segunda-feira, dezembro 30, 2013

#11: Almoçar no Central Park

Durante a minha estadia em NY, vivi inúmeras situações que valeriam um post-experiência aqui. Conheci todos os museus que queria, passeei nos principais parques, fui pra balada, comi em diferentes restaurantes, ouvi jazz em barzinho antigo… me arrisco a dizer que acabaria o estoque das 30 experiências só nesta viagem.


Porém, resolvi separar algumas delas para falar a respeito, e no fim das contas foram 6 na cidade. Experiências que, de alguma forma, me mostraram algo novo ou me tocaram de uma forma diferente, fosse pelo ineditismo, pela oportunidade ou pela emoção.


A última que quero contar, e que inclusive é a mais simples delas, foi a experiência de almoçar no Central Park. Estava na cidade havia quase uma semana e ainda não tinha conhecido o lugar, que tem mais de 3.5 km de extensão e ocupa grande parte de Manhattan.

Estava trabalhando na Columbus Circle, que fica na parte sul do Central Park. Então, um dia, resolvi me aventurar e almoçar por ali. Passei em uma Le Pain Quotidien, padaria deliciosa que tem inclusive algumas unidades em São Paulo, e comprei uma salada de salmão defumado e uma sopa de cenoura.


O parque estava quase vazio e dava pra ouvir o barulho do vento nas folhas, que insistiam em cair aos montes. Dei risada ao cruzar com um Capitão América, que passeava tranquilamente, e procurei um banquinho onde pudesse comer.


E foi só abrir a sacola para os esquilinhos se aproximarem. Sei que é proibido, mas dei um pedacinho de pão pra cada um deles e foi uma festa! Queria poder levar todos pra casa.


Enquanto saboreava a sopa - providencial naqueles pouco mais de 5 graus - fiquei observando o movimento por ali. Algumas pessoas se exercitando, outras tirando fotos, o Capitão América passando de volta lá no fundo, carruagens transportando turistas… E, principalmente, fiquei reparando nas árvores, lindas e de todos os tons de vermelho e amarelo. Incrível como as estações são muito diferentes e bem marcadas por aqui.

O amigo Capitão América ao fundo.
Depois de um farto almoço acompanhado por esquilos, voltei para o prédio, onde subi direto para o 19o andar, em que há um terraço com vista pro parque.

Dali, fiquei admirando a imensidão daquele lugar e agradecendo pela simples oportunidade de almoçar ali, ao ar livre, no meio de um lugar tão maravilhoso e cercada por animaizinhos adoráveis.

Porque, no fim das contas, a gente não precisa de muito pra ser feliz.

Trocadilho idiota, mas isso é o que eu chamo de praça de alimentação ;)

#10: Participar de um Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day)

Quando escutava alguém falar sobre o Dia de Ação de Graças (ou Thanksgiving Day), sempre lembrava da Família Dinossauro e o "Dia da Geladeira", ou ainda de algum episódio temático dos Simpsons em que rolava aquele farto jantar com um super peru.

Parecem felizes.
Até que tive a sorte de estar nos Estados Unidos bem nesta data, e entender de perto o sentido de tudo isso.

Na verdade, o Dia de Ação de Graças, como o nome diz, é um momento pra agradecer por tudo de bom que aconteceu ao longo do ano. Começou há muitos anos como um agradecimento às colheitas, por isso acontece no final do outono, e então se manteve a tradição. A data é tão ou mais importante que o Natal para os americanos, e é celebrada sempre na última quinta-feira de novembro.

Em NY, o dia começa com a Macy's Parade, um desfile patrocinado pela Macy's que abre a temporada de festas e que, segundo o site deles, é vista por mais de 3 milhões de pessoas todos os anos. É uma grande festa. As ruas ficam cheias de gente, principalmente crianças, para assistir à passagem dos carros de som, dos blocos e dos milhares de participantes fantasiados, além dos famosos balões com personagens de desenhos infantis. As crianças ficam malucas quando cada personagem passa, aplaudem felizes e gritam "Happy Thanksgiving!"

Despicable :)
A parada percorre o lado oeste do Central Park e desce pela sexta avenida. Um percurso feito em cerca de 3 horas, sempre acompanhado por crianças felizes (apesar de roxinhas de frio).



O último carro, em que o Papai Noel abre oficialmente a temporada de festas
Este dia também é marcado por uma grande celebração em família. Eles costumam viajar de todas as partes do país pra se reunir e fazer um "almojanta", por volta das 16h. Nele, é servido o famoso peru, geralmente acompanhado de purê de batata (doce ou salgada), e de sobremesa uma torta de abóbora ou de nozes. Antes de servir o almoço, o costume é que cada um agradeça por tudo o que aconteceu no ano, e pela oportunidade de reunir a família. Come-se e bebe-se até passar mal.

Uma coisa importante, que até mostra um pouco sobre a cultura dos americanos, é que, na sexta-feira pós Thanksgiving, acontece a "Black Friday", aquele dia em que as lojas supostamente vendem tudo com um bom desconto e as pessoas formam filas desde a madrugada anterior (naquele frio? Eu, hein!).

Inclusive, conheci uma americana que disse que, até a criação da Black Friday, este feriado era o único que não tinha qualquer tipo de consumo envolvido. Era a única celebração unicamente pra agradecer e reunir a família. Daí, os americanos queriam criar um motivo pra estimular o consumo, e inventaram este dia só de compras.

A gente, é claro, aproveita um pouco das duas coisas :)

sábado, dezembro 28, 2013

#9: Passar por uma temperatura de -6

Eu não tenho nenhuma reclamação sobre este período em que passei em NY, exceto por uma coisa: o frio. Definitivamente, eu não nasci pra isso e sofri muito com o tempo gelado.

Primeiro que as roupas do Brasil não foram feitas pra aguentar a temperatura de lá. Por isso, na primeira semana, tive que comprar botas novas, casacos, e a principal aquisição da viagem (e olha que rolou aquisição nessa viagem!): um protetor de ouvido. Foi o que me permitiu fazer passeios externos sem ficar resfriada.



E, ainda que estivesse só com os olhos de fora e teoricamente aquecida, qualquer retirada da luva pra mexer no celular ou tirar uma foto era sinônimo de dedos roxos e dormência nas mãos. Muitas vezes, tive que me esforçar pra caminhar contra o vento (que devia dar uma sensação térmica de uns -15, sem brincadeira).

E é engraçado como a gente que vem do ~país tropical~ sofre muito. Ouvia o pessoal no Brasil falando que o tempo estava um inferno, em quase 40 graus, e só conseguia pensar em quando iria sair na rua de vestido e chinelo. Estranho ficar um tempo sem ter contato com sua própria pele, sempre coberta por meias-calças e blusas "segunda-pele". E o quanto era desconfortável experimentar roupas nas lojas?

Os dias estavam lindos, sempre ensolarados, mas era só sair com o nariz pra fora de casa pra perceber que não ia ser fácil. Cheguei a participar de uma Thanksgiving Parade (ainda vou escrever sobre isso), e fiquei chocada com a quantidade de crianças roxinhas e tremendo de frio. E olha que o frio mesmo ainda estava por vir - peguei o final do outono, e o invernão rigoroso começou logo depois que fui embora.

Plantinha não curtiu isso.
Não cheguei a ver neve por lá (só um dia de manhã que vi uns cristaizinhos caindo, mas muito pouco), mas definitivamente foi uma nova experiência passar por uma temperatura tão baixa.

E ainda voltei pensando que, se tivesse ido no verão, talvez não quisesse voltar mais.

Essa é a cara do sofrimento :)

segunda-feira, dezembro 23, 2013

#8: Assistir a um musical da Broadway (ou dois :-)

Desde que assisti "Miss Saigon" aqui em São Paulo, há alguns anos, sempre fiquei imaginando como seria assistir a um musical da Broadway NA BROADWAY. Porque é claro que as adaptações são maravilhosas e super fieis, mas os espetáculos originais deveriam ser ainda melhores. Imaginava as mega produções, as vozes impecáveis de arrepiar o corpo todo…


Quando soube que ia pra NY, a primeira coisa que fiz foi comprar ingressos com antecedência. Decidi que iria assistir a um clássico e outro de rock e, depois de pesquisar entre amigos e sites, resolvi assistir "The Phantom of the Opera", o mais antigo de todos, e "A night with Janis Joplin", que me atraiu mais do que o "Rock of Ages". Não peguei os melhores lugares, mas comprei no mezanino e paguei US$ 90 em cada.


Primeiro foi o da Janis, numa segunda-feira. O Lyceum Theatre estava relativamente cheio e o palco não parecia trazer grandes inovações tecnológicas. Sentei entre um senhor muito alinhado, de gravata borboleta, e uma senhora gordinha que logo puxou papo. Eu disse que estava amando a cidade e que o único problema era o frio: "não me dá vontade de fazer nada!" E ela então me disse aos risos que era por isso mesmo que gostava tanto do frio: "o que eu mais gosto na vida é ficar sem fazer nada, querida."


Quando o espetáculo começou, vi que não teria grandes cenários. Era um ambiente como uma sala, com móveis antigos, um palco no centro e outro no fundo, onde ficava a banda. Era relativamente pequeno e todo iluminado com abajures espalhados. Muito simples e muito bonito.


Não precisou de 5 minutos pra eu entender que o forte ali não seria mesmo o cenário. Após uma breve introdução, chamou-se ao palco Janis Joplin, que além de parecida, estava impecavelmente caracterizada como a cantora. E, quando ela começou a cantar, desabei a chorar sem o menor controle, sem pensar em absolutamente nada, apenas tocada pela música e por aquela voz tão parecida com a original.

O espetáculo inteiro é muito emocionante. Janis conta a história de sua vida e repassa todas as suas principais influências no blues. Subiram ao palco Aretha Franklin e Nina Simone, também muito bem caracterizadas e com vozes arrepiantes. E Janis tocou todos os seus principais sucessos, convidando a todos a se levantarem pra dançar. E eu viajei com ela e chorei do início ao fim, copiosamente. 

Depois de tanta emoção, imaginei que dificilmente "O Fantasma da Ópera" poderia superar o que havia passado ali. E estava certa.


Nessa segunda vez, tinha mega produção, cenário, figurinos maravilhosos. Os ambientes eram trocados rapidamente e em segundos iam de uma casa a um pântano (cujo gelo seco dava mesmo a impressão de que eles estavam navegando). Os efeitos, o elenco, tudo muito mais grandioso e performático do que o espetáculo anterior. As interpretações são perfeitas e é até difícil de acreditar que aquelas vozes sejam deles mesmo. E é uma bonita história de amor, acima de tudo.


Ambas as experiências foram lindas e muito válidas, mas percebi que não precisa de nenhum palco giratório ou lustres voadores pra gente se emocionar a noite inteira.

Tudo depende de como cada som toca você.

domingo, dezembro 22, 2013

#7: Andar de patins no gelo - Bryant Park, NY

Era mais um dia lindo de sol e muito frio em NY. Um sábado, em que me dispus a fazer todas as coisas que coubessem em um dia, já que durante a semana estava trabalhando. Comecei a caminhada pelo High Line Park, que ficava perto de casa, um parque linear que foi construído em cima dos trilhos de um trem mas que, nesta época, já não estava mais tão bonito por conta das folhas secas (a maioria delas já tinha caído, inclusive). Apesar disso, há muitas obras de arte ao longo da caminhada, que surgem no meio dos galhos e te surpreendem de tempos em tempos, o que torna o lugar bastante interessante.

Obra do brasileiro Kobra, no meio do High Line Park.
Este parque ladeia a cidade a Oeste e, ao longo da caminhada, fui me localizando pelo onipresente Empire State, que seria meu ponto de parada, pra sair do parque o mais perto possível dali. Cerca de 20 minutos de fila e peguei o elevador até o 86o andar, de onde se tem uma vista absurdamente incrível de toda a cidade. A quantidade de prédios milimetricamente alinhados, a grandeza do Central Park… o vento cortava a pele, mas mesmo assim não conseguia sentir a menor vontade de ir embora dali. Eram cerca de 14h (o sol se punha às 16h30 religiosamente), e a luz estava maravilhosa.

Em choque com o porte e a beleza deste lugar.
Foi então que, ao olhar pra baixo, vi uma pista de patinação no gelo. Lá do alto, só conseguia ver o fundo branco e os pontinhos deslizando para um lado e para o outro. Eu, que já queria mesmo passar por essa experiência (e não tinha ido no Rockefeller Center porque achei caríssimo pagar quase US$ 50), resolvi ir até lá pra ver qual era a do lugar.

Mais feliz que todas essas crianças juntas.
Desci do arranha-céu e caminhei por umas 5 quadras até o Bryant Park. É um lugar maravilhoso, onde também fica a Biblioteca Pública de NY. Logo localizei a entrada da pista de patinação, e olha só: US$ 15 dólares, por tempo indeterminado. Peguei uma fila modesta e lá fui eu alugar o par de patins. Nessa hora, até pensei: alugo também um capacete e outros equipamentos de proteção? Mas olhei pra pista e só as crianças estavam protegidas assim. Concluí que não seria o caso.

Look do dia
Até que foi fácil me equilibrar em cima daqueles patins… bem, pelo menos para caminhar até a entrada da pista. Assim que eles tocam o gelo, a sensação é a de que você está percorrendo um grande bloco de sabão de coco, de tanto que desliza e escorrega. Fiquei pensando que nunca iria conseguir andar direito mas, aos poucos, você vai pegando o jeito, vai se soltando, e quando vê já está maravilhado com a sua performance, andando suavemente para um lado e para o outro. E é aí que mora o problema.

Me achando a Isabelita dos Patins :)
Não, você ainda não sabe andar direito. E, ao tentar fazer uma curva, os patins travaram e fui deliciosamente lançada contra a neve. É normal cair por ali, muita gente cai (ainda mais quando acha que já está arrasando), mas meu tombo foi especialmente cinematográfico. Morri de rir, porque não doeu nada, e ri ainda mais de pensar que estava sozinha e que poderia tranquilamente não contar pra ninguém sobre este feito. Mas, se a graça da vida é rir de si mesmo, por que não dividir essa catástrofe com os amigos? :)

No chão era mais fácil de se equilibrar!
Durante mais de uma hora, andei em círculos por aquela neve, rindo sozinha feito criança, ajudando um ou outro que caía, olhando as árvores e admirando os prédios ao redor, além de curtir a musiquinha que toca por ali.


Foi uma baita experiência. Inclusive para o meu joelho esquerdo que, por duas semanas, ficou parecendo um quadro impressionista :)

sábado, dezembro 14, 2013

#6: Trabalhar fora do Brasil

Quem me acompanhou ao longo deste ano sabe o quanto eu queria passar um período trabalhando em NY. Perdi a conta de quantas vezes comentei com as pessoas que meu grande objetivo deste ano era conhecer a cidade. Pois bem, papai do céu foi generoso comigo e, no mês de novembro, finalmente consegui a oportunidade de passar 15 dias trabalhando na Y&R NY.

Tem no mundo todo :)
Há mais de 2 anos, tenho contato diário com a equipe de lá, então seria mais do que justo que nos conhecêssemos pessoalmente. Estava muito curiosa para conviver com eles, entender seus processos, enfim, viver uma rotina diferente de trabalho, fora do Brasil.

Fachada do prédio da Y&R NY, na Columbus Circle
E posso dizer que somos diferentes em quase tudo. Algumas impressões:

Eles não costumam sair pra almoçar. Os almoços no Brasil são parte importante do nosso dia. Às vezes, passamos um bom tempo discutindo sobre onde comer e outro bom tempo pra almoçar. Isso quando não temos que passar na farmácia ou no sapateiro. Enfim, o fato é que costumamos levar pelo menos uma hora. Eles não. É muito raro saírem pra comer, o que torna cada almoço um super programa. O costume é pedir algo e comer na mesa, ou, no caso da Y&R, ir até o terceiro andar onde tem um café e comprar uma salada ou um lanche. E também não tem muito horário certo pra isso.

Terceiro andar do prédio, onde fica o café e restaurante
Eles entram cedo e saem cedo. A rotina é muito diferente da nossa no Brasil. Lá, eles chegam às 9h, 9h30 no máximo, e por volta das 19h não se encontra mais ninguém praticamente. Tenho a impressão de que rendem muito mais também, porque ficam muito mais focados e concentrados desde cedo. Raramente se vê um grupinho de pessoas jogando conversa fora (igualzinho a gente rs) e mesmo as pausas são rápidas.


Eles não se apegam às pessoas. Estão lá pra trabalhar e pronto. No máximo, alguém te pergunta por educação como foi o seu fim de semana, mas pouca gente está de fato interessada em saber como você está e o que fez. Não se vê muita amizade entre eles e mesmo algumas pessoas com as quais tenho contato próximo não se despediram quando foram embora no meu último dia.

Meu cantinho por 15 dias.
Mesmo assim, de um modo geral me senti muito bem recebida por todos e vi que, apesar das diferenças, a rotina em si - e-mails, calls, reuniões de status - é muito parecida. Os problemas com os clientes são os mesmos, as discussões com a criação também. Com a diferença de que é tudo um pouco mais estruturado e menos "jeitinho brasileiro".

Voltei com saudade dos longos almoços e conversas regadas a saladas de frutas. Do calor das pessoas, das risadas… Mas, também, voltei disposta a trabalhar mais focada e concentrada. Vamos ver no que vai dar!

:)

Em tempo: passei mais uma semana no México, pra conhecer a Y&R e a Colgate. Lá, eles entram às 8h e saem às 17h30, e também não costumam sair pra almoçar. A grande maioria leva comida. Ah, também fui muito bem recebida por nossos amigos chicanos.

Escritório mudérno da Colgate México