quinta-feira, março 27, 2008

Minha semana e a nova campanha da Seda

24/03 - Mariana caminha pela Berrini e vê vários relógios de rua cor-de-rosa, com uma exclamação ondulada e um 0800 embaixo. Pensa: que ação mais antiquada! Colocar 0800 em vez de um site? Fica espantada e não liga para o 0800.

25/03 - Mariana folheia a Revista Caras enquanto aguarda para fazer as unhas. Lê uma notícia a respeito da apresentação do Cirque de Soleil "só para celebridades", em que Taís Araújo e Adriane Galisteu apareceram com o mesmo vestido. Perguntava-se: coincidência? Olhando bem, reparei que não. Os dois vestidos eram cor-de-rosa, com pequenas exclamações onduladas. A-há!

26/03 - Mariana vai à farmácia comprar shampoo. Bate o olho em um shampoo Seda com um símbolo que lhe parece familiar: uma exclamação ondulada. Resolve ligar para o 0800 e saber do que se trata. Taís Araújo atende o telefone, explicando que em breve surgirá uma novidade, não se sabe sobre o que. Só fala sobre a relação das mulheres com seus cabelos e diz que, ao final da gravação, poderia ser gravado um depoimento, com o tema: A vida não pode esperar, e que as gravações seriam exibidas no site de mesmo nome.

27/03 - Mariana acessa o site http://www.avidanaopodeesperar.com.br/. Lá, podem-se ouvir as gravações feitas por mulheres de todo o Brasil, falando sobre momentos em que a vida não pode esperar. Não fala nada a respeito do produto que será divulgado, somente abre espaço para cadastro de e-mail e telefone e anuncia mais uma vez a "breve novidade".

No início, eu me perguntava: mas por quê diabos eles não colocaram um site? Em nenhum lugar (nem no MSN Messenger, que reparei depois que continha uma janela com aquela bendita exclamação no fundo cor-de-rosa) eles colocaram o site. Somente o 0800.

Só depois eu fui lembrar que as ações de mobile estão começando a entrar no Brasil, e provavelmente a Seda é uma das primeiras grandes empresas a investir neste tipo de publicidade. Ao entrar no site A vida não pode esperar, há a opção de se cadastrar para receber mais novidades, em que são obrigatórios nome e e-mail, e também há a opção de inserir o celular e assinalar: "quero receber mais informações em meu celular". Espertinhos... eu me cadastrei! Mas não coloquei o celular.

quinta-feira, março 20, 2008

Quem saberá a cura se não eu

Tudo começou no dia 15 de novembro do ano passado. Estávamos no Ipiranga, sentindo aquele cheiro gostoso de carro novo e tendo a difícil função de escolher um modelo confortável, minimamente equipado, bonito e dentro das possibilidades financeiras.

Por fim escolhemos, mas eu sabia que não seria o suficiente para quebrar aquela muralha dentro de mim. Sempre tive muito medo de dirigir, ou pelo menos achava que tinha. A simples possibilidade de pilotar um carro já me causava os sintomas básicos do pânico: pernas tremendo, mãos suando, coração acelerado...

Como pessoa aficionada por listas, fiz a minha relação de objetivos para 2008, que incluía desde coisas materiais até metas de comportamento e postura em relação à vida. O primeiro item da lista era: "perder o medo de dirigir". Já estava insustentável ter que depender de outras pessoas para fazer o que quisesse. Um evento no Sesc Pompéia, por exemplo, esquece! Visitar as amigas em um sábado à tarde, só de metrô ou ônibus!

Eu nunca tinha tido coragem de sair sozinha - e veja bem, isso depois de 5 anos de carta - e já estava acostumada com a insegurança minha e dos meus pais. "Fechou, filha, fechou!", diziam eles sobre o farol, que se tornava amarelo dali a 100 metros. "Breca, breca!", muitos e muitos metros antes do carro da frente.

Até que eles viajaram, e o meu carrinho ficou lá, lindo, cheirando a novo, pedindo que eu saísse nele. "Vamos lá, mulher! Uma pessoa que pega a BR-101 e ultrapassa caminhões com AQUELES buracos, AQUELA chuva..."

Foi então que resolvi pegar o carro sozinha pela primeira vez. Nunca vou esquecer: foi no dia 8 de fevereiro. Confesso que não dormi muito bem na noite anterior, pensando no que me aguardava, refazendo o trajeto na cabeça... sim, porque além do medo de dirigir, tinha (e tenho) o agravante de não ter NENHUM senso de direção!

Antes de sair, separei o primeiro cd do Otto: "é você quem vai me acompanhar nessa, meu querido". Respirei fundo, ajeitei os espelhos, liguei o som baixinho pra não me atrapalhar e liguei o carro.

Só sei que as minhas pernas não tremeram naquele dia. Nem o coração ficou acelerado, nem as mãos suaram. Tranquilamente, percorri os quilômetros que separam minha casa do escritório, enfrentando toda sorte de problemas: inconseqüente na contra-mão, ambulância, trânsito paradíssimo... entrei no prédio como se subisse num pódio: "é a primeira etapa, e eu venci".

A partir daquele dia, percebi que não tinha mais medo. Vi que toda aquela insegurança e aquele medo eram fantasmas, que eu exorcizava ao som de "o celular de Naná é a lua/a lua é o celular de Naná"...

Agora eu venho de carro todos os dias, e já consigo trocar de CD e passar batom enquanto dirijo (periiiigo...). É, ainda faço umas barbeiragens - lógico - mas também, não tinha especificado nada disso no desejo de ano novo!

sexta-feira, março 14, 2008

É de noite, é de dia

O pedreiro faltou.
A faxineira também.
O pedreiro não calculou a quantidade certa de azulejos.
Aliás, errou feio.
E ainda cortou o dedo com a serra elétrica.
A obra não sai como desejado.
A faxineira não faz metade do que lhe é solicitado.
A conta de água subiu de R$ 25 para R$ 670.
A tv a cabo cobra serviços a mais.
A chefe a assedia moralmente todo dia.
Ela bateu o carro.
Ele também.
Transferiram-no pra onde não queria.
Querem roubar seu melhor cliente.
E isso lhe faz sentir-se no direito de não dizer "bom dia".
Eles reclamam.
E com motivo.
Mas que eu não aguento mais, eu não aguento.

terça-feira, março 11, 2008

Tarsila Viajante na Pinacoteca

Tarsila do Amaral nasceu em berço de ouro. Filha de um abastado fazendeiro de café, passou metade da vida viajando por diversos lugares do Brasil e do mundo, e a outra metade retratando estas viagens em belas e coloridas telas.

Com o objetivo de mostrar a influência destas viagens em sua arte, a Pinacoteca abriga, até o dia 16 de março, a mostra "Tarsila Viajante". São 35 pinturas e mais de 100 desenhos de diversas fases de sua vida, que retratam paisagens de toda parte, sempre com os traços grossos, as cores fortes e as formas exageradas que marcam sua pintura.

Pode parecer clichê, mas fiquei emocionada de verdade ao me deparar com o "Abaporu" (em tupi-guarani, "homem que come homem"), concebido em uma fase em que Tarsila resgatou as lendas contadas nas fazendas em que passou a infância. Essa obra foi dada a Oswald de Andrade, na época seu marido, e deu início ao Manifesto Antropófago (ou seria antropofágico?), que buscou restagar o instinto e as origens da cultura brasileira, em resposta às críticas recebidas na Semana de Arte Moderna.

Foi muito interessante, também, ver o tamanho do quadro "Operários", pintado após uma viagem à Rússia - a qual só foi possível porque Tarsila vendeu alguns quadros, porque com a crise cafeeira de 29 seu pai perdeu grande parte de seus bens. Convivi boa parte da minha vida com esta obra, pois ilustrava a capa de um livro de história do colégio, e isso trouxe um resgate bacana em minha memória.

Se você ainda não foi, faça como eu: deixe para a última hora, mas não deixe de contemplar esta obra primorosa. A organização, excelente, garante a pouca espera nas filas inclusive aos sábados, quando a entrada é gratuita.

Serviço
Tarsila Viajante
Somente até 16 de março
Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, 2 – Luz
(11) 3229-9844
Terça a domingo, das 10h às 18h
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Quadro: "Religião Brasileira", de 1927. Ao desembarcar no Porto de Santos depois de uma de suas viagens à Europa, Tarsila parou para comprar doces em uma casa de pescadores. Deparou-se com um altar cheio de santos e flores, e rapidamente fez um rascunho que se tornou essa bela obra. Quem não queria ter uma dessas na sala de casa?