quinta-feira, janeiro 31, 2008

Arte pop no MuBE

Milk Maidens, 1996

Se você pretende ficar em São Paulo neste carnaval, nada melhor do que aproveitar a preciosa calmaria para fazer programas culturais pela metrópole. Uma boa opção é a exposição do fotógrafo americano David LaChapelle, que pode ser visitada no MuBE até o dia 5 de fevereiro.

Pupilo de Andy Warhol (o que já nos faz esperar fortes traços da pop art), o fotógrafo ficou famoso com campanhas publicitárias para grandes marcas internacionais, ensaios de moda e retratos de celebridades.

Além de fotógrafo, LaChapelle também dirigiu videoclipes de astros pop, como Britney Spears e Jennifer Lopez, e arriscou-se também como diretor cinematográfico em RIZE, que já foi exibido em festivais brasileiros.

Todo este trabalho pode ser conferido na exposição, entitulada “Heaven to Hell: Belezas e Desastres”, e baseada no livro homônimo do artista, lançado em 2006. Com fotos, montagens e muita criatividade, LaChapelle consegue mostrar, ao mesmo tempo, o lado belo e bizarro de diversas pessoas e situações. Destaca-se a série de fotos feita para a revista Vogue Itália, em 2005, que mostra modelos em cenários catastróficos.

MuBe - Museu Brasileiro da Escultura
Av. Europa, 218
De terça a domingo, das 10h às 19h – somente até 5 de fevereiro
Entrada gratuita

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Magic Flag

Dança é meditação ativa... Ao dançarmos, vamos para além do pensamento, da mente e da nossa individualidade. Tornamo-nos UM no êxtase divino da união com o Espírito Cósmico. Essa é a essência da experiência do transe através da dança.

Goa Gil

Montagem feita pelo Gabriel, pessoa querida e talentoso ilustrador, retratando um momento sublime com pessoas fantásticas. Saudades de tudo, desde já.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Calor?

Neste momento, ele está assim.


Uma coisa bacana de trabalhar na Berrini é que tem sempre alguma coisa diferente acontecendo. Considerada a "nova Paulista" por causa do grande número de empresas que migraram para esta região, a Berrini é palco para muitas campanhas de marketing de guerrilha (estratégias adotadas por empresas para "combater" concorrentes).

Ano passado mesmo, estava eu voltando do almoço quando me deparo com dois surfistas, trajando vestes de neoprene e empunhando pranchas. Poucas coisas são tão non-sense quanto dois surfistas em plena Berrini. A roupa estampava o endereço: praiaemsampa.com.br.

Não adianta acessar porque hoje o site não está mais ativo, mas na época eu entrei e falava sobre uma exposição de esculturas de areia no bairro de Interlagos. Bastou um clique para descobrir que, na verdade, era a promoção de um novo condomínio de luxo que, dentre as utilidades e futilidades oferecidas, possuía piscina com ondas e areia para simular uma praia. Reconheço que a idéia foi boa.

Aí ontem - um desses dias de calor insuportável - eu olhava pela janela do escritório enquanto pensava em como seria bom tomar um sorvete, quando de repente avisto um enorme bloco de gelo. Esfreguei os olhos: seria uma miragem? Desci para checar. Tratava-se da campanha Efeito Gelado, promovida pela Neutrogena para divulgar um novo protetor solar aerosol.

Um artista esculpiu 8 toneladas de gelo de modo que se crie um pequeno cenário dentro dos grandes cubos, e a brincadeira é adivinhar quanto tempo o gelo vai levar para derreter por completo. A campanha começou em Copacabana e já passou pelo Guarujá, e nos dois lugares o gelo levou pouco mais de um dia para derreter. Quem adivinhar ganha uma necessaire de produtos da Neutrogena!

Hoje de manhã, parte do gelo tinha derretido e já mostrava a parte de cima do guarda-sol (vide foto). Ainda dá tempo de chutar!

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Virada Paralela

Pista principal, palco ao fundo

Em meio à atual crise conceitual em que a cena trance brasileira se encontra, houve quem acreditasse que a oitava edição do festival de arte e cultura alternativa Universo Paralello (que aconteceu de 27 de dezembro a 4 de janeiro em Pratigi, na Bahia) não escaparia da finalidade estritamente comercial que tem rondado as festas nos últimos tempos.

O crescimento desordenado foi um dos fatores que gerou esta crise e, segundo Alok, um dos organizadores do U.P., "na realidade crescemos muito pouco como cena Trance genuína. O que cresceu foi a utilização do formato por gente pouco comprometida com o movimento, somada à utilização de um conceito barato e musicalmente questionável que acabou causando o inchaço disto que pode ser chamado mais de mercado do que exatamente de cena”.

Porém, em vez de seguir esta infeliz tendência, colocando em risco o divertimento e o conforto dos participantes, a organização optou por profissionalizar e aprimorar ainda mais o evento, oferecendo uma estrutura jamais antes vista em um festival no Brasil.

Eram três campings – cada um com sua própria área de banho e sanitários – mais de 40 opções de alimentação, tenda infantil com monitores especializados, espaço multicultural e cinco ambientes musicais:

Main Floor
Formada por muitas tendas coloridas que ofereciam sombra, e com o palco repleto de imagens de deuses indianos, a pista principal teve início na manhã do dia 29 de dezembro com o live da produtora Vixen. Nele se apresentaram ícones da cena trance mundial, como Etnica (Itália), Tristan (Inglaterra), Xerox & Illumination (Israel) e Kox Box (Dinamarca), além de projetos nacionais e alguns estreantes, como Logica (de Alok e Bhaskar), e 28 (formado por Shove e Pedrão). Na virada do ano, o sul africano Shane Gobi mostrou uma seleção impecável de músicas.

Pista Alternativa
Direcionado para as vertentes menos aceleradas da música eletrônica, como o house, minimal e electro, este espaço possuía um grande barco de madeira em que se podia subir para dançar. Por ele, passaram os brasileiros Claudio Brio e Act Sense e o dinamarquês Jokke, dentre muitas outras atrações.

Palco Paralello
Espaço totalmente dedicado à exposição do trabalho de bandas regionais, o mais brasileiro dos palcos contou com apresentações diferenciadas, como o grupo paraibano Cabruera, os mineiros do Sete Estrelo e até o projeto Benzina, de Edgard Scandurra. No penúltimo dia, Liquidus Ambiento e Pedra Branca reuniram um grande número de pessoas sob a grande cúpula cor de laranja.

Pista Goa
Verdadeiro laboratório musical que integrou “dinossauros” da cena e novatos, a pista Goa foi criada para proporcionar uma experiência diferente, que relembrasse as primeiras festas no Brasil. Por isso, decoração, sistema de som e seleção de artistas foram cuidadosamente projetados. Gramado e um pouco mais protegido da brisa marítima, era um local extremamente agradável, com sombra e duchas. O set de Goa Trance executado em vinil por Rica Amaral, no terceiro dia, assim como a apresentação do sueco Atmos, foram históricos.

Chill Out
Para boa parte do público, o ambiente mais bonito do festival. Formado por imensas estruturas de bambu e palha – semelhantes a leques –, com tecidos trabalhados e mesas feitas com garrafas pet reaproveitadas, o chill out lembrava uma grande oca. Espaço reservado para o dub, reggae, MPB, jazz, ambient e música experimental em geral, contou com o bom gosto dos DJs brasileiros Schasco, Smurf, Soneca e Ekanta, além da criativa apresentação de Chico Correa & Pocket Band, entre muitos outros artistas.

Valorizando o conceito de psicodelia ao misturar estilos musicais, eletrônicos ou orgânicos, o Universo Paralello procurou fazer uma seleção variada. Mesmo com alguns atrasos e desfalques, o line up apresentou artistas competentes e talentosos.

Alok comenta: "o UP sempre traz artistas que estão na ponta da produção musical, muitos deles desconhecidos, o que é bom não só para o festival mas também pra toda a cena, porque nos ajuda a estar atualizados com os passos seguintes do psytrance. O U.P. não é um desfile de nomes de artistas famosos, nacionais ou internacionais. É um festival de arte e cultura alternativa.”

Para tornar este evento possível, houve um forte envolvimento da comunidade local do município de Ituberá, que atuou nos mais diversos serviços, como bares, caixas, limpeza e transporte. Havia também um grande número de seguranças circulando pelos campings, mas mesmo assim houve casos de roubo de barracas para os que não deixaram objetos de valor no guarda-volumes.

A todo o momento, era nítida a importância do festival para a cidade, pois, além de empregar pessoas, o evento atrai o interesse de turistas para a região. Bastava uma rápida conversa com qualquer um dos funcionários para perceber o entusiasmo em estar ali.

“A geração de empregos é um dos objetivos do evento e muitas de nossas estratégias vão nesta direção. Priorizamos sempre que possível a contratação de pessoas da região, e não nos arrependemos nem um minuto. É sempre um imenso prazer termos nossos parceiros de Ituberá, em seus vários níveis de atuação, colaborando com a realização do evento. É uma gente honesta, trabalhadora e com toda a certeza é uma das razões do sucesso do festival"¸ disse Alok.

Um dos ofícios que emprega muitos ituberaenses é a coleta e separação do lixo. Todos os resíduos produzidos no evento são separados e posteriormente vendidos e reciclados.
“Fazemos também o tratamento biológico de todos os dejetos humanos, trabalhando em parceria com quem cuida da gestão de resíduos tóxicos de grandes empresas do Brasil”.

Por todos estes motivos, o Universo Paralello já entrou para o circuito dos principais festivais alternativos do mundo, fato que se comprovou com a presença em massa de visitantes de diversos continentes. Pessoas da Rússia, Peru, Coréia e Holanda, entre outros países, vieram ao Brasil exclusivamente para prestigiar o U.P..

Alok atribui este fato ao sucesso da última edição do evento: "no ano passado causamos um grande impacto no público estrangeiro. A conjunção de um line up sério, um local paradisíaco à beira da praia, a receptividade da comunidade local e o nível de organização e infra-estrutura fez com que muitos levassem a notícia de forma bastante positiva e eles realmente se planejaram para vir ao Brasil neste ano”.

Aproximadamente 10 mil pessoas escolheram esta celebração psicodélica na paradisíaca Praia de Pratigi para comemorar a virada do ano. Com arte, boa música e resgate da essência trance, o Universo Paralello trouxe a esperança de uma virada também conceitual, necessária à cena.

Com Paulo Henrique Schneider (texto e fotos)