domingo, junho 23, 2013

Mi papá me hizo guapa, lista y siempre madridista*

Desci na estação Santiago Bernabéu, onde fica o estádio do Real Madrid. O tour custa 19 euros - o passeio mais caro que fiz em Madri - mas vale a pena, pra quem gosta de futebol.

O estádio é lindo e, para ir até o topo das arquibancadas, é preciso pegar as escadas rolantes. Achei super civilizado e fiquei pensando se funcionava direitinho em dia de jogo, com o grande movimento de pessoas. Enquanto subia, imaginava o quanto seria bacana assistir a um jogo ali (havia pesquisado antes e não conseguiria assistir nenhum, infelizmente). E, dali de cima, tive uma vista maravilhosa do campo, com gramado verdinho e muito bem cuidado.

Tapetão :)
Além do passeio pelas arquibancadas, há um museu que me lembrou um pouco o Museu do Futebol, em São Paulo. Isso porque tem algumas instalações interativas, em que se pode saber mais sobre o time, ver seus troféus e conhecer melhor a sua história. Foi legal ver o quanto eles se orgulham de ter jogadores de várias nacionalidades, e encontrar homenagens a Roberto Carlos, Ronaldo, Kaká e até Robinho.



Tomei uma cerveja no bar do estádio, visitei o campo - que é mais impecável ainda de perto - e parti para o próximo passeio. A verdade é que estava super cansada - ainda mexida do fuso e andando o dia todo - então voltei pro hostel para tomar um banho e depois sair pra jantar.



Cris, minha colega de quarto, estava passando mal e havia ficado o dia todo no hostel. "Não bebi água e andei muito ontem", disse com o rosto pálido. Taí uma coisa que não se pode esquecer por aqui: beber água. O tempo é muito seco, dá pra sentir no nariz, olhos e garganta. O bom é que o cabelo fica ótimo! :)

Banho tomado e cheia de fome, simbóra pra rua de novo!

*Frase típica de meninas torcedoras do Real :)

quinta-feira, junho 20, 2013

Uma esquina, uma nova amiga.

Daí que aconteceu uma das coisas mágicas que acontecem em viagens. A caminho do metrô Atocha, uma garota me pediu informações - juro, já me sentia uma local! - a respeito da estação mais próxima dali. Ao ouvir meu espanhol com sotaque, perguntou: "és italiana?"

Engraçado que algumas pessoas acham que sou daqui, e quando começo a falar, acham que sou italiana. Mas, no caso dessa menina, não tinha como disfarçar: ELA era italiana, então achei curioso o fato de termos sotaques semelhantes.

Diana é farmacêutica e está realizando alguns estudos em Madri. Pele clara, cabelos bem escuros e sorriso largo, me convidou para sentar em um dos bancos do lindíssimo Paseo del Prado. Logo estávamos batendo o maior papo, contei que minha mãe também é farmacêutica, ela contou sobre suas experiências na Espanha, e nem sentimos o tempo passar.
Paseo del Prado.
É interessante ver a semelhança cultural entre brasileiros e italianos: eu e Diana conversamos muito em pouco tempo, e logo parecíamos amigas de longa data. Depois, fomos juntas até o metrô, falando pelos cotovelos (em espanhol, com umas escorregadas para o português da minha parte e pro italiano da parte dela). Nos abraçamos e convidamos uma à outra a visitar nossas cidades, até que ela desceu na Gran Vía e eu segui para a Santiago Bernabéu.

Fiquei super pensativa depois que nos despedimos. E se ela não tivesse me pedido informação? E se eu não tivesse sido simpática e apenas apontasse a estação? Se ambas não estivéssemos abertas e dispostas a conversar, não teria conhecido esta italiana tão legal e não teria aberto mais esta porta na vida.

Até hoje, continuamos em contato, planejando o dia em que nos encontraremos de novo, seja em São Paulo ou em Roma, sua cidade natal.

terça-feira, junho 18, 2013

Prado

Acordei meio confusa às 8h do dia seguinte. A cama estava muito confortável e, o quarto, escurinho na medida certa. Desci para tomar café no hostel - minha diária de pouco mais de R$ 40,00 incluía um copo de leite ou suco, duas fatias de pão, manteiga e geleia. Estava de bom tamanho pra começar o dia!

Peguei o metrô para Atocha, onde fica a estação de trem, pra garantir minhas passagens para Zaragoza e Barcelona dali a dois dias. Foram 47 euros de Madrid a Zaragoza e 63 euros de Zaragoza a Barcelona. Caro, mas é o preço que se paga para chegar de trem rápido em pouco mais de uma hora a cada um dos lugares.

De lá, parti para o Museu do Prado, o maior da Espanha e um dos mais importantes do mundo. Já no Paseo del Prado, a avenida que ladeia o museu, vai dando uma sensação gostosa de se viver a arte do lugar.

Pouco feliz em frente à entrada do Prado :)
E é impressionante seu porte e a beleza das salas e das obras. Bate uma sensação de sonho realizado só de passear pelos salões cheios de quadros, em que dá até pra sentir a energia e a história que cada obra carrega.

Vi obras famosas de Rembrandt, Tiziano, Bosch e, principalmente, de Goya, um dos maiores artistas espanhois. Foi interessante lembrar das aulas de artes do colégio, enquanto caminhava pelas inúmeras salas com quadros gigantescos.

"O Jardim das Delícias", de Bosch, é certamente uma das obras mais incríveis do lugar, cheia de cores e detalhes que mostram o paraíso e o inferno em telas anexas à principal. Também me impressionei com a beleza de "Davi vencendo Golias", de Caravaggio. Fiquei pensando que, se tivesse música clássica pra ouvir durante o passeio, me emocionaria ainda mais.

Outra coisa que achei interessante é ver outros artistas que fazem réplicas dos originais. Eles montam seu cavalete em frente aos quadros e começam a pintar ali mesmo, quase que em transe, sem nem se preocupar com o monte de pessoas que passam pra lá e pra cá.

Admirada com as obras, terminei minha visita almoçando no Café Prado e parti para o próximo passeio.

Salmão defumado com cream cheese, no Café Prado.

domingo, junho 16, 2013

E era só o primeiro dia.

Subi de elevador até o terceiro andar, que só tem quartos femininos. Ele é todo cor-de-rosa, assim como as paredes dos quartos.

Até então, achava que no hostel os quartos ficavam abertos o tempo todo, podendo entrar quem quisesse, e por isso a necessidade de deixar tudo trancado nos armários. Mas não, os quartos são abertos por cartão, como nos hoteis. Mesmo assim, obviamente é recomendado deixar os pertences de valor trancados nos armários.

Quarto super confortável, além de fofo!
 Entrei no quarto e encontrei três meninas dormindo. Logo, elas viram que era mesmo hora de acordar e começamos a conversar: uma peruana que trabalha nos Estados Unidos e duas irlandesas, todas a passeio.

Arrumei minhas coisas no locker e fui tomar um banho. Neste hostel, os banheiros e chuveiros ficam pra fora do quarto e atendem a todo o andar. O bom é que são somente quartos femininos neste andar.

Um banho renovador, e rua de novo! Descobri que, a partir das 19h, o Museu Reína Sofía era gratuito. E lá fui eu! Durante a primavera, os dias começam a ser mais longos, e anoitece só lá pras 10 da noite. Assim, ainda dava tempo de conhecer este museu maravilhoso!

Jardim interno do Museu Reína Sofía.
Além do acervo próprio, que conta com nada menos que Guernica, uma das grandes obras de Picasso (grande inclusive no tamanho - 3,5 x 7,8m), abrigava também uma exposição temporária - e perturbadora - de Salvador Dalí. O jardim interno é lindo e tem esculturas de Miró rodeadas por muitas árvores.

Muita arte depois, voltei pro hostel, onde estava rolando a famosa noite dos "drinking games". Erika, a guia colombiana, oferecia sangria para todos, e éramos mais de 15, bebendo e conversando. Gente do mundo todo, Rússia, Japão, Canadá, Jamaica, Hong Kong, e é claro, muitos americanos pedantes recém-formados.

A brincadeira foi ficando muito barulhenta e, àquela hora, já estava com fome de novo. Yuka, a japonesa, foi comigo até a loja de conveniência próxima ao hostel, onde comprei um sanduíche de jamón serrano e uma garrafa de vinho branco por 3 euros cada, pra tomar no hostel. Estava totalmente no fuso ainda, então só consegui desligar mesmo depois das 3 da manhã (22h no Brasil).

Yuka, minha nova amiga do Japão :)

Difícil descrever o que estava sentindo quando fui dormir. Além do vinho branco na cabeça, vinha a sensação deliciosa de saber que posso me virar bem sozinha em um outro país, fazer amigos de vários lugares do mundo e me divertir muito com eles…

E era só o primeiro dia.




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As fotos da viagem estão aqui :) 

sábado, junho 15, 2013

Bienvenida a Madrid

Barajas, que aeroporto gigante! Tão grande que há duas estações de metrô dentro do aeroporto, de onde se pode ir para os outros terminais de embarque. O metrô é ligado a toda a rede de transportes da cidade e, em cerca de 30 minutos, consegue-se chegar ao centro.

Até para uma perdida de carteirinha como eu foi muito fácil achar as saídas, comprar o bilhete na máquina e seguir rumo ao hostel. Era meu primeiro contato com um hostel, e pra suavizar a experiência, fiz uma reserva em um quarto feminino para até 6 pessoas.

Basicamente, foi o que fiz ao longo dos dias que seguiram :)
 O nome do lugar é "U Hostels" e, logo na entrada, dá pra ver a atenção e o cuidado que eles têm com os detalhes: a recepção tem um smile gigante e os dizeres: "Explore. Enjoy. Meet. Relax. Sleep." Tudo é colorido, da entrada à parede dos quartos.

Só que tive a impressão de ter chegado na hora errada: uma segunda-feira às 11h, horário em que uns 60% dos hóspedes estavam fazendo check-out. Quando tentei fazer o check-in, a simpática moça me disse em inglês impecável que ainda teria que fazer o check-out de todas aquelas pessoas, e que ainda tinham dois na minha frente, esperando na salinha ao lado. Fui até lá, os dois eram brasileiros e conversavam com uma guia colombiana. Ela havia acabado de convencê-los a deixarem as malas ali mesmo pra sair com um grupo e fazer o "Free Walking Tour".

Entrei nessa também. Sem dormir e sem comer, parti a pé com o grupo até a Puerta del Sol, um marco na cidade de Madri e onde encontraríamos o restante do grupo. O dia estava lindo, perfeito pra caminhar e começar a conhecer a cidade. A guia, Erika, tinha pouco mais que 1,50m e falava pelos cotovelos, num inglês carregado de sotaque.

E ela nos levou por uma caminhada de cerca de duas horas e meia, em que passamos por alguns dos principais pontos turísticos de Madri: Puerta del Sol, onde fica a escultura "O urso e o madroño", grande símbolo de Madri, Plaza Mayor, que é linda, cercada de restaurantes que segundo ela são caros e ruins; Mercado de San Miguel, onde se pode encontrar comida de qualidade; palácio real, que é liiiiiiiiiindo (fiquei de voltar lá antes de ir embora de Madri) e a Gran Vía, que nada mais é do que uma grande avenida cheia de lojas.
El oso y el madroño, símbolo da cidade de Madri.

Andamos até cansar, e então paramos pra almoçar. Por 9 euros (cerca de R$ 25), estavam inclusos: uma taça de vinho, uma entrada - o melhor gazpacho da vida - um prato enorme de cordeiro com batatas que estava delicioso e, pra fechar, um brownie com leite condensado, que obviamente eu não aguentei porque já tinha comido e bebido tudo o acabei de contar. A guia já tinha nos avisado que o almoço é a principal refeição dos espanhois, e que eles fazem questão de comer muito bem neste horário (até por isso, a siesta vem logo depois).

O mais legal foi que almocei com duas americanas e duas inglesas, pratiquei bastante o inglês e pude conhecer um pouco mais sobre elas. Achei engraçado que eles não falam "sou dos Estados Unidos", mas sim "sou da América!" Até pensei em dar uma de louca e falar: "qual das Américas?", mas já sabia que eles costumavam se referir aos EUA desta forma e também fiquei com receio de soar ofensivo.

Todas foram muito simpáticas e elogiaram o fato de eu falar inglês com elas, português com os dois brasileiros e espanhol com o garçom (apesar de meu espanhol ser básico, mas elas não perceberiam rs). Disseram que se sentiam meio limitadas por só falar inglês, e achei legal da parte delas reconhecer isso, já que conheci muitos americanos que se orgulham de só falar seu próprio idioma.

Parte do que estava buscando pra essa viagem começava a acontecer: conhecer gente nova, de diferentes países, comer comidas novas e explorar sem medo um lugar novo.

Barriga cheia, hora de voltar para o hostel, pegar um quarto e tomar um merecido banho. E ainda era o começo da tarde.

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As fotos da viagem estão aqui :) 

sexta-feira, junho 07, 2013

Welcome Aboard


Quando vi a tarifa da Air China cerca de 20% mais barata que as outras companhias que voam a Madri, fiz algumas pesquisas e só encontrei elogios à "ching-ling". Nada de excepcional, mas também nenhuma reclamação. Espaço suficiente, conforto, segurança… tudo isso me encorajou a comprar a passagem, classe econômica, por US$ 750.

Ao fazer o check-in, fui informada de que só havia lugar no corredor. Droga! Sempre gosto da janela. Mas depois achei até bom, porque poderia levantar para pegar algumas coisas na mochila ao longo das quase 11 horas de voo.

Há quem diga que o problema do Rio de Janeiro são os cariocas (e aqui não me cabe julgar, amo o Rio inclusive). Pois tive a impressão de que o problema da Air China são os chineses! Não pela tripulação - todos simpáticos, mesmo não falando nem entendendo inglês direito. Mas sim, pelas outras pessoas que dividiram o voo comigo.

Parecia que estava na 25 de março: pessoas falando em chinês muito alto (gritando mesmo!), andando de um lado para o outro nos corredores; crianças, muitas! Algumas delas gritavam como se estivessem levando uma surra.

Isso sem contar a senhora, dois assentos à esquerda, que deitava em dois lugares quando meu vizinho saía e ficava me chutando de leve. Ah, e ela também ficava cuspindo em um copinho… que fase!

Sobre a estrutura, não tenho nada pra reclamar. A aeronave era bem nova e relativamente espaçosa (dentro do que pode ser uma classe econômica), com uma tela por assento em que assisti "As Aventuras de Pi" e "Operação Skyfall" - filmes relativamente novos.



Travesseiro, cobertor e máscara, somados ao fone em que fui ouvindo música, foram ótimos companheiros de viagem.

A comida estava ok. Na minha vez, já não tinha mais frango, só peixe, e estava um pouco duro, mas deu pra comer. Para beber, além do básico pude tomar um delicioso vinho tinto, que não consegui ver o rótulo mas estava ótimo. Duas tacinhas e pronto: capotei por algumas horas (acho que umas 4 ou 5). Acordei com meu simpático vizinho chinês tentando me pular, imagina o susto!

Não diria que a experiência foi ruim (aliás, na vibe boa em que viajei, dificilmente algo me tiraria do sério. E como, no fim das contas, o que importa é chegarmos bem - eu e a mala - então tá tudo certo!

Mas que peguei birra de chinês, isso eu peguei.

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As fotos da viagem estão aqui :) 

domingo, junho 02, 2013

Um belo dia resolvi mudar

Parafraseando Chico Buarque, essa moça tá diferente. Tá mais livre, mais feliz e, por que não dizer, até mais corajosa. Parece que se reinventou, se libertou de um monte de barreiras e se jogou na vida com o entusiasmo que sempre lhe foi peculiar. Entendeu que cada dia é como um quadro a ser pintado, e se animou em pensar e planejar sozinha os quadros dos dias seguintes.

Não que seja fácil. A cor escolhida, a forma de pintar, a intensidade, tudo isso ganhou um peso muito maior, porque, mais do que nunca, a responsabilidade é toda dela. E aí vêm os desafios diários, a cobrança, e quando ela menos espera, se sente dentro de uma máquina de lavar, emoções balançando de um lado pro outro.

Daí, resolve parar tudo. Sair no mundo e, ao mesmo tempo, fugir de todo mundo. A gaiola ficou pequena pro tamanho das asas. Era hora de encarar a vida, sozinha.

O destino? Espanha.
As histórias? Nos próximos posts.

:)

As fotos estão aqui :)