sexta-feira, dezembro 22, 2006

Viva vida - retrô 2006 - parte II

Os acontecimentos são tantos que resolvi partir em dois a postagem. E olha que estou selecionando o melhor/mais importante de cada mês, e estou deixando de citar muitos outros fatos!

Mas continuando...

- Julho: tive a feliz oportunidade de cobrir o Festival Fora do Tempo, que aconteceu no final do mês na Chapada das Mesas, em Carolina, sul do Maranhão. Confesso que o esforço foi grande para chegarmos lá, pois a viagem de van de Palmas até Carolina foi bem desconfortável. Mas valeu a pena. Cada segundo, cada centavo, valeu a pena assim que pus os olhos no céu do cerrado. Nunca vi nada tão incrível como o céu do Maranhão, nunca com tantas cores. Oportunidade única de conhecer mais a fundo a cultura e opiniões de jovens de Brasília, Alagoas, Goiás, Belém. Oportunidade de fazer amigos do outro lado do país. Um pouco da cobertura do Festival: fotos , matéria e entrevista.


- Agosto: a nossa amizade começou quando o PH foi viajar para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e conheceu uns meninos bem especiais. A partir daí, nossas turmas se fundiram, e em agosto deste ano completou-se um ano que nos conhecemos. O encontro destas pessoas foi bem interessante, pois no início tínhamos visões bem distorcidas de quem realmente cada um era, e com o tempo fomos criando uma amizade sólida com aqueles com os quais realmente nos identificamos. Para comemorar o primeiro ano de amizade, um encontro casual no sítio do Túlio. Acho que nunca tinha parado pra pensar o quanto jogar tranca a céu aberto num sítio com amigos pode ser especial.

- Setembro: neste mês de setembro, papai do céu levou pra perto de si o meu tio Natal. Eu já havia perdido a minha avó e o meu avô maternos, mas nunca tinha perdido alguém com quem eu convivesse tão constantemente. É incrível perceber que, assim como pessoas nascem, as outras morrem, e que isto é inevitável e dolorosamente incontrolável. Como é ruim não conseguir controlar o tempo... no caso de meu tio, a morte foi a melhor solução para seu sofrimento. E eu, vira e mexe, sinto a presença dele próximo a mim, antes de dormir.

- Outubro: fui contratada como free lancer para ser a redatora oficial do núcleo Psyde & Kaballah. Excelente acontecimento para quem estava completando um ano fazendo cobertura de festas rave! O núcleo acabava de inaugurar uma agência de djs, a Crash, e precisava de um(a) jornalista para desenvolver os releases dos artistas e os textos promocionais. Adorei a experiência, e principalmente a visibilidade que isto está me dando dentro da cena eletrônica brasileira.

- Novembro: completei neste novembro de 2006, quatro anos ao lado do PH. Se eu começasse a escrever aqui novamente tudo o que isso significa na minha vida, não pararia hoje. Por isso, fica o link para um post anterior.

- Dezembro: o mês ainda não acabou (está prestes a), mas um fato BEM desagradável marcou o mês e o ano. Pela primeira vez, fui assaltada. Três moleques, se aproveitaram que estava uma chuva torrencial e atacaram a garota, que andava assustada e rapidamente para trocar um presente de amigo secreto. Aquele celular, sabe? Aquele que eu paguei em dez parcelas! Certamente foi trocado por uma pedra de crack. Minha carteira, documentos, tudo. Me deixaram com o guarda-chuva na mão, toda encharcada, sozinha, no meio da Pompéia, onde eu nunca estivera antes. Nunca me senti tão indignada e injustiçada em toda a minha vida.

Mas é isso aí. O ano passou, a vida pra variar colocou algumas provações na minha frente, como se dissesse: "vamos ver como você se sai". Posso falar? Acho que me saí bem. Os bens materiais, recupero aos poucos. A documentação, já refiz. A mágoa, ok, ainda está aqui. Mas passa.

Hoje é o meu último dia de trabalho de 2006. Estou com uma sensação boa de missão cumprida, sabe?! Sinto que fiz tudo o que pude em nome dos meus objetivos e compromissos.

Na terça-feira, partimos novamente rumo a Pratigi, rumo a um universo diferente de tudo, um universo paralelo. E lá, ao lado de algumas das pessoas mais importantes pra mim, vou refazer as energias, entrevistar meio mundo, descansar, relaxar, e pensar em tudo o que me aconteceu neste ano, pra voltar renovada e animada para cumprir todas as missões que aparecerem e enfrentar todos os obstáculos. Que venha 2007!

Viva vida - retrô 2006 - parte I

Este ano foi de longe um dos melhores dos últimos tempos. Acho que a minha vida nunca passou por tantas modificações e novas experiências, tanto positivas quanto negativas.

É difícil elencar os fatos mais importantes, fazer uma retrospectiva dos melhores e piores fatos, então vou escrever um post com o primeiro semestre, e outro com o segundo, para não ficar cansativo:

- Janeiro: o meu ano começou na Praia de Pratigí (sul da Bahia), no festival Universo Paralello, também conhecido como paraíso ou "o-exato-lugar-onde-eu-gostaria-de-estar-neste-momento". Mágico, como o próprio dono do festival, o qual entrevistei meses depois, definiu. Mágico. Encantador. Uma semana de U.P., depois outra semana descansando em Barra Grande (foto).
Música, arte, cultura alternativa, praia, boa comida, boas companhias, cores, sol. Eu não poderia ter começado o ano de um jeito melhor.

- Fevereiro: como sempre, fugimos do agito do carnaval para nos refugiarmos em alguma praia afastada e sem luz. Pela terceira vez, a escolhida foi a Praia do Bonete, em Ilhabela, um dos lugares mais lindos que eu já conheci, e também o lugar de onde os borrachudos saem para o mundo. Os companheiros desta vez, além do PH, claro, foram a sempre amiga Camilinha e o grande amigo Kadu. Passamos o carnaval fazendo trilhas, vi uma cobra viva e várias mortas, vivemos fortes aventuras e também um dos carnavais mais engraçados dos últimos anos.

- Março: neste mês, começaram as minhas aulas de pós graduação em jornalismo cultural da Metodista. As primeiras matérias foram "Teorias da Arte Contemporânea" e "Sociedade e Cultura Contemporânea". É, foi apenas uma pequena amostra do que este curso viria representar pra mim. Um novo passo, um novo conteúdo, novos amigos e conhecimentos. Adoro.

- Abril: graças à minha amiga Helô, consegui o emprego que sempre quis. Neste mês, comecei a trabalhar como redatora na Neotix Interactive Media. Empresa jovem, procurava jornalista com vontade de crescer com a empresa e pique para reformular a comunicação empresarial. Jornalista jovem, procurava empresa que apostasse em suas habilidades para agarrar a oportunidade com todas as forças. Mais ou menos como juntar a fome com a vontade de comer.

- Maio: minha mãe comemorou seus 50 anos de forma histórica: fizemos uma grande festa de crepes, com direito à surpresas e homenagens - mais que merecidas. A festa foi linda e contou com convidados muito especiais.

- Junho: comecei a escrever paralelamente para o portal Webinsider, de tecnologia. Claro, porque agora estando numa empresa que faz sites, desenvolve ferramentas e soluções para internet, tinha a obrigação de saber mais sobre temas relacionados, e com isso passei a escrever artigos para o portal. Uma boa experiência, devo dizer. Apesar de, meses depois, ainda saber muito pouco sobre tecnologia. Aqui, alguns dos artigos que publiquei.

Continua...

Foto by PH Schneider, só pra variar.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

O dia em que meu ídolo me reconheceu na balada

Pixel na Tribe de Julho. Foto by PH Schneider

Na Tribe do dia 08 de julho, tive a oportunidade de (tentar) entrevistar o israelense Eli, responsável pelo projeto Pixel, referência mundial em trance psicodélico. Ele tinha acabado de tocar na festa e, pela primeira vez, eu havia me emocionado ao escutar uma música de psytrance ao vivo.

A música era "Face it", uma versão que ele fez versus o Gabe (Wrecked Machines), que por uma série de motivos virou a trilha sonora de uma importante fase da minha vida. Bom, ele tocou, eu me emocionei, e lá estava eu poucos minutos depois, com gravador em punho - e tremendo um pouco - para falar com o Eli.

Confesso que a decepção foi grande. Eu lá, superempolgada, desenvolvendo perguntas profundas e carregadas de emoção, e ele, monossilábico. A conversa começou mais ou menos assim:

- Eli, no que você pensa quando está produzindo?
- (Silêncio)
- Você imagina a pista de dança, o público, a energia?
- Claro!
- E o que você acha sobre as parcerias, como forma de aprimorar ainda mais os projetos?
- Acho ótimo!

E por aí foi, ou melhor, não foi. Ao escutar a fita, constatei que simplesmente não seria possível colocar no ar uma exclusiva com o Eli. O papo se transformou em um grande monte de informações vagas, sem nenhum conteúdo nem nada de interessante. Cheguei a pensar que ele havia feito isso só de birra, porque não gosta de imprensa, sei lá.

Massss.... como o mundo dá voltas, ontem finalmente tive a oportunidade de mudar minha opinião sobre o Eli, ou então recuperar a tietagem e o interesse pelo trabalho desse cara.

Estávamos na D-Edge, vendo um dos grandes nomes do house mundial discotecar com maestria: o alemão D-Nox. A casa, como sempre, estava ótima, não muito cheia, com sua decoração de luzes coloridas que já ganhou até prêmio de melhor decoração de club da América Latina.

Dançávamos bem próximos ao palco, o D-Nox como sempre dando aula de house progressivo, quando comecei a avistar alguns dos principais artistas de psytrance do mundo. Como a Tribe 6 anos vai ser no próximo sábado (16/12), todos os djs do line-up já se encontravam no Brasil ontem, e resolveram dar o ar de sua graça na baladinha da Barra Funda.

O Pixel foi o primeiro que vi, parado, também próximo ao palco. Passava despercebido entre as pessoas que dançavam, ainda mais porque estava escuro, mas eu não tinha como não reconhecê-lo. Ele deu uma 0lhadinha para mim e para o PH, acenou, sorriu, e eu fiquei contente em pensar que ele talvez tivesse lembrado de nós, da entrevista.

Pouco tempo depois, encontramos toda a patota que iria tocar na Tribe: Black & White (um dos dois hehe), Tristan, Edoardo, DUVDEV do Infected Mushroom (com o qual inclusive tiramos uma foto histórica), Du Serena, Marcelo V.O.R. (que não vai tocar mas resolveu ir aproveitar a baladinha), enfim, só a "nata", rs.

Estávamos eu e PH passando, quando senti uma mão me puxando: era o Eli!! ele abriu um sorriso e disse, em seu inglês de israelense: "I remember you! You did an interview with me!"

Óxente. Minha perna ficou até mole.

Ele me reconheceu!! Conversamos sobre a Tribe, viagens, Universo Paralello... eu percebi que ele não havia respondido à minha entrevista daquele jeito por birra. O cara fala "pra dentro" mesmo! ele é tímido, recatado, o famoso "homem de poucas palavras". Percebi que ele realmente havia gostado de conversar comigo naquela festa - mesmo que eu tenha entendido pouca coisa -, e me senti lisonjeada por ter sido reconhecida por um dos meus maiores ídolos do psytrance.

Tem coisas que só o seu ídolo pode fazer por você.

terça-feira, dezembro 12, 2006

José Arcadio Buendía e sua trupe

Terminei essa semana de ler "Cem anos de solidão", do colombiano Gabriel García Márquez. É um clássico, e considerado por muitos entre as principais obras-primas da literatura. E, graças à minha amiga Camilinha, consegui ler.

Primeiro, o detalhe: o livro havia sido comprado em um sebo. Com as páginas amareladas, a capa e a contra-capa soltando, o livro já trazia consigo uma carga de emoção. Emoção de todas as pessoas pelas quais o livro passou, inclusive a minha amiga.

Nunca tinha lido nada do Gabo (como é chamado por seus amigos) - sei que isso pode parecer uma vergonha para uma jornalista interessada em cultura, mas é a pura verdade - e me encantei com seu modo hipnotizante de escrever.

Durante viagens e viagens de ônibus, García Márquez me acompanhou, contando a história de José Arcadio Buendía e sua família. O homem, com alguns amigos e sua esposa Úrsula, fundou o povoado de Macondo, onde as leis e regras eram sustentadas pelo caráter dos moradores.

Com uma série de filhos, netos, bisnetos e tataranetos, todos com suas particularidades e exotismos, a história da família é contada durante cem anos, de forma brilhante. O autor utiliza descrições impecáveis das personagens e do povoado, fazendo com que o leitor se aprofunde na história e queira saber cada vez mais.

É um romance cercado de desgraças, pra falar bem a verdade. Muitas mortes, guerras, traições, relacionamentos conturbados... tipo um "Almodóvar da literatura". Só que um pouco menos escrachado e mais romântico.

Mas mesmo sendo tão sensível como sou, não consegui ficar triste diante dos acontecimentos contados. Não é o tipo do livro - pelo menos no meu caso - que faz chorar. Mas sim pensar. Com pitadas de muita beleza.*

E é isso que faz de "Cem anos" um livro tão instigante. Fundamental para entendermos melhor as relações humanas e analisar profundamente certos tipos de comportamento. Sensacional para pensarmos em como as coisas pequenas fizeram aquele povoado feliz, até que a civilização estragou tudo com as grandiosidades modernas.

A leitura é deliciosa, vale a pena. Obrigada, Camilinha. Obrigada, García Márquez. E até a próxima, com certeza.

* Sempre tento fugir das metáforas gastronômicas. Mas tá difícil!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem.

Ganhei da minha tia um cd do Teatro Mágico, "Entrada para raros". Eu já tinha ouvido falar muito neste grupo, inclusive todas as pessoas que conversaram comigo até hoje sobre o T.M. disseram a mesma coisa:

- É a sua cara, você vai amar.

Inclusive a tia Maria, quando me deu o cd. Eu achei o máximo, já que realmente estava curiosa para conhecer o grupo que, junto às suas apresentações musicais, faz também performances teatrais. Não podia ter vindo em melhor hora.
O álbum é simplesmente P-E-R-F-E-I-T-O!!!

Sedenta por coisas novas, devorei o cd, faixa por faixa, e agora ele tem sido a trilha sonora de todas as minhas tardes... realmente, é a minha cara.

Fernando Anitelli, o vocalista do grupo, e também responsável pela maioria das letras, tem uma voz bem agradável, gostosa de ouvir... os instrumentos são os mais diversos, com destaque para um violino lindo, principalmente na instrumental "22-11". A percussão é bem marcada, naipe Cordel do Fogo Encantado - daquelas que dá vontade de bater o pé no chão, muito mais do que qualquer psytrance.

Mas o que mais me encantou no Teatro Mágico foram as letras... uma poesia limpa, profunda, que faz refletir... um pouco do que mais gostei por enquanto:

Toda cura pertence a nós, toda resposta e dúvida
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
(Sintaxe à vontade, Fernando Anitelli)

Como arroz e feijão, é feita de grão em grão
Nossa felicidade
Como arroz e feijão
A perfeita combinação
Soma de duas metades
Como feijão e arroz que só se encontram depois de abandonar a embalagem
Mas como entender que os dois
Por serem feijão e arroz
Se encontram só de passagem
(Pratododia, Danilo Souza)
Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem
(Realejo, Fernando Anitelli e Danilo Souza)
Mas quando alguém te disser ta errado ou errada
Que não vai S na cebola e não vai S em feliz
Que o X pode ter som de Z e o CH pode ter som de X
Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz
(Zazulejo, Fernando Antonelli)
Apaixonante, não?
Acho que este é o primeiro álbum do T.M., porque no site deles eu não achei nada sobre outros álbuns. De qualquer forma, já virei fã. Ah! eles têm um blog também! Se eu soubesse como adicionar links aí do lado juro que colocava! Afinal, o que não falta é divulgação de música ruim! Quando achamos algo de qualidade, vale a pena espalhar aos quatro ventos!!! :D