domingo, novembro 29, 2009

Manaus 2009

O grupo animado aguardava o embarque no Aeroporto de Guarulhos. A maioria já se conhecia. Eu, no caso, não conhecia ninguém, com exceção das pessoas que me acompanhavam. Engraçado pensar que naquela hora, pessoas que se tornaram tão queridas eram apenas alguns dos integrantes da turma.

Três horas e meia de vôo depois, desembarcamos no aeroporto de Manaus. O bafo quente que aquele lugar possui é algo que jamais vou conseguir descrever por aqui, um calor e umidade incomparáveis. Mas a sensação não durou muito: logo entramos no ônibus com ar condicionado e com uma guia muito simpática de nome Isa, que foi nos explicando um pouco do que nos esperava.

Contou que o hotel ficava num canal, lá chamado de Igarapé, e que nesta época da seca era preciso pegar um barco menor pra chegar até lá. As chuvas duram de maio a setembro, mais ou menos, e nesta época o rio Amazonas chega a subir mais de 13 metros. O hotel, no caso, sobe junto.

Do ônibus, passamos para um barco bastante confortável, dentro do qual comemos, bebemos e escutamos um pouco sobre Manaus e sua história. O guia, cujo nome esqueci mas que falava muito, muito, muito, contou que o primeiro nome de Manaus foi São José da Barra mas que, devido à presença dos índios Manaós na região, a cidade passou a se chamar Manaus em 1669.

Pouco mais de uma hora neste barco, e finalmente avistamos o hotel Amazon Jungle Palace. Os funcionários guiaram cada pessoa à sua suíte, e nos preparamos para um almoço delicioso, oferecido por um chef paulista do qual também não me recordo o nome. Todos os dias, muitas opções de saladas, carne, frango e, como não poderia deixar de ser, peixes de várias espécies e feitos de diversas formas.

A primeira noite foi dedicada à focagem de jacarés. Saímos em canoas pelo meio da escuridão, cada uma com um guia na frente, possuindo uma grande lanterna ou holofote. Os olhos dos jacarés brilham à noite, e não era difícil avistar aqueles pequenos pontos brilhantes por causa do escuro. Confesso que fiquei com um pouco de medo, menos dos jacarés em si, mas principalmente de surgir alguma coisa do rio em meio à escuridão. Como os peixes-voadores, por exemplo, que davam cada susto nas pessoas que a guia falava: gente, cuidado! Senão vai ser peixe pra dentro e vocês pra água! Enfim, sobrevivemos, após conhecer mais de perto um jacaré filhote.

Na manhã seguinte, fizemos a caminhada na mata, saindo às 7h da matina (pode acreditar: já estava muito quente). Foram quase duas horas de mata fechada, explorando árvores, flores, frutas e insetos e, é claro, tomando o maior cuidado com os espinhos e possíveis animais nocivos dali. Isa nos mostrou o breu branco e  breu preto, árvores cuja seiva é altamente inflamável, usada pelos índios pra fazer o fogo e aquecer a chamada maloca. Mostrou também uma outra árvore, da qual não lembro o nome, usada para comunicação entre os índios. Quando se bate nela com um pedaço de pau, faz um barulho alto, que ecoa pela floresta. Assim, os índios podem chamar os outros quando pegaram uma caça ou se há alguém ferido. Lindas paisagens, mas acho que nunca suei tanto na vida.

Isa explicando um pouco mais sobre o breu preto:


De tarde foi a vez da visita à comunidade indígena que habita as regiões próximas. Atravessamos literalmente a ponte do rio que cai (feita totalmente de madeira), e a sensação que tive era de que estava descobrindo o Brasil. Lindas indiazinhas foram nos receber, correndo pela areia branca por entre as árvores e levando o grupo para conhecer seus parentes. Todos nos acomodamos na sauna natural no interior da maloca cujo centro abrigava uma tocha feita com a seiva do breu, e assistimos às apresentações de algumas das belas danças indígenas. Cansados e felizes, voltamos ao hotel.

Sábado foi dia de partir rumo ao Encontro das Águas, um dos passeios mais famosos de Manaus. Seguimos por mais de duas horas naquele barco ultra-confortável, até chegar à junção entre os rios Negro (de água escura) e Solimões (que tem água barrenta). Por causa da densidade dos dois rios, as águas não se misturam, formando essa paisagem no mínimo curiosa. Durante o passeio, curiosamente, encostaram dois barcos em que homens traziam animais para tirarmos fotos: era um jacaré, um bicho-preguiça e duas cobras. Só depois de nos divertirmos muito, o guia explicou que eram ilegais, e que traficavam animais. Um verdadeiro balde de água fria (mas o bicho preguiça é a coisa mais linda do mundo)...

À noite, foi hora de assistir à apresentação do Guia ESPN do fã do esporte, um levantamento muito interessante sobre o perfil dos amantes do esporte no Brasil. Descobri coisas incríveis sobre o basquete, tênis, skate, surf, vôlei e, é claro, sobre o futebol. Dados como: 81% dos amantes do futebol prefere ver seu time ganhando do que a seleção brasileira (!). Informações no mínimo interessantes pra quem quer atingir ao público esportista de todo o Brasil, e ainda mais pra quem ama esportes.

Um churrasco na cobertura do hotel fechou a noite e a viagem. Um encontro fantástico, com muito sol, calor, batidas de coco deliciosas à beira da piscina, banhos noturnos nesta mesma piscina, natureza exuberante (mariposas, muitas!) e, o principal: levo deste encontro pessoas incríveis e lembranças que jamais vou esquecer.

Valeu, ESPN!

Nascer do sol, só boas lembranças...