos que são engraçados só de olhar. Magrelo, desajeitado, sorriso de bobo, aquela coisa. E ele faz um sotaque carregado, com uma voz fina e meio cantada que realmente faz parecer que veio de um país do Oriente Médio.

Ao mostrar os costumes de seu país, e enfrentar os novos, Borat causa um tipo de riso que há muito tempo eu não via no cinema: o humor crítico e ao mesmo tempo escrachado. Exagerado, sim: ele te pega pelo absurdo.

É comum que o filme cause uma certa vergonha de rir, em algumas situações. Por exemplo: quem daria risada de histórias sobre uma pessoa com retardamento mental que vive presa em uma gaiola? Mesmo assim, é difícil não dar risada de suas trapalhadas.

Em suas experiências pela América, o rapaz apronta de tudo, desde defecar na frente de um grande edifício comercial até cantar o suposto hino do Cazaquistão para a platéia de um rodeio.

As principais críticas, entretanto, dizem respeito aos costumes e mentalidade dos americanos. É comum se deparar, no filme, com conservadores preconceituosos ("Tire este bigode, você parece um terrorista! quando acabarmos de vez com o Iraque, aí sim, você poderá ter este visual", diz um senhor americano), mas nada que uma pessoa com um mínimo de consciência não saiba.

É interessante ressaltar que Borat foi filmado como um documentário, e portanto grande parte das cenas não parece ter sido ensaiada, mas sim, improvisada. E é isso que traz ainda mais peculiaridade ao filme. Li na Folha que muitos dos entrevistados de Borat foram informados de que seriam gravações para um documentário a ser exibido na Europa! Portanto, nada de grandes produções, maquiagem, figurino.

Se você quer aprender sobre a cultura cazaque, desista. O filme termina sem que você saiba o que é realmente verdade e o que é mentira sobre os costumes do país. Se quer ver uma crítica aos Estados Unidos, provavelmente não vai ver muito mais do que já sabe, apesar de reconhecer o esforço e a coragem do rapaz em denunciar costumes preconceituosos estadunidenses.

Mas se você quer dar risada de um sujeito que, inocentemente, quer conhecer a América, e a Pamela Anderson, por quem se apaixona, e que atravessa o mundo em busca de novas e atrapalhadas experiências, assista Borat.

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