segunda-feira, janeiro 24, 2011

Pra não dizer que não falei das flores




Nesta época do ano, as flores que moram em frente à minha casa nascem e morrem todos os dias. Quando saio, de manhãzinha, elas estão nascendo, ainda tímidas e entreabertas. Na hora do almoço, abrem-se pra tomar o melhor sol do verão, enchendo de cor e alegria o jardim da frente. Já quando volto, à noite, elas estão murchinhas, desanimadas, como se tivessem se cansado de oferecer tanto brilho ao dia. E então caem ao solo, exaustas. No dia seguinte, de manhã, o processo se reinicia.

Parece que me sinto mais forte sempre que as vejo, de manhã. Porque no fim do dia, assim como eu, elas estão acabadas. Parecem querer desistir da vida, caindo mortas ao chão. Mas não. A energia que corre por ali dá forças o suficiente para que elas acordem no dia seguinte, tão lindas como de costume, e se abram pra vida com a força de quem renasce a cada nascer do sol.

2010 nasceu, abriu-se para a vida, murchou e morreu. E suas pétalas serviram de adubo pra terra de onde brotou 2011, este que nasce com o vigor habitual dos anos-novos, com vontade de brilhar ao sol, irradiar alegria e dar mais colorido à vida.

As flores que moram em frente à minha casa nascem e morrem todos os dias. E me sinto mais forte toda vez que olho para elas, qualquer que seja o seu estágio. Porque respeito estas fases, porque sofro com as suas mortes diárias, e principalmente porque admiro sua força de renascer no dia seguinte.

Que 2011 seja um ano de diários e renovadores recomeços.