quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Meu carnaval? Senta aí que eu te conto!

Você vai pela Dutra, mais ou menos uns 330 quilômetros. Aí começa a subir uma serra, uma estradinha cretina, sobe, sobe tanto que parece que vai chegar ao topo de uma montanha e não vai ter nada lá em cima. Se você sair de São Paulo por volta das 3 da manhã, vai estar no último mirante da serra em tempo de pegar o nascer do sol mais bonito da sua vida. Mais ou menos assim:

Bom, aí você vai ver placas para Visconde de Mauá, que é a mais famosa das três vilas que pertencem ao município de Itatiaia, Estado do Rio de Janeiro. Mauá é toda bonitinha. Cidade de frio, de montanha, faz lembrar Campos do Jordão: tudo de madeira, chalés super charmosos. Tem igreja, pracinha... Mas não foi lá que eu fiquei. Chegando a Visconde, você começa a seguir as placas sentido Maringá e Maromba, que são as duas outras vilazinhas da região.

E aí, sobe um pouco mais. Enquanto sobe, olha a vegetação, típica das regiões montanhosas. Muito pinheiro, araucária... Também, são mais de 1.400 metros de altitude, lá é a região da Serra da Mantiqueira. E não deixa de reparar também no rio que passa sempre ao lado da estradinha de terra. Volumoso, faz aquele barulho de água que é gostoso de ouvir pra dormir.

Em um determinado momento, você vai ver uma grande placa da prefeitura, dando as boas-vindas aos visitantes. Como protesto, em cima dela, uma faixa feita pelos moradores: “Visitantes, desculpem os buracos. A prefeitura de Itatiaia não se importa com a região”. É, realmente o trajeto seria bem mais rápido e seguro se não tivesse tanto buraco.

Um pouco mais de subida, passam diversas placas. Tem hora que parece que sua cabeça vai entrar em parafuso! São realmente muitas placas, apontando para pousadas, campings, restaurantes, cachoeiras... Ah sim, porque o que mais tem por lá são cachoeiras.

Bom, você sobe até chegar à vila de Maringá. Também é uma graça. Cheia de lojas de decoração e artesanato, um centrinho com restaurantes, fábrica de chocolate... Aquele mesmo esquema: tudo de madeirinha, um charme só. Mas também não foi aí que eu fiquei.

Foi na última e mais alternativa das vilas que eu me hospedei: Maromba. É lá que os hippies se instalaram hehe (você tinha alguma dúvida de que eu ficaria nesta vila?). Terra de maluco mesmo, onde o point da cidade chama-se Jamaica e a única alternativa à noite é o bar do Raulzito, em que toca muita música brasileira e, é claro, Raul Seixas pra dar e vender. Em frente à igreja, barraquinhas de artesanato. Na casa ao lado, a placa: favor não estacionar seu cavalo aqui. Achei um barato!

No primeiro dia do carnaval, estava um dia lindo! Você pode imaginar pela foto do nascer do sol, né? Armamos o acampamento com a maior estrutura: gazebo, churrasqueira, mesa, cadeiras... Só faltou o frango e a farofa! Hahahaha. Mas é gostoso acampar assim, sabe, porque não passa perrengue!

Bom, aproveitamos o tempo bom e fomos conhecer a cachoeira mais famosa do local: a do Escorrega (foto abaixo). Ela leva esse nome porque a água desce por uma pedra que, com o passar do tempo, transformou-se em um enorme escorregador. Eu experimentei a sensação de entrar numa máquina de lavar roupa assim que toquei a água. Você é literalmente arremessado contra a água, e por mais que se esforce, não tem como evitar que vire uma cambalhota pra trás. Saí da água toda entupida, mas valeu a pena, foi bacana.

Só sei que, na primeira noite, começou a chover forte e não parou mais. O gazebo virou refúgio, e passávamos boa parte do dia sob sua lona, fazendo churrasco. Quando dava uma trégua, íamos conhecer algumas cachoeiras, mas era impossível entrar. Foi assim na cachoeira de Santa Clara e no Véu da Noiva, dois lugares lindos, mas a água era tão gelada que, se você mergulhasse o pé, ele começava a doer igual quando a gente mexe muito no gelo e fica doendo, sabe? Daquele jeito.

No Véu da Noiva, fomos acompanhados pelo Bruno, um menino muito simpático de 12 anos – apesar de parecer bem menos. A mãe do Bruno é de lá mesmo, e o pai é de Passa Quatro, em Minas. Ah sim, porque lá fica bem na divisa Rio-Minas, então é legal que às vezes você se depara com umas placas assim: em frente: Rio de Janeiro, pra direita: Minas Gerais. Alguns passos, e você estará em outro Estado.

O Bruno é muito corajoso. Quando perguntei que tipo de bicho tinha por lá, ele respondeu sem pensar: cobra. Segundo ele, é só chover e fazer sol em seguida que elas saem pra tomar sol. Ele mesmo já viu várias e quase não tem medo!

Lá é assim. A cada esquina, você conhece uma história nova, seja do sócio do bar que saiu de Santo André e nunca mais voltou, seja do rastafári que saiu de São Paulo em dezembro do ano passado de bicicleta e está subindo devagar, conhecendo pessoas, aprendendo ofícios... Atualmente, ele é auxiliar do padeiro, e já está aprendendo a fazer pães integrais recheados. Se quiser conhecer seu trabalho, vá até a estradinha do Escorrega. Você vai ver uma placa em que se lê: “puxe a corda para chamar o padeiro”. Muito original.

Enfim, o lugar é lindo, a energia é incrível e valeu muito a pena ter ido pra lá. Mas eu quero voltar lá com sol! Talvez na Páscoa, quem sabe? Me acompanha?

Vamos fugir? Pra onde haja um tobogã, onde a gente escorregue...

3 comentários:

  1. patz!
    é o tipo do convite irrecusável.
    =)

    Beijos Mari

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  2. Anônimo1:12 PM

    desculpe exagerada, mas já temos companhia!!!

    bjos Mari, MAROMBA!!!!

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  3. Nossa Mari... Fiquei com muita vontade de conhecer Maromba... Sensacional o texto, gostei... Bjs do Gords, no user da Déia.

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