domingo, setembro 29, 2013

#4: Catavento Cultural

Sou da opinião de que, depois de grande, a gente deve voltar em todos os museus que costumávamos ir quando crianças. Porque, vamos combinar: excursão de escola era sinônimo de bagunça no ônibus, comer salgadinho e tomar refrigerante, paquerar aquele menininho em quem já estávamos de olho faz tempo…

Pouco se lembra do que era ensinado nestes lugares. Então, depois de adultos, podemos aproveitar os museus de forma muito mais consciente.

Quando o Catavento Cultural foi inaugurado, no antigo Palácio das Indústrias - que depois se tornou sede da Prefeitura de São Paulo -, eu já tinha 20 anos. Logo, não cheguei a ir com o colégio. Mesmo assim, sempre ouvi falar e tive vontade de conhecer, não só pela arquitetura (que via de longe e achava linda), mas também porque me diziam que lá se podia encostar naqueles globos eletromagnéticos que fazem o cabelo arrepiar.

Jardim interno do palácio.
De perto, a construção é ainda mais bonita. Com o tempo cinza de hoje e as árvores florindo a primavera, a paisagem estava maravilhosa. Me senti mesmo em um daqueles passeios que a gente faz na Europa, em que veste os casacões e se deslumbra com a beleza dos casarões antigos. Ao redor do palácio, encontram-se trenzinhos, canhões e até um avião da década de 40, além de instalações bastante divertidas.


Paga-se R$ 6,00 pela entrada e dá pra passar o dia todo por lá. Para algumas atividades (como a parede de escalada, o laboratório de ciências e o estúdio de TV), é necessário retirar ficha com antecedência e agendar seu horário.

O Catavento é dividido em 4 áreas principais:

Universo - em que se pode conhecer mais sobre o nosso sistema solar, tocar um meteorito de verdade e entender um pouco mais sobre como o nosso planeta funciona;

Bóra pra lua: lá eu só peso 10,56kg
Vida - com inúmeros espaços e diferentes informações não só sobre a flora e a fauna, mas também sobre o funcionamento do nosso corpo;

Engenho - "é onde ficam os físicos loucos", segundo o rapaz da recepção. Aqui fica a sala das ilusões (super bacana) e diversas instalações que demonstram na prática tudo o que aprendíamos nas aulas de física;


Sociedade - onde fica o laboratório de química e a instalação "nanoaventura", que explora a nanotecnologia em diferentes formas, além da área "Jogos do Poder", com uma parede de escalada em que se encontra informações sobre grandes personalidades da história à medida em que se sobe.

Lustre lindo no meio da área "Jogos do Poder"

A experiência poderia, sim, ter sido melhor. Infelizmente, quando estávamos bem no meio da nanoaventura, a luz acabou. Segundo os monitores, isso tem acontecido com certa frequência, já que a Eletropaulo está fazendo obras na região. Algumas semanas atrás, dei com a cara na porta neste mesmo Catavento por conta destas obras. =(

A luz demorou a voltar e, com isso, perdemos também o horário da escalada, agendada para as 15h. Tinha ficado faltando somente o globo eletromagnético (aquele, que arrepia os cabelos), mas estava fechado por conta da umidade relativa do ar.

Por fim, valeu sim como experiência. A construção é incrível, o espaço é enorme e muito completo no que diz respeito aos estudos das ciências, e os temas são todos muito interessantes. Se você tem filhos ou sobrinhos e ainda não conhece, realmente vale a pena. E se você, como eu, é daquelas crianças que insistem em não crescer, também vai se divertir muito.

O melhor de tudo é sentir que estamos aproveitando o que São Paulo tem de melhor: o acesso ao conhecimento de forma interessante e, principalmente, acessível.


Mais informações: http://www.cataventocultural.org.br/

sábado, setembro 07, 2013

#3: Saltar de paraquedas

Sempre tive vontade, nunca tive coragem. Até de ir em varanda de prédio às vezes me dava um pouco de aflição, então imaginei que jamais me animaria de saltar de paraquedas. Até que resolvi comprar um salto na Sky Dive Thru, uma das empresas/escolas de salto em Boituva, interior de São Paulo.

Então, era hora de achar uma companhia, afinal, tudo fica mais fácil quando compartilhado. Nada feito, fui sozinha mesmo, o que no fim das contas tornou a experiência ainda mais interessante.

Fui presenteada com um maravilhoso dia de sol. Sem nenhuma nuvem no céu, peguei a Castello Branco por 116 km até a saída de Boituva, e é super fácil chegar até o Centro Nacional de Paraquedismo. Sim, porque meu segundo grande medo era de me perder na estrada (até pelo meu histórico nada favorável), mas deu tudo muito certo!


Também dei sorte com o horário. Quando se agenda o salto, há vários avisos de que a pessoa deve dispor do dia todo, pois eles organizam os saltos por ordem de chegada e às vezes é preciso aguardar por horas. Pois o fato de eu estar sozinha fez com que eles me encaixassem logo no primeiro avião, que sairia em 20 minutos.


Foi só o tempo de conhecer o Guga, meu instrutor, vestir a roupa e o equipamento e receber um breve treinamento de como se posicionar no salto. Sem segredo: cabeça pra trás, pernas dobradas, segurar o equipamento até que ele dê o sinal. Dando o sinal, pode soltar os braços, dar tchauzinho pra câmera, mandar beijo… isso se conseguir, é claro.

Entramos no aviãozinho que subiria a 12 mil pés de altura (aproximadamente 4 mil metros). Fui uma das últimas a entrar no avião - o que quer dizer que fiquei perto da porta e, consequentemente, seria uma das primeiras a saltar.
Só tranquilidade :)

Aos poucos, Guga foi conectando meus equipamentos aos dele, prendendo meus óculos e me mostrando o que fazer na hora certa: nos arrastaríamos pra porta e eu deveria ficar nas pontas dos pés, bem na beirada do avião, com a cabeça pra trás.

De repente, a portinha se abre e o primeiro salto acontece. Era um aluno que terminara o curso pra saltar sozinho. Depois, mais dois caras saltaram sem instrutor, também alunos. Nessa hora, o frio na barriga veio forte. Era a minha vez.

Nos arrastamos para a porta, e de fato não dá muito tempo de pensar em nada. O bom é que você não precisa tomar a decisão de pular: o instrutor faz isso pra você. Quando menos se espera, já está em queda livre a mais de 200km/h, com aquela paisagem toda lá embaixo, adrenalina percorrendo o corpo todo. Só conseguia gritar, mas não sentia medo.



Quase 1 minuto depois em queda livre, chega o grande momento de puxar a cordinha e abrir o paraquedas. Dá um tranco e você é puxado pra cima, e a partir daí é só aproveitar a sensação incomparável de liberdade. Guga me deixou comandar o paraquedas, puxando para um lado e para o outro, e até brincou comigo, puxando um dos lados com força - o que fez com que a gente ficasse girando no ar em alta velocidade.



Muito experiente, o instrutor conseguiu me deixar bem tranquila o tempo todo, e me passou as últimas orientações para descermos no local estabelecido. Basta puxar as laterais da calça e colocar as pernas bem pra cima. A gente desce sentado e o impacto é zero.

Com o corpo inteiro tremendo, com vontade de gritar de alegria e êxtase, chegamos ao solo. Só conseguia pensar emocionada no quão lindo tinha sido tudo aquilo e no quanto isso representa minha coragem de encarar o que vier pela frente, sem medo.

Neste último sábado, 7 de setembro, comemorei a independência do Brasil e a minha própria.


Mais informações: www.querosaltar.com.br